Celular como forma de pagamento: quase um terço de todas as transações no Brasil já é digital (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2018 às 04h22.
Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 10h11.
Não é exatamente uma novidade que nossa vida engloba cada vez mais uma dimensão digital. Mesmo sabendo disso, porém, é difícil não se impressionar com os números. Começa pelo tempo. Os brasileiros gastam cerca de 200 minutos por dia, em média, em aplicativos ligados à internet, segundo um estudo feito no início do ano pela empresa americana App Annie, especializada em analisar dados do mercado de aplicativos.
Normalmente, onde se gasta tempo se gasta também dinheiro. O comércio eletrônico no Brasil atingiu a soma de 48 bilhões de reais em 2017, de acordo com o instituto de pesquisa Ebit/Nielsen. A expectativa é que feche este ano com vendas de 53 bilhões de reais, uma alta de 12%. As transações digitais caminham para superar as do mundo físico: há uma década, elas representavam apenas 18% do total; no ano passado, a taxa subiu para 31%, e a previsão é que daqui a dez anos uma em cada duas transações seja feita por meio digital.
O avanço se dá não apenas pela mera substituição de ferramentas materiais por ferramentas digitais. Ele ocorre porque o meio digital amplia fronteiras. Não é preciso ter um talão de cheques nem mesmo conta em banco para participar do mundo de pagamentos digitais. Os celulares funcionam como maquininhas de pagamento. Os computadores fazem as vezes de bancos.
Mudanças desse porte sempre trazem o binômio de ameaças e oportunidades. Já há iniciativas para o pagamento sem passar pelo caixa (como nas lojas Amazon Go), sem desembolsar dinheiro (como o uso de carteiras virtuais), por detecção do rosto do consumidor (na rede KFC, na China). Nesse espaço ainda por explorar, vêm crescendo empresas de varejo, empresas de tecnologia, startups financeiras (as fintechs). Claro que todo esse avanço só é possível quando existe um padrão aceitável de segurança. Há uma década, pouca gente se arriscava a digitar os dados do cartão de crédito em algum site. Foi preciso que o mercado evoluísse, com soluções tecnológicas e comportamentais, para que surgisse a confiança.
Os novos rumos do comércio digital são o tema da reportagem de capa desta edição. Mais do que analisar, EXAME de certo modo vive esse fenômeno: o mundo da comunicação passa por transformações em muito semelhantes às das transações comerciais. A inclusão digital amplia o mercado. E, da mesma forma que nos pagamentos digitais, estabelecer a confiança é fundamental. Isso explica o recorde de audiência que EXAME atingiu em seu site no mês passado: foram 35,4 milhões de visitantes, de acordo com o Google Analytics. Também o site de VEJA bateu recorde, na busca de fontes fidedignas, com 55,7 milhões de visitantes.
A constatação é que o mundo digital — seja no mercado financeiro, seja no comercial, seja no da informação — só pode avançar quando adquire as características primordiais de confiança, reputação e qualidade. E você, consumidor e leitor, com suas escolhas, é quem dá o aval.