Revista Exame

A bolsa saiu para o Carnaval e está voltando

Depois do tombo em março, empresas brasileiras recuperam seu valor de mercado e se aproximam dos níveis em que estavam antes da pandemia

Fábrica da WEG: uma das empresas que mais se valorizaram em cinco meses (Germano Luders/Exame)

Fábrica da WEG: uma das empresas que mais se valorizaram em cinco meses (Germano Luders/Exame)

Há quem ache que as coisas no Brasil só começam a funcionar depois do Carnaval. Neste ano, com a pandemia da covid-19, pode-se dizer que os investidores da bolsa saíram para a principal festa popular do país e só agora estão retornando ao ritmo de antes da folia. “Saímos para o Carnaval e, na volta, o mercado acionário já sentia a crise que começava nos Estados Unidos”, diz Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da consultoria Economatica. Em 21 de fevereiro, início da festa dos foliões, o conjunto das 279 empresas brasileiras na bolsa B3 valia cerca de 4,5 trilhões de reais. Em 23 de março, chegou ao fundo do poço — menos de 2,7 trilhões de reais. Só a partir de 10 de julho, com a estabilização da pandemia em alguns estados, o quadro começou a melhorar de forma mais consistente. “Os números mostram uma retomada em andamento”, diz Rivero. Ainda assim, o valor total de mercado das empresas brasileiras está 7% abaixo do nível pré-Carnaval.

A pedido da EXAME, a Economatica fez um levantamento do desempenho na bolsa dos principais setores das companhias que serão destacadas na edição 2020 de MELHORES E MAIORES. O setor de máquinas industriais foi o que teve maior alta nos últimos cinco meses, com uma valorização de 71,5%. Um dos destaques é a fabricante de motores elétricos WEG, que ficou entre as cinco empresas no país que mais ganharam valor no período. Com quatro unidades de produção na China, a WEG conseguiu tirar proveito disso. “Pudemos aprender e copiar os protocolos implementados na China”, diz André Luis Rodrigues, diretor administrativo e financeiro da WEG. Para compensar a queda na demanda por motores de baixa tensão e comerciais, a empresa apostou nos produtos de ciclos longos, como os motores de média e alta tensão, cuja demanda é mais estável. O dólar alto também tem ajudado — no ano passado, 58% da receita veio do mercado externo.

A alta do dólar tem beneficiado outras empresas, como a mineradora Vale, a companhia que mais valorizou no período. “O minério de ferro teve uma alta forte, de 60 dólares para mais de 100 dólares a tonelada”, diz Mario Mariante, analista-chefe da corretora Planner. O dólar caro, por outro lado, atrapalha setores como o de transportes, cujas empresas estão entre as que mais perderam valor no período. “As companhias aéreas têm uma recuperação de longo prazo, com muitas dívidas que se agravam com o dólar alto”, diz Mariante.

Um setor que se recuperou bem do tombo pós-Carnaval foi o comércio, com alta de 33,2% em cinco meses. Um exemplo é o Magazine Luiza. Depois do baque em março e abril, a rede varejista teve nos primeiros 20 dias de maio um crescimento nas vendas de 46% em relação ao mesmo período do ano passado, mesmo com a maioria de suas mais de 1.000 lojas físicas fechadas por causa da quarentena. “Isso foi possível porque ampliamos as categorias de produtos no nosso aplicativo de vendas”, diz Julio Cesar Trajano Rodrigues, diretor executivo comercial do Magalu. Segundo ele, a pandemia acelerou a integração logística entre as lojas físicas e os canais digitais. “O que vamos fazer agora é persistir para que essas mudanças permaneçam.”

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresMelhores e Maiores

Mais de Revista Exame

Aprenda a receber convidados com muito estilo

"Conseguimos equilibrar sustentabilidade e preço", diz CEO da Riachuelo

Direto do forno: as novidades na cena gastronômica

A festa antes da festa: escolha os looks certos para o Réveillon