(Aly Song/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2020 às 05h30.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 13h16.
A frase foi dita por Tim Cook no lançamento do primeiro Apple Watch, em setembro de 2014: “Nós acreditamos que isso redefinirá o que as pessoas esperam da categoria”. A previsão pretensiosa do CEO da Apple foi confirmada pelos números. Nas contas da Strategy Analytics, a companhia americana vendeu 30,7 milhões de relógios no ano passado, enquanto as relojoarias suíças, em conjunto, exportaram 21,1 milhões de unidades. Na briga com o país que simboliza os ponteiros de luxo, a Apple venceu pela primeira vez. Em 2018, a marca da maçã comercializou 22,5 milhões de smartwatches, ao passo que a Suíça levou a melhor por uma diferença de 1,7 milhão.
Era questão de tempo para vir a reação. O contra-ataque mais coordenado, no entanto, parte da alemã Montblanc, pertencente ao conglomerado suíço Richemont, também dono das marcas Cartier e Piaget, entre outras. Há quatro anos, a grife lançou seu Augmented Paper, um bloco de notas que digitaliza anotações e desenhos. Foi o primeiro sinal de que a maison não vai se ater aos produtos analógicos que a consagraram até agora, como canetas, artefatos de couro e relógios mecânicos. Seu primeiro smartwatch, o inofensivo Summit, já fora de linha, veio ao mundo em março de 2017.
O modelo evoluiu para o robusto Summit 2, apresentado no ano seguinte e ainda à venda, em sete versões. Um dos lançamentos com os quais a Montblanc vai se posicionar perante consumidores mais jovens é o Summit 2+, previsto para chegar às lojas (e ao e-commerce) em maio. É o primeiro smartwatch de luxo que, como o Apple Watch, faz ligações, recebe mensagens e permite usar aplicativos como Google Assistant, Spotify e Uber sem o smartphone por perto. O telefone, seja Android, seja iOS, só é indispensável para as configurações iniciais. A novidade tem caixa de 43,5 milímetros — a do antecessor mede 42 milímetros. O espaço a mais permitiu acomodar um GPS e uma bateria maior, que a grife diz durar o dia inteiro, com todas as funções ligadas. Mas o maior diferencial talvez seja o design, inspirado numa das mais célebres linhas de relógios da Montblanc, a 1858. A caixa é de aço preto, aço inoxidável, aço banhado em ouro rosé ou em bronze, as pulseiras são intercambiáveis e o mostrador exibe mil variações de layouts. A elegância tem seu preço: o Summit 2+ parte de 1.170 dólares, quase o triplo do Apple Watch 5.
Em junho vão começar as vendas dos fones de ouvido da marca — sim, fones de ouvido. São três modelos, por 600 dólares cada um, de couro preto, marrom ou verde-claro e com acabamento cromado, dourado ou polido. Compactos e dobráveis, cobrem toda a orelha sem incomodar e dispõem de tecnologia que bloqueia ruídos externos e, aleluia, impede que todo mundo ouça o que você está ouvindo — os componentes eletrônicos são de um fabricante não revelado e montados pela Montblanc, que recorreu ao especialista em som Alex Rosson como consultor. O microfone acoplado permite acionar por comando de voz o Google Assistant, que pode ajudar o usuário, por exemplo, a descobrir qual é o portão de embarque de seu próximo voo.
O lançamento dos fones ocorreu em março num prédio na região do SoHo, em Nova York, e foi comandado pelo ator Hugh Jackman, embaixador da marca. “Uma de nossas missões é criar soluções para aumentar a produtividade de quem vive viajando a trabalho”, explica Felix Obschonka, diretor de novas tecnologias da Montblanc. Nestes tempos de pandemia, vale lembrar, viajar não está mais sendo permitido — mas ouvir música como escapismo é quase uma obrigação.