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Novo hotel em Belo Horizonte segue a receita de sucesso do Fasano

O sexto hotel do grupo, inaugurado neste mês na capital mineira, realça os ingredientes comuns a todas as unidades e sabores exclusivos de cada uma delas

Origem: a gastronomia é um ponto forte em comum entre as unidades da rede Fasano (Fasano/Divulgação)

Origem: a gastronomia é um ponto forte em comum entre as unidades da rede Fasano (Fasano/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2018 às 05h30.

Última atualização em 11 de outubro de 2018 às 12h14.

Belo Horizonte — A receita que deu origem ao hotel Fasano, inaugurado em São Paulo há 15 anos, não é exatamente de outro mundo. E não foram poucas as tentativas de copiá-la. Algumas chegaram perto, mas resultaram em empreendimentos um tanto insossos, sem uma personalidade clara e à prova de modismos, como o ícone paulistano. Outras carregaram demais na ostentação, e esse é um ingrediente que o mandachuva da marca, Rogério Fasano, o restaurateur que virou referência na hotelaria de luxo, não costuma engolir.

Não à toa, o único a copiar o hotel a contento foi ele próprio, o que fica evidente com a inauguração da sexta unidade do grupo, em Belo Horizonte, no dia 1o de outubro. Aos ingredientes e modo de preparo da receita:

Decoração: no lobby fica o bar, a recepção com as poltronas de designers como Percival Lafer e uma parede de tijolos aparentes

PASSO 1

Ache um investidor local. Desde o Fasano Angra, a expansão da marca é patrocinada por sócios locais que arcam com o terreno e as obras — valores nunca são divulgados. Ao hotel, portanto, cabe o papel de operador. O parceiro na filial mineira, que soma 77 suítes, com diárias a partir de 975 reais, é a construtora Concreto. Convém explicar que as empresas regionais não detêm fatias do grupo — 65% dele pertence à JHSF e o restante à família de Rogério Fasano, com uma pequena participação do empresário Constantino Bittencourt. Os Fasano passaram o controle para a incorporadora em 2014 por 48,3 milhões de reais. Em 2017, a receita líquida com hotéis e restaurantes foi de 171 milhões de reais.

PASSO 2

Selecione bem o escritório de arquitetura. O do novo Fasano em Belo Horizonte é o Bernardes Arquitetura, encabeçado pelo carioca Thiago Bernardes, também criador do hotel Fasano de Angra do Reis, inaugurado em dezembro do ano passado. Com exceção da unidade de Angra e da filial carioca, de autoria do francês Philippe Starck, os demais hotéis do grupo (em São Paulo, Punta del Este  e na Fazenda Boa Vista, no município paulista de Porto Feliz) foram projetados por Isay Weinfeld — o da capital paulista em parceria com o colega Marcio Kogan. Os futuros hotéis de Salvador, previsto para dezembro, e Trancoso, para 2019,  também serão assinados por Weinfeld.

PASSO 3

Opte por um projeto nada óbvio. Para o Fasano BH, no bairro de Lourdes, a equipe de Bernardes projetou uma torre de 12 andares revestida de chapas vazadas de alumínio pintadas de marrom, as quais escondem aquelas feiosas caixas do sistema da ar condicionado, e uma construção anexa de tijolinhos aparentes — essa, aliás, é uma marca dos hotéis do grupo. Decorado com cinco jabuticabeiras, sofás e poltronas de designers como Percival Lafer, o lobby interliga um bar, o balcão de check-in, escondido ao fundo, e uma unidade do restaurante Gero protegida por imponentes portas de aço corten, mesmo material que reveste as colunas do ambiente.

PASSO 4

Adicione temperos locais. A da filial carioca é a piscina na cobertura com borda infinita, palco de algumas das selfies mais comentadas do Rio de Janeiro. A unidade de Punta vem a ser uma joia arquitetônica que se funde ao relevo rochoso do lugar. Em Belo Horizonte o destaque fica por conta do espaço de eventos, com 247 metros quadrados e piso de mármore de Carrara. “Desde a concepção do hotel, uma de nossas preo-cupações foi inseri-lo no dia a dia dos moradores”, diz Mayra Chinelatto, diretora de operações do grupo. O que se traduz numa filial do Baretto, sofisticado bar do hotel em São Paulo, com shows às quintas e sextas-feiras, e um novo restaurante Gero sob comando do chef siciliano Fabio Aiello, que reverencia a tradição local ao oferecer 23 cachaças, 13 delas de Minas.

PASSO 5

Leve ao forno com o inquestionável padrão de qualidade Fasano. A cada inauguração, a marca submete as lideranças da nova filial a uma imersão de 30 dias em outras unidades. Os novos funcionários — 128 dos 160, no caso de Belo Horizonte — aprendem o bê-á-bá do grupo em aulas expositivas que se estendem por 15 dias. Parte dos funcionários é transferida, alguns temporariamente, como Luca Gozzani, que, além de chef do Fasano principal, supervisiona a cozinha dos 21 bares e restaurantes do grupo.

O parecer final quem dá é Rogério Fasano, que costuma se aquartelar em cada hotel por dez dias após a abertura. “Nenhum bebê nasce pronto”, disse ele na primeira semana de funcionamento do hotel de Belo Horizonte. Sentado no bar do lobby, observando o movimento, ele comenta: “Fico maravilhado de ver tanta gente logo no início. E preocupado em saber se nossa cozinha vai dar conta.”


Um concorrente à altura

O Four Seasons terá suítes e unidades residenciais

Luxo: a primeira unidade da rede canadense terá 254 suítes, com diárias a partir de 1.100 reais

A espera pelo Four Seasons paulistano, o primeiro da rede canadense no Brasil, acaba no dia 15 de outubro. Com a inauguração da filial, à beira da Marginal Pinheiros na Chácara Santo Antônio, a cidade passa a dispor de mais 254 acomodações. Com diárias a partir de 1.100 reais, o novo hotel ocupa 16 dos 29 andares da torre — os demais são unidades residenciais de luxo.

Chama a atenção pela piscina nas alturas, indoor e outdoor, e pela área de eventos de 1.409 metros quadrados. Especializado em comida do norte da Itália, o restaurante é chefiado por Paolo Lavezzini, chef que o Four Seasons tirou do comando do Fasano Al Mare, no Rio de Janeiro.

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