Revista Exame

O ano do Blu-ray

Os preços do sucessor do DVD começaram a despencar - pela primeira vez, já é possível comprar um aparelho por menos de 1 000 reais

Venda de Blu-ray em São Paulo: alta definição

Venda de Blu-ray em São Paulo: alta definição

DR

Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2012 às 19h11.

A evolução do preço de um aparelho que traz tecnologias revolucionárias costuma se dividir em três fases. Na primeira, o preço é tão alto que o produto acaba restrito aos mais fanáticos - desde que, claro, haja uma boa quantidade de dinheiro bancando esse fanatismo todo.

Na segunda fase, a maior concorrência entre os fabricantes e o barateamento da tecnologia de produção começam a empurrar os preços para baixo, e a base de consumidores potenciais aumenta.

Finalmente, chega-se à terceira fase, aquela em que a queda é tão vertiginosa que o consumidor resiste a comprar, esperando que o preço caia ainda mais. Foi assim, em exemplos recentes, com os televisores com tela de plasma ou LCD. E eis aqui uma boa notícia: os aparelhos de Blu-ray, sucessores do DVD e ideais para exibição de filmes em alta definição, estão começando a entrar na terceira fase - os preços estão desabando.

O maior chamariz da tecnologia era sua capacidade de armazenamento, até dez vezes superior à do DVD - o que tornou possível, pela primeira vez, o lançamento de discos contendo filmes inteiros em alta definição. Com esse preço, porém, eram poucos os que se aventuravam.
 
O cenário começou a mudar no ano passado, quando o Blu-ray da Sony venceu o HD-DVD da Toshiba na batalha pela supremacia no mercado de vídeos de alta definição. O número de títulos à venda começou a crescer, e os preços, a cair. Nos Estados Unidos, onde um tocador de Blu-ray custa 200 dólares, as vendas subiram mais de 400% no ano passado. Por aqui, porém, o preço médio dos aparelhos ainda superava os 2 000 reais.

 


A situação no Brasil começou a mudar graças à agressiva estratégia de uma empresa sem a menor tradição no segmento. A Tectoy, conhecida por fabricar aparelhos de videogame na década de 90, começou a produzir tocadores de Blu-ray e a vendê-los por um patamar de preço muito inferior ao dos concorrentes estrangeiros.

O passo mais ousado nessa estratégia foi o lançamento do primeiro aparelho vendido por menos de 1 000 reais, em abril. Hoje, o aparelho mais barato da Tectoy custa 899 reais. Enquanto todas as outras fabricantes importam seus aparelhos, a Tectoy consegue ter custos menores com sua produção local. Isso obrigou a concorrência a se mexer.

A Samsung decidiu seguir a Tectoy e, com isso, baixou o preço de seu aparelho mais simples, de 1 699 reais, em dezembro, para 1 299 reais, hoje. Panasonic e LG preveem para o segundo semestre o início da produção local de seus aparelhos. "Esse é um divisor de águas", diz Raquel Martins, gerente de produtos de áudio e vídeo da LG.

Curiosamente, também foi a entrada em cena de um fabricante brasileiro que mudou o patamar de preços dos DVDs. Em 2000, quando a Gradiente lançou um aparelho de DVD por 699 reais, o preço médio dos concorrentes era 30% maior.

Mas vale a pena gastar cerca de 1 000 reais na compra de um aparelho de Blu-ray quando um tocador de DVD custa menos de 100 reais? A resposta a essa pergunta depende, basicamente, do modelo de televisor de cada um. A grande diferença entre o Blu-ray e o DVD é a qualidade da imagem.

Enquanto a resolução de um DVD é de 720x480 pixels, a do Blu-ray é de 1 920x1 080 pixels, ou seja, seis vezes maior. O problema, aqui, é que essa diferença é pouco percebida em TVs com tubo de imagem ou mesmo nos modelos mais simples de plasma ou LCD.

De acordo com os especialistas, o par perfeito do Blu-ray é a TV Full HD, de alta definição - é apenas com ela que o consumidor perceberá as vantagens da nova tecnologia. "Hoje, os modelos de alta definição correspondem a 80% de nossas vendas de TV", diz Benjamin Dubost, diretor comercial da varejista Fnac.


"Isso está ajudando a impulsionar o Blu-ray, que já representa 6% do total de aparelhos de vídeo vendidos." Com isso, aumentou também a oferta de títulos para Blu-ray no Brasil. Na Fnac, em 12 meses, o número cresceu de cerca de 150 para 800, com preços também em queda. Em 2007, o preço médio dos discos era 139 reais. Hoje, já há discos vendidos por 59 reais.

Com o aumento nas vendas de TV de alta definição e a percepção de que o Blu-ray está se tornando uma tecnologia mais acessível, os fabricantes preveem, para os próximos meses, uma queda contínua nos preços. "Todos vão chegar ao número mágico de 1 000 reais até o fim do ano", diz Raquel, da LG. "As vendas vão estourar no Natal."

O principal fator de barateamento da tecnologia, no entanto, continuará sendo a onda de promoções prometida pela brasileira Tectoy. A fabricante estima que seus aparelhos custarão 699 reais no Natal de 2009. "Em 2010, o preço vai chegar a 499 reais", diz Fernando Fischer, presidente da Tectoy. A concorrência, felizmente, terá de correr atrás.

Acompanhe tudo sobre:Blu-rayEmpresasEmpresas coreanasEmpresas japonesasempresas-de-tecnologiaFilmesIndústria eletroeletrônicaLGSony

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda