Revista Exame

Ranking Melhores Cidades para Negócios 2024 destaca cidades da Grande SP

Região tem cinco das sete vencedoras do ranking, que aponta municípios com grande potencial

São Paulo: a cidade venceu em duas categorias, Comércio e Serviços (Priscila Zambotto/Getty Images)

São Paulo: a cidade venceu em duas categorias, Comércio e Serviços (Priscila Zambotto/Getty Images)

São Paulo, a maior cidade do Brasil, está cercada de polos de empresas e negócios por quase todos os lados. Nos últimos anos, a região oeste da Grande São Paulo ganhou força, um movimento captado pela edição de 2024 do Ranking Melhores Cidades para Negócios, uma publicação anual da ­Urban ­Systems em parceria com a EXAME que chega a seu 11o ano.

Das sete vencedoras deste ano, três ficam ali: Carapicuí­ba (melhor para negócios na educação), Cotia (Indústria) e Jandira (setor imobiliário). Essas cidades representam uma nova onda de oportunidades em uma região que entrou para o mapa da economia brasileira há mais de 50 anos. A expansão ganhou força após a abertura da Rodovia Castelo Branco, em 1968. Na época, os lotes da Fazenda Tamboré passaram a receber indústrias e escritórios de empresas, como HP, Sadia e DuPont, na região que ganharia o nome de Alphaville.

Em seguida, os funcionários dessas empresas começaram a comprar terrenos e casas na região, mais baratos que na capital, e o mercado foi crescendo em cidades como Barueri e Osasco. Esta última, que faz fronteira com São Paulo, tem a sede do Bradesco desde 1957 e, nos últimos anos, recebeu empresas como Mercado Livre, Dafiti e iFood.

Como as maiores cidades da região já estão bastante ocupadas, municípios próximos ganham força e atraem negócios e novos moradores, por permitirem acesso a um ecossistema de empresas e serviços já consolidados. Nas próximas páginas, detalhamos as estratégias das cidades vencedoras. A lista das eleitas inclui ainda São Paulo (Comércio e Serviços), Brasília (Agro) e Hortolândia (Saúde). 

A partir desta edição, o Ranking Melhores Cidades para Negócios ficará disponível em uma plataforma online, que será atualizada ao longo do ano, conforme houver atua­lização dos dados que compõem os rankings. O estudo é calculado a partir de um Índice de Qualidade Mercadológica (IQM), que aponta quais municípios oferecem melhores condições para as empresas, com base em dados de população, fluxo de comércio, características urbanas e infraestrutura, entre outros. A plataforma pode ser acessada no QR Code abaixo. 


Serviços

São Paulo mantém a liderança do setor, com destaque para a geração de emprego e a desburocratização

Com o dobro de empregos criados na comparação com o ano anterior, crescimento robusto da economia e melhora da qualificação profissional, São Paulo é a melhor cidade para fazer negócios no setor de serviços, segundo ranking da consultoria Urban Systems, publicado com exclusividade pela EXAME. O município se manteve na liderança da categoria pelo segundo ano consecutivo, depois de ficar na terceira posição em 2022 e na segunda em 2021. Neste ano, o setor de serviços criou 142.193 vagas de emprego no acumulado até outubro, uma alta de 4,45% em relação ao ano anterior, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. O número representa 74% do total de empregos gerados pela cidade, que acumula 191.445.

Armando de Almeida Pinto Junior, secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico da cidade, afirma que o resultado tem como base a capacitação oferecida pelo município para a população que quer empreender e a assessoria contínua, por meio de 200 atendentes para apoiar os empresários, desde os pequenos até os grandes. “Temos também a questão do microcrédito e do apoio às startups, para promover a inovação tecnológica e ajudar as empresas a crescerem”, diz. O PIB da cidade, de acordo com dados consolidados pelo IBGE, é o maior do país, que produziu 828,9 milhões de reais em 2021. “O PIB de São Paulo também teve um bom crescimento. Se olharmos o número absoluto, São Paulo é imbatível”, afirma Paulo Takito, diretor da Urban Systems.

