Revista Exame

Novo capitalismo: como criar um modelo econômico que retribua à sociedade

O capitalismo precisa ser reinventado e a mudança começa com o papel ativo das empresas em retribuir à sociedade

Vista de São Francisco, nos Estados Unidos: as empresas podem ser uma das maiores plataformas de mudança (MediaNews Group/Getty Images)

Vista de São Francisco, nos Estados Unidos: as empresas podem ser uma das maiores plataformas de mudança (MediaNews Group/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2021 às 05h44.

Última atualização em 29 de abril de 2021 às 10h29.

Muito se tem discutido a respeito das deficiências do capitalismo. Até recentemente, as empresas maximizavam o lucro e priorizavam os acionistas a qualquer custo, mas hoje os consumidores esperam que as empresas sejam melhores cidadãos corporativos e compartilhem os ganhos para benefício dos stakeholders. Metas e comportamentos que visam só o lucro criaram uma ampla desigualdade social e é hora de o modelo econômico se reinventar, tornando-se mais justo, igualitário e sustentável, e de as empresas retribuírem à sociedade.

Empresas como a Salesforce têm defendido um novo modelo chamado capitalismo participativo, ou capitalismo de stakeholders, um sistema em que o propósito de uma empresa é baseado em um compromisso com todas as partes interessadas — consumidores, funcionários, parceiros, comunidades, planeta e sociedade —, e não apenas com os acionistas. De acordo com a pesquisa O Futuro do Trabalho, Agora, da Salesforce, 82% dos brasileiros acreditam que as empresas podem ajudar a construir um futuro melhor para todos, independentemente de ações governamentais. Cada vez mais, investidores e consumidores procuram empresas que compartilhem seus valores e, em nossa experiência, propósito e lucro podem, e devem, andar de mãos dadas.

As empresas são uma das maiores plataformas de mudanças. Pequenos e médios negócios podem começar a se adaptar ao capitalismo dos stakeholders reunindo-se com suas comunidades para entender como causar um impacto positivo e aumentar o escopo da retribuição. Corporações maiores, por outro lado, podem estabelecer metas mais ambiciosas ou fornecer recursos adicionais para iniciativas existentes.

Para qualquer tamanho de empresa, é fundamental ter uma estrutura que incorpore a filantropia na cultura, como o modelo fornecido pelo movimento Pledge 1%. Seguindo o modelo 1-1-1, no qual a Salesforce foi pioneira, o Pledge 1% incentiva as empresas a dedicar 1% do tempo, 1% do produto, 1% do lucro e/ou 1% do patrimônio líquido para melhorar o mundo. Desde a nossa fundação, em 1999, a Salesforce doou mais de 430 milhões de dólares e 5,7 milhões de horas de serviço e forneceu tecnologia gratuitamente ou com desconto para mais de 51.000 entidades.

São mais de 300 empresas na América Latina com compromissos Pledge 1%, incluindo a Rock Content, empresa brasileira de marketing digital que desde 2019 doou 7.000 horas de voluntariado e cursos para apoiar o crescimento e a empregabilidade de seus estudantes; e a Globant, uma empresa argentina de desenvolvimento de software e parceira da Salesforce que se juntou ao ­Pledge 1% em 2020. A Globant ajudou milhões de pessoas afetadas pela pandemia com diferentes iniciativas, como o desenvolvimento de um painel interativo que apoia a medição eficiente e o uso de recursos de saúde em toda a Argentina e também com sua iniciativa Taking Care, que forneceu aos sistemas hospitalares em 15 cidades da América Latina impressoras 3D para o desenvolvimento de máscaras e outros suprimentos médicos. A empresa também criou vários aplicativos que permitem que as pessoas ofereçam e recebam ajuda de voluntários para fazer um autodiagnóstico e receber recomendações de saúde para prevenir a covid-19.

Na Salesforce, acreditamos que a retribuição pode acontecer de maneiras diferentes e que não é possível falar de capitalismo de ­stakeholders sem demonstrar um compromisso real e acionável com o meio ambiente. É por isso que em 2020 fizemos uma parceria com o Fórum Econômico Mundial para lançar a 1T.org — um esforço global de empresas, ONGs, ativistas do clima e ecoempreendedores, bem como governos, para conservar, restaurar e cultivar 1 trilhão de árvores em todo o mundo até 2030. Em apoio à missão da 1T.org, anunciamos nossa própria meta de mobilizar a conservação, restauração e cultivo de 100 milhões de árvores nesta década. Desde que definimos a meta em 2020, apoiamos 19 projetos no mundo e neste ano atingimos o marco de 10 milhões de árvores. O progresso pode ser acompanhado em salesforce.com/trees.

Nosso objetivo também é capacitar cada vez mais ONGs e organizações sem fins lucrativos com as soluções de que precisam para gerar maior sustentabilidade climática e eficiência em seus processos. Organizações como o Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) utilizam o Salesforce para agilizar sua transformação digital com soluções de produtos que apoiam seus clientes, pois permitem que a organização gerencie grandes volumes de dados e automatize vários estágios do processo de certificação de cadeias produtivas sustentáveis.

Em 2021 não é mais aceitável que as empresas e os CEOs ignorem os problemas que afligem a humanidade. As empresas precisam reconhecer que suas responsabilidades não se limitam às paredes de seus escritórios. Iniciativas como o Pledge 1% podem se traduzir no crescimento dos negócios, ao mesmo tempo que criam um impacto positivo nas comunidades onde vivemos e trabalhamos. Quando todos começarem a agir em prol de um futuro melhor, teremos um mundo com empresas mais bem-sucedidas, uma sociedade mais igualitária e um ecossistema mais sustentável e saudável para todos. 

  • Fique por dentro das principais tendências das empresas ESG. Assine a EXAME.

(Arte/Exame)

Acompanhe tudo sobre:CapitalismoEmpresasexame-ceoSustentabilidade

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda