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Carta de EXAME | A competição é sempre bem-vinda

Nenhuma empresa aberta brasileira teve, nos últimos três anos, sucesso tão estrondoso quanto o Magazine Luiza: a receita cresceu 111%

Com a presença digital, o concorrente do Magalu não é mais só a loja vizinha da Casas Bahia ou da Americanas, é também o colossal site chinês Alibaba (Magazine Luiza/Divulgação)

Com a presença digital, o concorrente do Magalu não é mais só a loja vizinha da Casas Bahia ou da Americanas, é também o colossal site chinês Alibaba (Magazine Luiza/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2019 às 05h16.

Última atualização em 8 de julho de 2019 às 15h11.

Nenhuma empresa aberta brasileira teve, nos últimos três anos, sucesso tão estrondoso quanto o Magazine Luiza: do primeiro trimestre de 2016 ao primeiro trimestre deste ano, sua receita cresceu 111% e o lucro foi multiplicado por 26. Desde que Frederico Trajano se tornou seu executivo-chefe, há três anos e meio, o Magazine Luiza — ou Magalu, sua marca digital — aumentou o valor de mercado em mais de 100 vezes, para 40 bilhões de reais.

Não é difícil achar quem acredite que as ações estejam hoje caras, que a empresa não deveria valer cinco vezes mais do que um concorrente (a Via Varejo) que tem receita 30% maior e margem de lucro muito parecida. Por essa ótica, o caminho mais provável para a empresa seria de estagnação ou mesmo decadência. Trajano, obviamente, não concorda com essa narrativa. No cenário com que ele trabalha, o momento é exatamente o de buscar ainda mais crescimento, com base nas vantagens comparativas que a empresa acumulou.

Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e Federica Mogherini, representante da União Europeia. Acordo deve estimular competição e afetar varejistas, como o Magazineluiza Olivier Hoslet/AP

A recente ascensão do Magazine Luiza se deu em meio ao aumento da competição no mercado brasileiro. De um lado, isso ocorreu porque as vendas de muitos produtos encolheram, efeito direto da recessão econômica que abateu o país, obrigando as empresas a brigar mais pelos consumidores. De outro, porque novas tecnologias, especialmente as digitais, estão impondo um fogo cruzado generalizado, com empresas invadindo campos de domínio umas das outras no mundo todo. O concorrente do Magalu, assim, não é mais só a loja vizinha da Casas Bahia ou da Americanas, é também o colossal site chinês Alibaba. Por mais duro que isso seja, o crescimento da concorrência é bem-vindo, porque obriga quem quer permanecer no jogo a se questionar e a melhorar — é algo que esperamos que aconteça com o Brasil agora que o ansiado acordo Mercosul-União Europeia foi assinado e começa a trilhar o caminho do papel para a prática.

Quando a Amazon, campeã do comércio eletrônico americano, desembarcou aqui, em 2012, fez tremer os então despreparados rivais brasileiros. O Magalu é a empresa que mais se mexeu até agora — ou pelo menos a que mais se mexeu na direção certa. Uniu vendas online e offline, montou uma estratégia que lhe permite fazer entregas rápidas (contando com a estrutura das lojas). E inaugurou um marketplace que vende em seu site artigos de terceiros (estratégia inaugurada pela própria Amazon) e fornece serviços aos parceiros. Comparadas aos gigantes internacionais, as empresas brasileiras são de porte pequeno. Mas, a julgar pelos resultados do Magalu, há espaço que elas podem ocupar. Determinação com os deveres de casa e abertura para a competição fazem parte do que é preciso para isso. Vale para as empresas, vale para o país.

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