Na categoria Serviços são analisados oito indicadores: empregos no setor de serviços; empregos no setor de serviços com média e alta remuneração; renda do trabalhador do setor de serviços; estabelecimento de serviços; velocidade média da internet; empregos qualificados; relação entre empregos, serviços e administração pública; e empresas grandes.

O estudo mostra ainda que São Paulo lidera o ranking entre as capitais brasileiras com as melhores condições sociais, econômicas, de infraestrutura, estoque de empregos, renda média e densidade de acesso à banda larga que, combinadas, atraem investimentos diretos e indiretos. Guilherme ­Dietze, economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), diz que o mercado consumidor gigantesco da cidade, aliado à desburocratização, tem ajudado a atrair investimentos. A cidade reduziu o tempo necessário para abrir uma empresa de 100 dias, em 2017, para 17 horas atualmente.

“A combinação de políticas públicas que reduzem a burocracia e as obras de infraestrutura, como as melhorias em áreas como Santo Amaro, ajudam a atrair investimentos”, diz. Para seguir na liderança do setor, Dietze afirma que o poder público da cidade precisa avançar na descentralização econômica, para levar mais negócios para as áreas periféricas. “A descentralização, especialmente para áreas mais periféricas, pode ajudar a aliviar o tráfego e os preços elevados no centro da cidade, melhorando a qualidade de vida e a produtividade”, afirma.


Imobiliário

Como Jandira, a 30 quilômetros de São Paulo, se tornou queridinha para novos negócios imobiliários

Historicamente, a cidade de Jandira, localizada a 30 quilômetros de São Paulo, sempre foi considerada uma cidade-dormitório — aglomerado urbano que surge nos arredores de uma grande cidade, servindo de moradia para os trabalhadores da cidade-núcleo, neste caso, a capital paulista. No entanto, Jandira encerrará 2024 de maneira diferente. Neste ano, por causa do crescimento demográfico positivo e da atração de novos moradores e empresas, o município foi eleito o melhor para fazer negócios no setor imobiliário, de acordo com o ranking da consultoria Urban Systems, publicado com exclusividade pela EXAME.

“Com a chegada de mais empresas em Jandira e o aumento do volume de empregos na cidade, muitos acabam optando por trabalhar e morar mais perto. Em busca de qualidade de vida e menos tempo no transporte, as pessoas estão escolhendo viver em cidades como Jandira”, afirma Paulo Takito, diretor da consultoria. Segundo ele, um dos motivos para esse mercado estar aquecido é o valor do metro quadrado na cidade. “De acordo com os números da Loft, o preço está em 2.200 reais, o que é considerado muito baixo e dá campo para inúmeras investidas do setor”, diz. 

O movimento transformou Jandira em um polo econômico, atraindo muitas empresas. Só neste ano, 49 companhias de construção civil se instalaram na cidade, segundo a Secretaria Municipal de Habitação e Planejamento de Jandira.

“Milhões de reais foram investidos em áreas que afetam diretamente a qualidade de vida, como o recapeamento de mais de 40 ruas, a aquisição de novas viaturas e armamentos para a Guarda Civil Municipal, o aumento na oferta de vagas de educação de ensino integral, a construção de um complexo esportivo e uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS)”, diz Walter Eduardo Martins, secretário da pasta.

A localização de Jandira também favorece os investimentos. O município está às margens das Rodovias Castelo Branco e Raposo Tavares e do Rodoanel, o que facilita o transporte de produtos e pessoas, reduz custos logísticos e torna a cidade mais atraente para empresas e investidores que buscam infraestrutura de transporte eficiente para expandir seus negócios.

“A proximidade de Jandira com outros municípios com boa oferta de lazer, comércio e empregos, associada ao fato de a cidade ser cortada por linha férrea, com duas estações de trem, o que facilita a interligação entre esses municípios, torna Jandira uma cidade muito interessante para viver”, diz o secretário.

