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Para a presidente do Booking.com, diversidade é coisa séria

Para Gillian Tans, do Booking.com, as empresas de tecnologia precisam ter um papel ativo na promoção da igualdade entre homens e mulheres

Gillian Tans, do Booking.com: as cotas para mulheres não funcionam (Booking.com/Divulgação)

Gillian Tans, do Booking.com: as cotas para mulheres não funcionam (Booking.com/Divulgação)

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Filipe Serrano

Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 05h12.

Última atualização em 31 de janeiro de 2019 às 05h12.

A executiva holandesa Gillian Tans trabalha desde 2002 no site de hospedagem e reserva de hotéis Booking.com, o maior do mundo. Em 2016, ela se tornou a primeira mulher a liderar a companhia e hoje vem adotando uma série de iniciativas, como premiações e bolsas de estudo, para aumentar a participação das mulheres em empresas de tecnologia. Para ela, o problema  só vai ser resolvido se as empresas assumirem um papel ativo. De seu escritório em Amsterdã, ela deu a seguinte entrevista:

As empresas de tecnologia têm feito o suficiente para aumentar a presença de mulheres no setor?

Temos visto um movimento global para ampliar o número de mulheres na área de tecnologia. Mas há muito por fazer. No Fórum Econômico Mundial do ano passado, uma pesquisa mostrou que a divisão entre homens e mulheres, na verdade, aumentou.

Quais são os maiores obstáculos enfrentados?

Há vários desafios. Um deles é, claro, expandir o número de mulheres em cargos técnicos. Outro ponto é ter certeza de que elas possam chegar a cargos de liderança. É importante que as mulheres estejam bem representadas em cada nível da empresa.

Quais medidas podem ser tomadas pelas empresas?

É importante analisar os dados desde o recrutamento, passando pelos programas de treinamento e até a promoção, levando a diversidade em conta. Fazemos isso no Booking e tem ajudado.

Poderia explicar como funcionam esses processos?

No recrutamento, é preciso se certificar de que haja uma lista de candidatos diversificada, entre homens e mulheres. Em seguida, é preciso garantir que as pessoas que vão entrevistar os candidatos também tenham um perfil diverso. Na hora de dar uma promoção, novamente essa questão deve ser levada em conta. Então, em todos esses passos é necessário seguir uma política de diversidade. É por isso que agora temos uma pessoa no departamento de recursos humanos dedicada a aumentar a inclusão.

Qual é o papel do governo na igualdade de gênero?

Os governos podem ajudar na área de educação. Porque a divisão começa quando homens e mulheres escolhem o campo que querem estudar. Os governos podem incentivar as alunas a escolher carreiras técnicas ou auxiliar as escolas de computação a trazer mais alunas. Mas, uma vez que as mulheres entrem no mercado de trabalho, cabe às empresas garantir um ambiente adequado para que elas possam triunfar. Se quisermos de fato mudar, as empresas precisam levar essa questão a sério.

Países como Noruega e Finlândia obrigam as grandes empresas a ter um percentual mínimo de mulheres em conselhos de administração. O que acha da exigência?

Não tenho certeza se as cotas trazem uma mudança. Porque as empresas devem certificar-se que tenham as pessoas certas para aquela função. E isso nem sempre é garantido se a empresa precisa basear sua escolha no cumprimento de um número.

E para outras áreas das empresas?

Nas áreas técnicas, a divisão não pode ser solucionada com cotas porque não existe o número suficiente de mulheres formadas. Em alguns cursos, as alunas representam apenas 2%. De que adianta estabelecer uma cota se não é possível preencher as vagas? O que precisa mudar é ter mais mulheres nesses cursos. E é por isso que no Booking oferecemos bolsas de estudo para mulheres. Esperamos que isso ajude a reduzir as barreiras de entrada nas empresas de tecnologia. Mas ainda há muito a fazer.

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