Revista Exame

A catarinense WEG está cada vez mais multinacional

Mais da metade da receita da catarinense WEG já vem de exportações e de produção fora do Brasil. Essa tendência deve se acentuar nos próximos anos

Harry Schmelzer JR., da WEG: a empresa está investindo 135 milhões de dólares numa fábrica de motores na China (Raphael Günther/Exame)

Harry Schmelzer JR., da WEG: a empresa está investindo 135 milhões de dólares numa fábrica de motores na China (Raphael Günther/Exame)

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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2015 às 04h56.

São Paulo — Há cinco anos, a catarinense WEG, uma das maiores fabricantes de motores elétricos do mundo, traçou uma meta ambiciosa: chegar a 2020 com um faturamento de 20 bilhões de reais. O caminho à frente ainda é longo. No ano passado, a receita líquida do grupo atingiu 8,2 bilhões de reais (4,8 bilhões de reais só com a unidade de equipamentos elétricos).

Para executar seu plano, a WEG cada vez mais tem mirado o exterior. Hoje já obtém mais de metade das receitas por meio de exportações e de produção fora do Brasil. Um exemplo de como a estratégia funciona vem da China, onde a Weg mantém operações desde 2004. No ano passado, comprou o grupo Sinya-CMM, de Changzhou, fabricante de motores para eletrodomésticos.

Passou a ter quase 3 000 funcionários naquele país — no total, são 31 000 no mundo. Para a WEG, não se trata apenas de comprar capacidade instalada. “Com as aquisições, ganhamos novas competências e passamos a atuar em outros segmentos, aproveitando as sinergias para colocar nossos produtos em mais mercados”, diz seu presidente, Harry Schmelzer Junior.

Voltados para eletrodomésticos sofisticados, os motores chineses são diferentes dos fabricados pela empresa no Brasil. Isso abre novas perspectivas de negócios. Apostando no potencial da operação asiática, a WEG está investindo 135 milhões de dólares em ampliações e na construção de uma nova fábrica de motores industriais na China.

Deste lado do mundo, as operações da WEG no México estão recebendo 210 milhões de dólares de investimentos, de olho no mercado americano. A WEG tem fábricas em mais sete países: Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Portugal, Áustria, Alemanha e Índia. Pelos planos traçados, dois terços do crescimento da empresa nos próximos anos deverão vir do exterior.

Até aí, tudo bem. Hoje, a parte mais desafiadora é o terço restante, relativo ao Brasil. No mercado interno, as vendas de equipamentos industriais, motores para eletrodomésticos e tintas industriais encolheram no primeiro trimestre de 2015. Mas a diversificação da WEG permitiu compensar as perdas.

Os negócios com equipamentos para geração, transmissão e distribuição de energia vêm crescendo a passos largos, com destaque para um produto que a empresa começou a entregar somente no ano passado: geradores eólicos. “Estamos conseguindo crescer no Brasil graças aos novos negócios”, afirma Schmel­zer Junior.

Além de investir na criação de novos modelos de geradores eólicos, a companhia desenvolve soluções para a geração de energia solar. A Weg destina 2,5% da receita a pesquisa e desenvolvimento. Uma das apostas é a tração elétrica, área em que já fornece sistemas para embarcações e equipa protótipos de ônibus que funcionam 100% a bateria e estão em teste pelo país afora.

Quanto aos tradicionais motores elétricos industriais, o foco da WEG é a eficiência energética. “Se a indústria brasileira substituir seus motores antigos por novos, mais eficientes, terá redução de 6% no consumo de energia”, diz Schmelzer Junior.

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