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A "Brasil dependência" é papo-furado

Para o presidente do BID, nenhum país latino-americano teme a subordinação à economia brasileira. O sentimento é de orgulho pelo desempenho do Brasil

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2011 às 16h55.

Ex-embaixador colombiano nos Estados Unidos, o administrador de empresas Luis Alberto Moreno, de 57 anos, preside o Banco Interamericano de Desenvolvimento desde 2005. Entusiasta da aproximação entre China e América Latina, Moreno falou a EXAME, de Washington, antes de partir numa viagem para a Ásia.

1) Os Estados Unidos detêm cerca de um terço do capital do BID. De que forma o governo americano influencia as avaliações dos projetos do banco na Venezuela?

É verdade que os americanos são os principais acionistas do BID. Mas também é certo que todos os países da América Latina e do Caribe, juntos, possuem 51% das ações. Essa estrutura permite que os projetos sejam aprovados ou vetados sem favorecimentos.

2) O Brasil fala português e tem uma economia bastante diferente da de seus vizinhos. Fazemos parte da América Latina em termos culturais e econômicos?

Obviamente o Brasil é parte da América Latina. No sentido cultural, é um país latino-americano que fala um idioma muito semelhante ao espanhol. Do ponto de vista econômico, o Brasil é sócio do Mercosul e de outros países.

3) A presença de empresas brasileiras no restante da América Latina tem aumentado muito. Isso está criando uma reação de animosidade contra o Brasil?

O crescimento do Brasil é um orgulho para a região. As multinacionais brasileiras geram emprego e desenvolvimento econômico, assim como as empresas de alcance internacional de outros países. Por isso, elas são muito bem-vindas.

4) Qual é o perigo de uma “Brasil dependência” em economias da América Latina?

Não vejo esse fenômeno acontecer. O gargalo de investimento em infraestrutura e em outras áreas é tão amplo que os países latino-americanos buscam os investimentos estrangeiros sem preconceito.

5) Qual é o papel da China na América Latina?

O comércio que mais está crescendo no mundo é entre a América Latina e a Ásia. E o país que se destaca nesse cenário certamente é a China. O governo chinês sabe que a produção de matérias-primas da América Latina poderá garantir o intenso crescimento de sua indústria e de sua população nos próximos anos. O Brasil é o grande beneficiado porque é o maior país da região e tem mais matériasprimas para oferecer.

6) O destino da América Latina é continuar a ser apenas um fornecedor de matéria-prima?

O Brasil, com uma economia tão diversificada e competitiva, tem muitas oportunidades. O exemplo da Embraer é claro. O potencial do comércio com a Ásia é incrível. Para ficar em apenas dois exemplos, os argentinos podem vender sua produção de vinho e os chilenos podem exportar sua tecnologia antissísmica.

7) Quais são as economias mais dinâmicas da América Latina?

Fora o Brasil, países como Chile, Colômbia e Peru têm mostrado taxas de crescimento econômico consistentes. Em termos de tamanho, obviamente que não chegam nem perto da economia brasileira. Mas são países com perspectivas muito positivas.

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