DeepSeek: qual será o real impacto da ferramenta chinesa sobre as ações de empresas de tecnologia? (Nasir Kachroo/NurPhoto/Getty Images)
Diretor de redação da Exame
Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 06h00.
Assim como em todo começo de ano, a EXAME- publica neste fevereiro uma de suas mais tradicionais edições, a Onde Investir. Além de elencar as melhores estratégias de investimento para os próximos meses, reconhecemos os fundos com as melhores performances nos últimos dois anos. A tarefa do time coordenado pela editora Karla Mamona não fica mais fácil com o passar do tempo. A quantidade de dados e informações à disposição dos jornalistas da EXAME, e dos gestores de investimento, aumenta em progressão geométrica com o avanço das ferramentas de inteligência artificial. Em contrapartida, o volume de incertezas sobre o futuro só faz crescer. O desafio de interpretá-las e precificá-las a valor presente pode ser ajudado por robôs e modelos matemáticos, mas é uma tarefa de nuances eminentemente humanas. O que acontece com os juros futuros americanos quando Donald Trump sugere transformar a Faixa de Gaza num destino turístico de luxo? Qual será o real impacto da DeepSeek no preço das ações dos gigantes americanos de tecnologia? Como a crise do Pix afeta as perspectivas de reeleição de Lula para 2026, e quanto ela deve impactar desde já o valor das ações brasileiras?
Tempos incertos exigem estratégia sob medida. A Kapitalo, uma das duas gestoras do ano do Melhores do Mercado (junto com a AZ Quest), surfa a pororoca de incertezas separando seus 140 profissionais em 11 mesas com estratégias de investimento diferentes. “A principal incerteza hoje é como o processo de ‘desglobalização’ vai acontecer”, explica Carlos Woelz, cofundador e diretor da Kapitalo. “A maneira como se implementa essa desglobalização faz muita diferença nos mercados em termos de atividade econômica, câmbio — e isso nos dá muitas oportunidades para investir.” Para Walter Maciel, CEO da AZ Quest, tende a ser um bom negócio investir na bolsa americana, inclusive nas já supervalorizadas ações ligadas à IA. Sobre o Brasil, Maciel julga haver tempo para o governo dar sinais críveis de controle da dívida pública. “Hoje, o único problema do Brasil é o risco fiscal”, diz.
O rol de especialistas ouvidos para esta edição concentra suas recomendações, para além da ampliação à exposição internacional, em renda fixa e em papéis de empresas que podem aproveitar as oportunidades globais, como Embraer, WEG e Suzano. Chegou também a hora de tratar o bitcoin como um investimento sério, e não como uma aventura filosófica, recomendam. O valor do ativo pode dobrar até o fim do ano, para 180.000 dólares, como mostra uma reportagem nesta edição. Pode não acontecer, naturalmente, mas a tendência de longo prazo está dada. O mesmo vale para boa parte dos investimentos mapeados pela -EXAME: as incertezas imediatas são e serão cada vez maiores e mais diversas. Mas o tempo, tudo indica, seguirá sendo o senhor da razão.