Revista Exame

Alinhamento de interesses

A nova leva de clubes privados no Brasil quer aproximar pessoas que partilham do mesmo estilo de vida

Soho House: 32 quartos com interiores decorados com móveis e objetos produzidos por artistas brasileiros (Soho House/Divulgação)

Soho House: 32 quartos com interiores decorados com móveis e objetos produzidos por artistas brasileiros (Soho House/Divulgação)

Daniel Salles
Daniel Salles

Repórter

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 06h00.

Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 12h20.

Uma viagem por Módena, na Itália, na companhia dos chefs Alex Atala e Massimo Bottura. Eis uma das últimas experiências desenhadas para os membros do Resid, novo clube privado que tem o propósito de agrupar pessoas com interesses em comum. CEO e um dos fundadores da novidade, Paulo Henrique Barbosa afirma que a meta é reunir “pessoas agregadoras” e “que sejam vistas como referências em suas áreas de atuação”. “Não é um clube excludente”, sustenta ele. O nadador paralímpico Daniel Dias é o único membro cuja identidade foi revelada.

Serão, no máximo, 2.500 associados. Os primeiros 250 estão sendo selecionados com base em indicações feitas por eles mesmos. Os demais terão de se submeter a um processo de seleção — quem não se enquadra no perfil desejado, por mais dinheiro que tenha, ficará de fora, jura Barbosa. A taxa de adesão é de 360.000 reais e ainda há 15.000 reais de anuidade, que dá direito a um crédito anual de 90.000 reais, disponibilizados no aplicativo do Resid, que só podem ser gastos no ecossistema do clube.

Abrange três frentes de negócios. Uma delas é formada pelos hotéis que o grupo pretende tirar do papel — nos quais só os associados poderão pôr os pés. O primeiro é o Nas Rocas, na Ilha Rasa, em Búzios, que estava fechado havia quase 20 anos. Nas mãos do Resid, o local está passando por uma reforma que deverá chegar a 200 milhões de reais. O término das obras dos primeiros 22 bangalôs e da área comum está prometido para dezembro. Fernando de Noronha, Paraty, Foz do Iguaçu e Pantanal são alguns dos destinos cotados para as demais unidades.

Resid: os 2.500 associados terão acesso a hotéis e experiências (Resid/Divulgação)

Outra frente é o Resid Exclusive Selection. Consiste em uma lista de hotéis parceiros — caso do Fasano Trancoso, na Bahia — nos quais os membros do clube podem se hospedar com condições exclusivas. E há as experiências que visam fidelizar o público-alvo. Atala é o anfitrião de várias delas porque também está por trás do negócio. O Resid é fruto de um investimento inicial de 37 milhões de reais, amealhados numa rodada de captação liderada pela gestora Urca Capital Partners.

Difícil comparar um clube do tipo com agremiações tradicionais, como a Hebraica, criada pela comunidade judaica paulistana em 1953. O intuito do Resid e de similares, como a Soho House, afinal, é aproximar pessoas que partilham do mesmo estilo de vida — não é exatamente o propósito do Esporte Clube Pinheiros, por exemplo, criado em 1942.

Apresentada como um clube para criativos, a Soho House foi fundada pelo inglês Nick Jones em 1995. Soma 43 propriedades, a maioria delas no Reino Unido e nos Estados Unidos. Pela ótica dos administradores, elas servem para os associados trabalharem, socializarem, se conectarem, criarem e prosperarem. O livre acesso a todas custa 20.650 reais por ano, e a anuidade de uma única propriedade custa 8.150 reais — os interessados também precisam se submeter a um processo de seleção.

Soho São Paulo: unidade paulistana terá 32 quartos até 2025 (Soho São Paulo/Divulgação)

Inaugurada parcialmente em junho, a unidade paulistana terá 32 quartos, academia, spa e rooftop com piscina e bar, além de restaurantes e bares. Fica dentro da Cidade Matarazzo, o complexo do qual o hotel Rosewood São Paulo faz parte, e deverá ficar inteiramente pronta em 2025.

E há outros clubes, tão ou mais exclusivos, no horizonte. Nos arredores da Ponte Estaiada, na capital paulista, a JHSF está criando o São Paulo Surf Club. O principal chamariz é a piscina com 220 metros de extensão e ondas artificiais que duram até 22 segundos. O título chega a 900.000 reais, e a anuidade gira em torno de 25.000 reais. Em Santo Amaro, o Beyond também terá uma piscina voltada para a prática de surfe — promete até reproduzir o barulho do mar. O título familiar custará 780.000 reais, e o fim das obras está previsto para o primeiro semestre de 2025.    

Acompanhe tudo sobre:Guia de Estilo 2024

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda