Plantação de brócolis da Grano: empresa aposta na exportação de congelados em 2025, com início pelos Estados Unidos (Grano/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 06h00.
As enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024 atingiram um vegetal que é presença constante nos congeladores e essencial para a Grano Alimentos, líder em vegetais congelados no Brasil: o brócolis.
A empresa registrou uma perda de 12 milhões de reais em estoques e cerca de 5 milhões de mudas de brócolis. Para reduzir os impactos das enchentes, a companhia conseguiu um aporte de 24 milhões de reais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O recurso, parte do Programa BNDES Emergencial para o Rio Grande do Sul, chega em um momento crucial para ajudar a restaurar as operações da empresa em Esteio, uma das cidades mais afetadas pelas chuvas.
“Essas ações foram essenciais para ajudar as empresas afetadas pelas enchentes a se reerguerem e garantirem a continuidade de suas operações”, diz João Paulo Pieroni, superintendente da área de Desenvolvimento Produtivo e Inovação do BNDES.
Além das perdas em estoque, a Grano sofreu prejuízos no campo estimados em 4 milhões de reais, o que afetou diretamente os agricultores familiares que integram sua cadeia produtiva.
O ciclo do brócolis, essencial para o portfólio da Grano, exige planejamento antecipado. Para garantir o fornecimento em 2025, a empresa intensificou a venda de mudas no segundo semestre de 2024.
“Tivemos de criar um plano de recuperação para os produtores, prorrogando os pagamentos de títulos relacionados às mudas que fornecemos. Operamos em um sistema integrado: compramos as mudas, vendemos para os agricultores familiares, e eles fazem o cultivo”, explica Wilrobson Bassiano, CFO da Grano. “Mas, com a enchente, muitos perderam tudo o que tinham plantado.”
A falta de capital de giro dos agricultores dificultou a recuperação sem suporte financeiro. “Como perdemos o estoque, tivemos de agir a toque de caixa para repor tudo”, afirma. O dinheiro, conta, vai ajudar tanto no capital de giro quanto na recuperação dos agricultores e no reabastecimento das operações.
Apesar dos desafios de 2024, a Grano está otimista em relação a 2025. A companhia aposta na internacionalização e já iniciou negociações com varejistas dos Estados Unidos, país que representa 30% do consumo global de vegetais congelados.
A empresa recebeu uma primeira sinalização positiva do mercado americano e agora caminha para concretizar ainda em janeiro um acordo de venda.
No mercado doméstico, a Grano também está focada na retomada do food service, o setor de restaurantes e lanchonetes, que ainda não se recuperou totalmente desde a pandemia.
“Estamos estruturando e investindo na área comercial para acompanhar e impulsionar esse crescimento. Acreditamos que 2025 será o ano da retomada para esse canal”, diz o CFO.