Revista Exame

Admirável mundo novo: será o fim da unanimidade de vinhos franceses nas adegas?

Com novas safras do Don Melchor, a Concha y Toro quer valorizar o Chile como produtor e ocupar o espaço de rótulos franceses

Vinhedo do Don Melchor, no Chile: vinhos com boa pontuação no índice James Suckling e preço de 1.349 reais na safra de 2019 (Divulgação/Divulgação)

Vinhedo do Don Melchor, no Chile: vinhos com boa pontuação no índice James Suckling e preço de 1.349 reais na safra de 2019 (Divulgação/Divulgação)

GA

Gabriel Aguiar

Publicado em 18 de agosto de 2022 às 06h00.

Não é fácil dispensar rótulos como Château de Beaucastel ou bons Vosne-Romanée. Mas, no que depender de Isabel Guilisasti, vice-presidente de marketing da Concha y Toro, os vinhos franceses já não serão unanimidade nas adegas — e quem tomará parte desse espaço serão os chilenos.

É o caso do Don Melchor 2018, que recebeu nota máxima no índice James Suckling, criado pelo antigo crítico da revista americana Wine Spectator e considerado uma das principais referências do mercado.

“É verdade que o Chile consegue produzir vinhos extraordinários: temos solo diverso e maravilhoso, boa geografia e bom clima, além de variedades impressionantes. Mas, em países do velho mundo, é praticamente impossível uma marca entrar como um país produtor do novo mundo. Por isso, parte da nossa estratégia é primeiro criar esse posicionamento para o Chile como país nos mercados tradicionais”, afirma a executiva, que também é herdeira da vinícola, em entrevista à Casual EXAME durante evento de lançamento de rótulos premium em São Paulo.

Conheça a newsletter da EXAME Casual, uma seleção de conteúdos pra você aproveitar seu tempo livre com qualidade.

Ainda que esse processo de “premiunização” da região tenha começado há relativamente pouco tempo, existem representantes chilenos de peso no atual cenário, como o Clos Apalta, da Lapostolle, reconhecido como melhor vinho do mundo pela Wine Spectator em 2008.

Já a Concha y Toro tem o já citado Don Melchor como principal vitrine, que parte de 1.349 reais na safra 2019, mas também criou novas opções para categorias de topo, como o Marques de Casa Concha Heritage, a 600 reais.

“Há cinco anos decidimos mudar nossa estratégia como empresa. Antes disso, tínhamos muitas marcas para diferentes segmentos e focadas na disputa pelo preço. Desde 2017 miramos as categorias premium, e isso não significa que abandonaremos os segmentos de entrada, porque temos volume. Mas indica o nosso foco para investimento nos mercados e até quais marcas trabalharemos. Essa é uma tendência porque o consumidor mudou e está consumindo vinhos de mais alto valor.”

Para quem ainda duvida do potencial do Chile diante de produtores tradicionais, a executiva afirma que o país é considerado um dos melhores retornos de investimento do novo mundo, segundo estudos elaborados junto com os négociants da Place Bordeaux, na França, o que representa aumento de reconhecimento e de demanda.

“É indiscutível a qualidade do vinho chileno. Se França e Itália já são mercados consolidados, é interessante ver como os emergentes vêm se destacando”, diz Guilisasti.  

LEIA TAMBÉM:

Brad Pitt e Angelina Jolie produzem vinho próprio

Como se faz um vinho de 100 pontos (e que custa 1000 reais a garrafa)

Acompanhe tudo sobre:Bebidasbebidas-alcoolicasChileFrançaVinhosVinícola Salton

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda