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Sete Perguntas | A transição para o carro elétrico

Para Antonio Filosa, presidente da FCA na América Latina, o etanol será primordial no Brasil até que carros tenham motor elétrico

Antonio Filosa, da FCA: “Vamos ampliar o papel tecnológico do Brasil” | Keiny Andrade/Folhapress /  (Keiny Andrade/Folhapress)

Antonio Filosa, da FCA: “Vamos ampliar o papel tecnológico do Brasil” | Keiny Andrade/Folhapress / (Keiny Andrade/Folhapress)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 12 de março de 2020 às 05h00.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 15h36.

Na indústria automotiva global, só se fala em veículo elétrico. No entanto, deve levar um bom tempo para esses automóveis se tornarem acessíveis. No Brasil, o etanol deve ter um papel de destaque na transição para o elétrico.

A avaliação é do italiano Antonio Filosa, presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) na América Latina, empresa que trará seu primeiro elétrico ao Brasil no fim do ano, o Fiat 500e. A FCA é líder em vendas no país com as marcas Fiat e Jeep. Para ele, os elétricos ainda devem conviver, por um tempo, com o etanol no Brasil.

Quando os veículos elétricos terão preços mais acessíveis?

Como nos demais mercados, a demanda por carros elétricos vai crescer no Brasil. Não tenho dúvida. Mas a velocidade com que isso vai ocorrer é a grande questão.

No início, a FCA vai importar veículos, como todas as outras empresas. Depois de estudar a resposta do mercado e a possibilidade de viabilizar tecnologias mais baratas e competitivas, deveremos ter uma oferta maior. Até lá, o etanol será de suma importância.

Ele será importante na transição para motores mais limpos?

Sim. O Brasil vai seguir as demais regiões na eletrificação, mas será protagonista no etanol. O veículo elétrico não vai chegar amanhã nem nos próximos cinco anos em larga escala. Vai haver uma curva de crescimento em que o motor a combustão terá participação menor. Nesse cenário, o etanol continua­rá sendo de extrema importância, inclusive nessa transição.

Por quê?

A cadeia de produção do etanol torna o combustível altamente eficiente do ponto de vista das emissões de gás carbônico. Além disso, o setor sucroenergético está focado em produzir combustíveis mais eficientes e já tem uma oferta estável e previsível.

Quais são os desafios da FCA depois da fusão com a PSA Peugeot Citroën, anunciada em dezembro?

Todo processo de fusão e aquisição tem suas particularidades, mas existem áreas comuns no setor automotivo para sinergias, como a engenharia, o desenvolvimento de produtos e, claro, a eletrificação, que é obviamente um tema para se tratar de forma conjunta o mais rapidamente possível. Isso tudo faz parte de um estudo que está sendo realizado e deve terminar neste ano.

Qual é o papel do Brasil na estratégia da FCA no mundo?

Entre as quatro regiões da FCA, a América Latina apresenta o segundo maior faturamento do grupo. Parte importante dos planos estratégicos está sendo desenvolvida no Brasil. Por isso, o país vai receber um investimento expressivo, de 16 bilhões de reais, no período de 2018 a 2024. Vamos ampliar o papel tecnológico do Brasil na indústria automotiva.

No Brasil, a Fiat é forte em compactos; e a Jeep, em utilitários esportivos (SUVs). Como posicionar o grupo?

Temos um bom equilíbrio entre as marcas, que pode ser melhorado. Jeep é sinônimo de SUV. Para a Fiat, que é forte em carros de passeio e picapes, falta um SUV próprio, mas não pode ser uma cópia da Jeep. É preciso respeitar os valores e o DNA da marca e manter uma oferta democrática.

A política econômica do governo tem ajudado?

A agenda econômica do governo é interessante. Como indústria, nos atrai a proposta de abertura gradual do mercado. Paralelamente, o Brasil precisa ganhar competitividade para se integrar ao mercado global e não atuar somente no plano doméstico. A agenda passa pelas reformas que estão sendo trabalhadas, por isso somos otimistas e continuamos investindo.

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