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Carta de EXAME — A riqueza escondida na Amazônia

É possível promover o desenvolvimento a partir da biodiversidade, e não apenas do agronegócio, da mineração e da indústria de eletroeletrônicos

Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus; Ricardo Guimarães, da consultoria Thymus Branding; e Daniel Pereira, governador de Rondônia: debate sobre o potencial da Amazônia | Fábio Nutti

Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus; Ricardo Guimarães, da consultoria Thymus Branding; e Daniel Pereira, governador de Rondônia: debate sobre o potencial da Amazônia | Fábio Nutti

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Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2018 às 05h00.

Última atualização em 19 de julho de 2018 às 05h00.

A Amazônia é uma região de 5,5 milhões de quilômetros quadrados que se estende por nove países da América do Sul. Por abrigar a maior floresta do planeta, é conhecida como o “pulmão do mundo”. Rigorosamente falando, não é uma denominação precisa, uma vez que as florestas consomem quase todo o oxigênio que liberam (de acordo com cientistas, quem faz verdadeiramente o papel de “pulmão do mundo” são as algas marinhas, responsáveis por emitir mais da metade do oxigênio produzido no planeta). Mas não há dúvida de que a Amazônia tem um papel fundamental no equilíbrio do planeta — o desmatamento da floresta libera carbono na atmosfera e, devido ao efeito estufa, contribui para o aumento da temperatura na Terra. Por tudo o que representa, a Amazônia é um nome familiar no mundo inteiro — paradoxalmente, permanece como uma região em boa parte desconhecida dos brasileiros. Estima-se que ela abrigue 15% da biodiversidade global, mas não sabemos como aproveitar seus recursos naturais de forma sustentável. Sabemos que ela esconde muita riqueza, porém não descobrimos como explorá-la de forma equilibrada, elevando a renda da população da Amazônia sem comprometer o capital natural.

Nos últimos anos, EXAME tem realizado um esforço para conhecer melhor e mostrar essa região estratégica para o futuro do Brasil. Enviamos jornalistas à área para realizar reportagens de fôlego. Há exato um ano, a reportagem de EXAME percorreu 1 418 quilômetros na Amazônia e constatou que a destruição da floresta mais importante do planeta avançava num ritmo equivalente a 128 campos de futebol por hora. Neste ano, EXAME realizou dois fóruns para discutir o desenvolvimento econômico da Amazônia com autoridades, empresários, consultores e acadêmicos da região. O primeiro evento foi realizado em 21 de março em Porto Velho. O segundo ocorreu no dia 26 de junho em Manaus. Uma das conclusões desses encontros é que a Amazônia tem potencial para se tornar um polo mundial de biotecnologia. Ou seja, é possível promover o desenvolvimento econômico regional a partir da biodiversidade, e não apenas por meio do agronegócio, da mineração e da indústria de eletroeletrônicos, como tem sido o padrão nas últimas décadas. Durante o fórum em Manaus, o prefeito Arthur Virgílio Neto lamentou: “Os brasileiros ainda são profundamente ignorantes em relação à Amazônia”. Outro participante do encontro, Ricardo Guimarães, presidente da consultoria Thymus Branding, afirmou que a Amazônia tem potencial para se tornar uma marca mundial e transformar a economia local — falta gestão para explorar o potencial do nome da região.

Em ano de eleições, observa-se que a Amazônia tem sido um tema quase ausente na agenda dos principais postulantes ao Palácio do Planalto. Já está mais do que na hora de os candidatos — e os brasileiros em geral — descobrirem a Amazônia.

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