Bruno Marques, presidente do Grupo Cataratas: 20 milhões de reais investidos na conservação do meio ambiente em 2018 (André Valentim/Exame)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2019 às 05h16.
Última atualização em 7 de novembro de 2019 às 10h06.
Desde os anos 80, uma espécie de ave havia praticamente sumido da natureza brasileira. Ela deixou de ser vista nos três estados em que vivia: Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. É a jacutinga, ave de grande porte com uma peculiar mancha branca na asa. Com a caça predatória e a destruição de seu hábitat, a Mata Atlântica, ela passou a integrar a lista dos animais ameaçados de extinção. No fim do ano passado, um alento: o nascimento de duas jacutingas.
Isso só foi possível com a incubação artificial realizada no Zoológico do Rio de Janeiro, administrado pelo Grupo Cataratas, que atua na gestão de serviços para o ecoturismo. No ano passado, a empresa investiu 20 milhões de reais em iniciativas de apoio à conservação do meio ambiente. “Temos 54 projetos em andamento, muitos deles dedicados à biotecnologia, o que permite a recuperação de espécies praticamente extintas”, diz Bruno Marques, presidente do Grupo Cataratas.
Em junho deste ano, a empresa divulgou uma nova conquista: a reprodução em cativeiro da raia-borboleta, outra espécie em risco de extinção. O feito aconteceu no AquaRio, o aquário do Rio de Janeiro, também administrado pelo Cataratas. Os filhotes estão com 10 meses de vida e sendo preparados para que possam ser introduzidos na natureza. No Parque Nacional da Tijuca, o trabalho de reinserção já está na quarta geração de animais nativos.
Recentemente, 14 cutias foram soltas na floresta, dentro do Projeto Refauna, uma parceria com duas universidades do Rio de Janeiro e com o ICMBio, órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. “Essa dinâmica é possível por causa do turismo. O dinheiro dessa atividade financia os projetos, que podem ser acompanhados com facilidade pelo público”, diz Marques. O Cataratas criou recentemente um site para reunir as pesquisas científicas, com uma linguagem de fácil entendimento. O objetivo é incentivar as pessoas a conhecer as atrações turísticas.
Apesar dos avanços, faltam no Brasil políticas públicas que facilitem a reintrodução dos animais na natureza. “Não há regras claras sobre como fazer esse trabalho, o que desestimula o financiamento privado”, afirma Fernando Henrique de Sousa, diretor de sustentabilidade do Grupo Cataratas.
Em sua visão, o momento é propício para essa discussão, já que a ONU declarou que a próxima década será dedicada à restauração de ecossistemas degradados ou destruídos. O anúncio, feito em março deste ano, visa intensificar as ações para combater os efeitos da mudança climática, proteger a biodiversidade e melhorar a segurança alimentar.