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As 5 principais tendências do mercado de decoração em 2021

Móveis de segunda mão, eletrodomésticos inteligentes e vibe de hotel são tendências de decoração nascidas na pandemia

Biofilia e painéis divisórios: conexão (Divulgação/Divulgação)

Biofilia e painéis divisórios: conexão (Divulgação/Divulgação)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 05h10.

O ano de 2020 foi marcado por inúmeras mudanças de estilo de vida impostas pela pandemia e pelo isolamento social. O ambiente doméstico foi um dos mais afetados, o que obrigou moradores a encontrar maneiras de vivenciar melhor suas casas. “Se antes o tempo era o maior luxo, agora o que mais desejamos é espaço”, afirma Sabina Deweik, caçadora de tendências na empresa Sabina Deweik Think Forward. Conheça as principais tendências do mercado de decoração. 


1. Natureza próxima

Durante os meses de isolamento social, o arquiteto e designer paulista Guto Requena comandou a reforma de seu novo apartamento com o intuito de ampliar espaços e cercar-se de verde. “Instalei um sistema tecnológico para regar as plantas. Minha casa terá composteira, será mais flexível e regida pelos preceitos da sustentabilidade”, diz. Requena é adepto do design biofílico — conceito que promove a conexão do homem com o ambiente natural — e tem aplicado seus princípios em projetos residenciais e corporativos. “Essa demanda deverá crescer ainda mais.” 

O desejo de sentir a natureza mais próxima se intensificou na pandemia e valorizou a qualidade do morar. Muitas pessoas se mudaram dos grandes centros para cidades menores, e as que permaneceram procuraram promover ambientes mais harmoniosos em suas casas. Além de jardins verticais e vasos de plantas, outros elementos, como madeira, pedra, fibra, luz natural e ventilação cruzada, ganharam protagonismo, numa tendência conhecida como ­urban jungle.

Para a presidente da Associação Brasileira de Design de Interiores (ABD), Silvana Carminatti, os arquitetos e designers brasileiros têm se voltado cada vez mais para soluções que integram o exterior ao interior. “Nosso profissional projeta pensando na janela e no que será mostrado através dela”, diz. Cresceu também o interesse por hortas domésticas. Com mais gente cozinhando em casa, a saúde virou prioridade. Há incorporadoras, aliás, que já preveem hortas comunitárias nos novos empreendimentos.


2. A era do upcycling 

Os três Rs da sustentabilidade — reduzir, reciclar e reaproveitar — nunca estiveram tão presentes em nossa vida. “Esse período nos fez perceber que não precisamos de tantas coisas para ser felizes. A casa prática dá menos trabalho e nos acolhe melhor. O minimalismo aparece como meio de vida”, diz Andrea Bisker, CEO da Spark:off, consultoria especializada em inovação. 

Segundo Bisker, as pessoas estão preocupadas em gerar menos lixo e transformá-lo. “Cada vez mais residências estão adotando composteiras. Na Holanda, a indústria da construção começou a se movimentar para transformar os resíduos sólidos em matéria-prima para aproveitamento posterior”, afirma. A mudança de comportamento pode ser notada na valorização da prática do do it yourself e no mercado de móveis de segunda mão, que viu as vendas aumentar. “O upcycling, que prega a reutilização criativa, o vintage e os materiais reciclados ganharam força”, diz Sabina Deweik.

Banheiro com jardim vertical: natureza em casa (Divulgação/Divulgação)


3. Inteligência doméstica

A nova realidade do trabalho e das aulas remotas exigiu avanços no uso da tecnologia. Recente relatório da consultoria WGSN indicou que estamos mais abertos a interagir com os sistemas de automação residencial. “Incorporamos os assistentes de voz nas atividades domésticas. Aspiradores independentes e geladeiras já avisam se está faltando algo”, afirma Luiza Loyola, especialista da empresa. Os robôs estão sendo usados até para combater ansiedade e solidão. “Alguns têm formato de gente ou de cachorro e não requerem compromisso no longo prazo.” Assistentes de voz têm outra vantagem em tempos de contaminação: não exigem o toque nos objetos.


4. Multifuncionalidade

Em sua seleção de tendências para 2021, a WGSN revela que a mobília flexível conquista atenção. É o caso dos sofás “desconstruídos”, que podem servir a dois ambientes, agregar pufes, virar cama e dispor de motor para criar diferentes propostas. “Para os grupos mais jovens, o sofá entra na brincadeira do playground”, considera Luiza Loyola. Por outro lado, as divisórias entram em cena no design de interiores. Em tempos de home office e home schooling, a privacidade precisou ser considerada em ambientes que privilegiam a integração. “Em vez de paredes, painéis ou biombos proporcionam a separação visual e muitas vezes dispõem até de isolamento acústico.


5. Vibe de hotel 

Sem a possibilidade de viajar por causa da pandemia, muita gente decidiu transformar seu lar em refúgio de bem-estar. Itens valorizados em hotéis cinco estrelas, como lençóis de algodão de inúmeros fios, toalhas grandes e felpudas, iluminação indireta e mesas de refeições bem compostas, vêm sendo incorporados à rotina doméstica. “Isso reflete um desejo de escapismo, mas também é um reconhecimento de que a casa é nosso templo de luxo”, afirma Sabina Deweik. Segundo ela, o brasileiro também tem usado mais cor nos ambientes como fonte de otimismo e positividade. “Uma casa bem cuidada traz qualidade de vida.”  

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