Além disso, os incentivos institucionais implementados nos últimos anos foram essenciais para essa valorização. Um exemplo é o Programa Desenvolve Jandira, uma lei de 2022 que oferece benefícios fiscais para empresas que se instalarem na cidade ou ampliarem a oferta de empregos. A previsão para 2024 é que o município encerre o ano com uma receita de 702 milhões de reais — para 2025, a expectativa é que esse montante cresça 6,3%, para 746 milhões de reais. 

Otimista, o secretário acredita que há muito espaço para Jandira crescer ainda mais. Segundo ele, o próximo ano deve consolidar a posição da cidade como polo de investimentos com a inauguração de um hospital com pronto-socorro e maternidade, e de um complexo educacional. “Estamos com muitas obras em andamento, e diversas empresas começarão suas atividades em 2025. Em um polo de serviços, localizado na entrada da cidade, novos negócios estão se instalando, e a estimativa é de que a área gere 2.000 empregos formais”, diz Martins.


Indústria

Cotia aposta em menos burocracia e na boa localização para atrair empresas

De cada 2 reais em riqueza gerados em Cotia, mais de 1 real vem da indústria. O setor responde por 3,3 bilhões de reais do PIB municipal, que soma 6,7 bilhões de reais, e está crescendo ao atrair empresas com redução da burocracia e boa localização. Cotia é a melhor cidade para fazer negócios na indústria no Brasil neste ano, aponta o ranking da consultoria Urban Systems, publicado com exclusividade pela EXAME.  

A cidade vive uma alta das atividades industriais. “O crescimento de estabelecimentos industriais também foi extremamente positivo, passando de 0,34% em 2022 para 4,49% em 2023”, diz Paulo Takito, diretor da Urban Systems. A boa localização é uma das razões para a atração de negócios. Com 274.000 habitantes, Cotia fica a 33 quilômetros do centro de São Paulo e tem boas conexões de transporte. É atravessada pela Rodovia Raposo Tavares, fica perto do Rodoanel Oeste e de outros grandes municípios da região, como Osasco e Itapevi.

Uma das ações de Cotia para atrair mais empresas foi facilitar a abertura de novos negócios. “Temos desburocratizado processos administrativos, o que tem chamado a atenção de empreendedores e empresários para investir aqui. Tem os consórcios, os núcleos de empresários, e um fala para o outro [sobre Cotia], o que tem potencializado muito a nossa cidade”, diz o prefeito Rogério Franco (PSD). “Quando se desburocratiza, geram-se empregos e renda para a cidade.”

Em junho, por exemplo, foi lançado um portal de aprovação digital de obras, para facilitar o recebimento de pedidos e o envio de plantas e projetos. Lançada em junho, a plataforma recebe inicialmente solicitações de desdobro e unificação de terrenos e imóveis, e o plano é que, futuramente, todos os serviços, incluindo os pedidos de habite-se — permissão de ocupação do imóvel —, sejam feitos de modo digital, sem que os responsáveis precisem ir fisicamente até a prefeitura.

Entre as indústrias que decidiram investir em Cotia está a Petrofer, que elabora lubrificantes industriais e outros produtos químicos. A empresa, de origem alemã, está terminando de construir uma nova fábrica na cidade, que ocupa um terreno de 16.000 metros quadrados. A previsão é que a nova planta entre em operação em fevereiro de 2025. O investimento feito foi de 20 milhões de reais.

“A Petrofer vai instalar uma fábrica moderna, com novas tecnologias, laboratório de controle e medição totalmente equipados e com capacidade para triplicar a produção atual”, disse Washington da Silva Matos, gerente técnico e fabril da Petrofer do Brasil, ao anunciar o projeto. “Enxergamos um potencial enorme no mercado brasileiro, inclusive com a possibilidade de trazer novos produtos com tecnologia mais avançada.” 

