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Depois do ITA e Stanford, ela criou o "Médico da saúde 2.0", negócio que recebeu R$ 65 mi em aportes

Isadora Kimura, engenheira aeronáutica do ITA, criou o “médico da saúde 2.0” ao digitalizar a jornada dos pacientes com a Nilo

Isadora Kimura, co-fundadora e CEO da Nilo: “A operadora consegue fidelizar o cliente e reduzir o custo do cuidar” (Leandro Fonseca/Exame)

Isadora Kimura, co-fundadora e CEO da Nilo: “A operadora consegue fidelizar o cliente e reduzir o custo do cuidar” (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 22 de março de 2024 às 06h00.

A mineira Isadora Kimura ostenta um currículo de peso. Engenheira aeronáutica formada pelo ITA, ela tem dois mestrados na Universidade Stanford (Estados Unidos) e 12 anos em startups de produtos digitais, como a brasileira Geekie e as americanas BetterUp e ­Quizlet. Mas foi em casa que materializou o poder de transformação e impacto que tinha nas mãos. “Minha avó passou por um processo de Alzheimer por dez anos, em que precisava de cuidado 24 horas, e minha mãe era a principal cuidadora”, afirma Kimura, cofundadora e CEO da Nilo Saúde, uma ­healthtech que opera aos moldes de um “médico da saúde 2.0” e aplica camadas digitais para oferecer um atendimento mais próximo aos pacientes. “Foi com essa experiência familiar que pensei em conectar todos os pontos que eu estudei entre engenharia e tecnologia para um atendimento mais eficaz na saúde.”

A Nilo foi criada em 2020, logo depois de a profissional retornar ao Brasil após 12 anos fora e perceber que a atenção médica ao quadro de sua avó continuava a mesma. “É um setor com muita oportunidade de impacto, mas ineficiente nos processos”, diz. Ao lado dos sócios Rodrigo Grossi e Victor Marcondes, ela colocou de pé a startup, inicialmente para pacientes com mais de 50 anos. “Eu e os meus sócios tínhamos uma conexão muito forte com o tema longevidade e o desejo de cuidar de uma parcela crescente da população que hoje representa os maiores custos e, ao mesmo tempo, a pior experiência no sistema de saúde.”

O modelo desenhado pela Nilo é a oferta de uma plataforma que reúne todas as informações dos pacientes em um mesmo lugar. Registro de consultas, vacinas e ainda agendamentos e consultas online ficam arquivadas lá — e o paciente não precisa repetir a mesma história a cada ida ao médico. Também usa canais digitais, como o WhatsApp, para facilitar as interações e passar orientações. A SulAmérica foi o primeiro cliente da startup, que viu a demanda crescer à medida que a pandemia se intensificava no país. “Pegamos o que tínhamos construído de sistema e oferecemos também para clínicas e hospitais que tinham equipes próprias”, diz. O foco também foi ampliado, incluindo pacientes de todas as idades.

Nessa trajetória, a Nilo atraiu investimentos superiores a 65 milhões de reais, o último em uma rodada série A no valor de 55 milhões em 2022, para fomentar essa jornada de cuidado do paciente entre seus clientes, como Beneficência Portuguesa, Porto e Grupo Fleury. Mais de 1 milhão de pessoas estão cadastradas na plataforma. “Com a nossa tecnologia, a operadora de saúde consegue fidelizar o cliente e ao mesmo tempo reduzir o custo do cuidar, porque, quando o paciente cuida de uma doença com o protocolo correto, a tendência é ele ficar saudável mais rápido, e isso custa menos para o sistema”, diz Kimura. A startup pretende agora cruzar a fronteira e operar em países da América Latina. Busca ainda entrar no SUS, a partir de acordos, para melhorar o atendimento em regiões mais carentes, como o Nordeste e a Amazônia.

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