Revista Exame

Vem aí era dos megashows, um setor que movimenta 30 bilhões de reais por ano

A receita que inclui palco, artista e plateia mudou. Os shows agora são repletos de tecnologia, estímulos visuais, áreas temáticas, ativações de marca e experiências, inclusive de gastronomia

Rock in Rio (Wesley Allen/Divulgação)

Rock in Rio (Wesley Allen/Divulgação)

Juliana Pio
Juliana Pio

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 21 de dezembro de 2023 às 10h53.

No cenário musical, as perguntas que ficam neste fim de ano é se Madonna e Beyoncé se apresentarão mesmo no Brasil em 2024. E quando. E como serão os shows. Em caso de confirmação da vinda dessas superestrelas, o que se sabe é que as apresentações serão experiências multissensoriais, repletas de efeitos, atrações e vivências que vão muito além dos hits.

Já foi assim com Coldplay, Taylor Swift e RBD. Esses foram alguns dos diversos artistas e grupos internacionais que protagonizaram megaespetáculos no Brasil em 2023. Foram os termos que mais estiveram em alta, na categoria shows, entre os usuários do Google ao longo do ano

A lista é extensa e inclui ainda Paul McCartney, Backstreet Boys, The Weeknd, Red Hot Chilli Peppers, Bruno Mars, Roger Waters, Måneskin, Rod Stewart, Rosalía… Isso sem contar o line-up dos festivais, a exemplo de Lollapalooza, Mita, The Town, Tomorrowland Brasil, GPWeek, Balaclava Fest e Primavera Sound, que mais recentemente trouxe clássicos como Pet Shop Boys, The Cure e The Killers.

Nos últimos anos, as apresentações têm recebido um público cada vez maior, atraído pelas produções pomposas que pouco ou nada se diferem das apresentações no exterior. The Eras Tour, de Taylor Swift, é um exemplo, com figurinos, cenários e set list praticamente idênticos aos projetados nos demais locais em que a turnê passou, assim como as famosas pulseiras de led que viraram a marca do Coldplay e coloriram os palcos brasileiros.

“Estamos vivendo a economia da experiência”, diz Luís Justo, CEO da Rock World. A inauguração da The Sphere, com apresentação do U2, segundo ele, é reflexo disso e marca um novo capítulo do entretenimento mundial. A esfera gigante de alta tecnologia localizada em Las Vegas, nos Estados Unidos, custou 2,3 bilhões de dólares e tem 112 metros de altura, mais do que a Estátua da Liberdade. O local recebeu 160.000 alto-falantes, uma imensa tela led de 54.000 metros quadrados — a maior do mundo, equivalente a quase oito campos de futebol —, e tem capacidade para 20.000 espectadores.

Mudança foi acelerada pelo pós-pandemia

“Os modelos de negócios de turnê podem ser reinventados não só pelas bandas mas também pelos patrocinadores”, diz Justo, que está à frente de eventos como The Town, Lollapalooza e Rock in Rio, o qual terá edição comemorativa de 40 anos em 2024. Entre as atrações confirmadas estão Imagine Dragons, Ed Sheeran, Ne-Yo e Joss Stone.

Na agenda de shows internacionais do próximo ano no Brasil ainda estão previstos Blink-182, Paramore, SZA, Sam Smith, Arcade Fire, The Offspring, Limp Bizkit, Phoenix, Men At Work, Placebo, Megadeth, Simple Plan, McFly, Westlife, Jonas Brothers, The Calling, Eric Clapton e Iron Maiden.

A receita que inclui palco, artista e plateia mudou. Os shows agora são repletos de tecnologia, estímulos visuais, áreas temáticas, ativações de marca e experiências, inclusive gastronômicas, o que atrai novos públicos, que não necessariamente são fãs cativos. 

“Desde o final da pandemia essa intenção por experiências ao vivo já era prevista. Mas esse estímulo também vem promover uma transformação no perfil de consumo, interesse e comportamento das pessoas, que estão valorizando cada vez mais investir parte de seu orçamento em vivências memoráveis. Isso, inclusive, tem transformado as campanhas publicitárias, menos interessadas em estar presentes somente com logotipos gigantes e mais dispostas a fazer parte do conteúdo”, explica o CEO da Rock World.

O movimento também é percebido ao avaliar o envolvimento das marcas em shows e festivais. “Estão menos interessadas em estar presentes somente com logotipos gigantes e mais dispostas a fazer parte do portfólio de conteúdos do evento, oferecendo experiências adicionais aos consumidores, que, por sua vez, enxergam valor na iniciativa”.

Segundo a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), o setor de espetáculos de cultura e entretenimento registrou crescimento de 46,6% e se consolidou como o maior gerador de empregos no país em 2023. O segmento registrou faturamento de 291,1 bilhões de reais em 2022. Como já cantava Freddy Mercury, o show deve continuar.

Outro fator que reflete a efervescência da era dos megashows é o crescimento dos festivais nos últimos anos, inclusive de nicho, como é o caso do Balaclava Fest, que é focado na cena indie. “A primeira edição, em 2015, ocorreu no Centro Cultural São Paulo com capacidade para 600 lugares. Este ano, recebemos mais de 3.500 pessoas no Tokio Marine Hall”, contam Rafael Farah e Fernando Dotta, sócios-fundadores do selo musical e produtora cultural Balaclava Records

O número de atrações do festival também aumentou. “A experiência dos megashows ultrapassa o interesse por determinado artista ou banda. É um ponto de contato forte com a comunidade, de descobertas de novos sons e de convívio social, que todos querem estar presentes e compartilhar nas redes sociais. Além do fator nostalgia, com o retorno de grandes artistas, a exemplo de Pavement e Titãs, e da entrada de produções internacionais, como o Primavera Sound e a Live Nation Entertainment”, finaliza Dotta.

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