Para os próximos anos, Cotia terá ainda mais atrativos. A prefeitura está construindo, em parceria com o governo federal, uma unidade do Instituto Federal de Tecnologia, que terá aulas de ensino médio técnico, para formar trabalhadores para as indústrias e outras empresas. Além disso, haverá ampliação da Rodovia Raposo Tavares, que teve a renovação da concessão. Em um leilão no fim de novembro, a EcoRodovias arrematou a estrada e se comprometeu a fazer uma faixa adicional nas duas pistas, além de 43 quilômetros de vias marginais, o que facilitará o acesso a Cotia e região.


Comércio

São Paulo se mantém no topo pelo quarto ano consecutivo, com destaque para o crescimento do PIB, renda e empregos

Com o crescimento robusto do PIB e dos empregos, São Paulo é a melhor cidade para fazer negócios no setor de comércio, segundo o ranking da consultoria Urban Systems, publicado com exclusividade pela EXAME. Este é o quarto ano consecutivo em que o município lidera no setor, após queda em 2020 durante a pandemia de covid-19, quando Barueri assumiu a primeira posição.

Neste ano, 191.445 empregos foram criados, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. No comércio, foram 20.045, alta de 2,24% na comparação com o ano anterior. “O desemprego na cidade está no menor nível histórico, com 5,8%, o que demonstra que as políticas adotadas têm surtido efeito”, diz Armando de Almeida Pinto Junior, secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico da cidade.

Para ele, o ambiente de negócios positivo tem atraído empresas para a capital paulista. “Desde 2021 até agora, tivemos um crescimento significativo no número de empresas abertas e na migração de empresas para a cidade. A vinda da Netflix [que estabeleceu sede na capital em abril] é um dos exemplos”, diz.

Na categoria Comércio, são analisados dez indicadores: empregos no setor com média e alta remuneração; renda do trabalhador do comércio varejista; renda do trabalhador do comércio atacadista; estabelecimentos comerciais varejistas; estabelecimentos comerciais atacadistas; empregos no comércio varejista; empregos no comércio atacadista; crescimento populacional; densidade de banda larga; e renda do trabalhador formal.

Esse resultado, para Paulo Takito, diretor da Urban ­Systems, é fruto de um trabalho conjunto do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). “No comércio, a recuperação pós-pandemia foi fundamental. O trabalho conjunto entre o governo estadual e a prefeitura de São Paulo foi crucial para atrair e reter empregos”, diz. Roberto Mateus Ordine, presidente da Associação Comercial São Paulo (ACSP), afirma que a desburocratização para os pequenos negócios também é uma das chaves para o momento de São Paulo no comércio.

“A desburocratização foi outro ponto essencial. Hoje, a cidade de São Paulo é muito mais ágil na abertura de empresas, o que facilita a vida do empreendedor”, diz. Ordine cita ainda questões para além dos indicadores apontados pelo ranking, como o aumento da segurança e zeladoria do centro, para a melhora do setor comercial. “Hoje, temos no centro da cidade mais de 7.000 câmeras com reconhecimento facial, garantindo absoluta segurança. Hoje, jovens estão descobrindo o centro, frequentando bares, restaurantes e eventos culturais”, afirma. 


Educação

Carapicuíba vive momento de expansão no mercado educacional e lidera em um contexto de disputa no estado

Nos últimos cinco anos, Carapicuíba teve um aumento de 28% no total de estabelecimentos de ensino abertos. Nesse período, mais 44 unidades foram ativadas no município da região metropolitana de São Paulo, que conta hoje com 156 instituições do setor público ao privado. Apesar do aumento da rede, ainda há bastante demanda a atender. A efervescência levou Carapicuíba a ser eleita a melhor cidade para fazer negócios em educação, segundo ranking da consultoria Urban Systems.

A população do município chegou a 387.121 pessoas no Censo de 2022, o que representa um aumento de 4,75% em comparação com o Censo de 2010. Financeiramente, a cidade tem um dos orçamentos mais baixos entre os vizinhos. São 799 milhões de reais, ante mais de 1,2 bilhão de reais em 2023 da vizinha Cotia, e 4,8 bilhões de reais de Barueri. Para aumentar a arrecadação, a cidade investe na revitalização e no sistema viário, além da desburocratização para a abertura de novas empresas. No estudo, a Urban Systems destaca que serão desenvolvidas mais de 30 obras em diferentes regiões da cidade, com o objetivo de oferecer mais qualidade de vida à população, viabilizadas por recursos encaminhados por parlamentares.

“O número de alunos vem aquecendo de uns dez anos para cá por causa das estações de trem e de transporte coletivo muito próximas. A área urbana está mais bem estruturada. Isso faz com que as pessoas possam ter atrativo de vir estudar em Carapicuíba, assim como as mensalidades. São faculdades com preços populares. Isso também colabora bastante para a vinda das pessoas para a cidade”, afirma o prefeito Marcos Neves.

Neste ano, Carapicuíba assumiu a liderança que era da cidade­ de São Paulo. A capital aparece agora em quarto, e há ainda outras três cidades paulistanas entre as dez melhores para negócios em educação. O resultado, de acordo com Paulo Takito, coloca o estado paulista como um polo industrial, comercial e de serviços de grande relevância nacional, com grandes indústrias e, dessa forma, onde há a maior geração de empregos, renda e, consequentemente, potencial de consumo.


Agronegócio

Capital do Brasil — e do agro

Quando o arquiteto Lúcio Costa idealizou a futura capital do Brasil, Brasília, certamente não imaginou que o Distrito Federal se tornaria um importante polo do agronegócio nacional. Neste ano, a cidade foi apontada pela consultoria Urban Systems como o principal município para se investir no setor agropecuário, em levantamento publicado com exclusividade pela EXAME. Mesmo não sendo conhecida como “capital” do agro, a cidade ocupou o 61o lugar no ranking dos 100 municípios mais ricos do agronegócio brasileiro, com um valor bruto de produção (VBP) de 1,7 bilhão de reais, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“O que acredito que tenha levado Brasília a esse destaque é o fato de algumas empresas do setor agropecuário estarem registradas no município. Um dos fatores que mensuramos é o crescimento no número de empregos no segmento, e esses postos de trabalho acabam sendo gerados por lá”, afirma Paulo Takito, diretor da consultoria.

Uma dessas empresas com CNPJ em Brasília é a Boa Safra Sementes. Na visão de Rodrigo Viana, gerente-executivo da companhia, a localização estratégica da cidade é seu grande diferencial. “Brasília está localizada no coração do Cerrado. Essa combinação de localização estratégica, proximidade com tomadores de decisão e acesso a um ecossistema agrícola altamente produtivo fortalece nossa capacidade de contribuir para o desenvolvimento do setor e nos posiciona ainda mais próximos de nossos clientes e parceiros”, diz Viana à EXAME.

De 2022 a 2023, o agro de Brasília cresceu 13%, segundo a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal, enquanto a média nacional foi de 5,2%. Para o secretário de Agricultura, Rafael Borges Bueno, o crescimento está atrelado a investimentos em tecnologia, além de o consumo da população de alta renda colaborar para remunerar bem os produtores.

“Em grandes culturas, como soja e milho, boa parte do que é produzido aqui é destinada à produção de sementes, e não de grãos. Isso aumenta o valor agregado e favorece o produtor rural, que consegue maior rentabilidade”, diz Bueno.

Além disso, Brasília conta com o programa ProRural, que oferece benefícios como a redução de impostos, visando atrair empresas e incentivar a expansão das produções rurais. E para 2025 ainda há novos planos no radar, como um programa de recuperação de estradas. “O governo tem apoiado ações da iniciativa privada para ampliar a exposição dos produtos do DF em mercados nacionais e internacionais, como feiras especializadas e simpósios”, diz o secretário.


Saúde

Com rede municipal robusta e investimentos em infraestrutura, Hortolândia lidera em novos negócios de saúde

A melhor cidade para fazer negócios em saúde pelo ranking da consultoria Urban Systems tem apenas 33 anos, mas já é reconhecida pela excelência técnica de sua rede municipal de saúde. Localizada na região metropolitana de Campinas, Hortolândia mais que triplicou o número de Unidades Básicas de Saúde em 19 anos, tem o Selo Prata de Boas Práticas em HIV/Aids pelo Centro Especializado de Infectologia da cidade, é referência por seu Centro de Convivência Incluir — com serviços multiprofissionais para pessoas com deficiência —, e vem combinando os investimentos na saúde à área de infraestrutura urbana, segundo Paulo Takito, diretor da consultoria.   

Até o final do ano, o município de 236.000 habitantes deve somar 40 milhões de reais em investimentos e mais 25 milhões para aportes em obras pela cidade. Os recursos destinados pelo governo estadual devem garantir a implantação da Vila da Saúde que, num perímetro de 300 metros do Hospital e Maternidade Mário Covas, concentrará as futuras instalações do Centro de Diagnóstico e Imagem (CDI), do Centro Especializado em Reabilitação (CER) e de uma nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Com tantas iniciativas, Paulo Takito, diretor da Urban ­Systems Brasil, vê oportunidades e desafios que abrem espaço “para o privado idealizar e concretizar novos negócios”. O total investido em saúde por habitante é de 1.013,25 reais ao ano — média alta para o porte da cidade, aponta Takito —, mas o município também é pressionado pela procura de moradores de cidades vizinhas, que chegam a somar, em média, 30% da demanda.

Para aliviar a fila, a prefeitura de Hortolândia faz parcerias com o mercado e vem apostando em investimentos viários, saneamento e na rede de telecomunicações da cidade como atrativos para as empresas. A inauguração neste ano da fábrica da farmacêutica EMS, em Hortolândia, em uma obra estimada em 70 milhões de reais, para produção de medicamentos para tratar obesidade e diabetes, é a “cereja do bolo” da “Princesa da região metropolitana de Campinas”, afirma o prefeito Zezé Gomes (Republicanos). A unidade deve gerar 150 novos empregos e cerca de outros 1.000 de forma indireta. “Estamos conseguindo construir para o nosso povo esse melhor de uma cidade que não é mais uma pequena cidade”, diz.     

Entre as dez primeiras posições do ranking do setor de saúde, depois de Hortolândia, há apenas duas capitais, metade do registrado no ano passado, quando a categoria estreou no ranking. O resultado mostra a importância da estrutura de atendimento à saúde na tomada de decisão das empresas de investirem e como as cidades menores têm conseguido evoluir mais rápido que as grandes, diz Takito. “Nesse setor, os investimentos necessários nas capitais para conseguir mudar seus indicadores são um desafio muito grande”, afirma.


Infraestrutura em debate

Em 2025, a quantidade de leilões de estradas, portos, aeroportos e saneamento deve dobrar em relação a este ano. No Fórum Infraestrutura, Cidades e Investimentos, autoridades e especialistas falaram sobre os planos para avançar concessões, assim como os desafios desse processo. Mauro Mendes, governador de Mato Grosso, disse que espera terminar 2025 com 4.000 quilômetros de estradas concedidas, o dobro do volume atual.

“O Brasil tem muita coisa a fazer. Precisa retirar o Estado, criar um ambiente de negócios propício. Recursos podem ser captados desde que exista segurança jurídica no país”, afirmou. Para Afrânio Spolador Junior, diretor de tecnologia na ­EcoRodovias, 2025 será o ano do free flow, o pagamento de pedágio de forma automática, que será adotado em mais estradas e avança ao lado de outra tecnologia: a conectividade 5G nas estradas, que substitui os telefones de emergência. Analistas trataram ainda dos possíveis entraves para o avanço dos leilões, como a incerteza econômica e o debate da regulamentação da reforma tributária.

“O mais importante é ter previsibilidade no cenário macroeconômico. Não precisa estar um mar de rosas, mas ter políticas bem fundamentadas, de Estado. O investidor em infraestrutura não está preocupado com o preço do câmbio ou juros de hoje, mas com o ambiente econômico”, disse Eric Brasil, diretor de políticas públicas da LCA Consultoria Econômica.





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