Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2017 às 05h00.
Última atualização em 10 de agosto de 2017 às 05h00.
Nos últimos anos, poucas empresas do setor apostaram tanto na ideia de associar leite à saúde quanto a goiana Laticínios Bela Vista. Os irmãos César e Marcos Helou, donos da empresa, decidiram investir na pesquisa de novos produtos para descobrir nichos de mercado pouco explorados na linha saudável.
Quando perceberam a falta de itens com 0% de lactose nas prateleiras, apressaram o desenvolvimento de opções para atender consumidores alérgicos e intolerantes a esse açúcar presente no leite.
“Nossas pesquisas apontaram que 70% dos brasileiros têm algum tipo de intolerância ao componente”, diz César, diretor de relações institucionais da empresa. “O que o mercado oferecia eram produtos com baixo teor de lactose, incapazes de atender uma parcela considerável de consumidores. O nosso é zero de verdade.”
O leite sem lactose foi lançado pelo Bela Vista em 2012 com a marca Piracanjuba. Três anos depois, já era o mais vendido do Brasil nessa categoria. A família de produtos inclui bebida com sabor de chocolate, doce de leite, leite condensado e creme de leite. O Bela Vista oferece outros produtos com ingredientes saudáveis, como linhaça e chia, além de uma linha para crianças e outra para quem faz dietas.
Nascida em 1955 como uma pequena fábrica de manteiga, o Bela Vista conta hoje com um leque de mais de 150 produtos, que chegam ao mercado sob quatro diferentes marcas: Piracanjuba, Pirakids, LeitBom e Chocobom. A diversificação dos produtos ajudou a empresa a reduzir sua dependência em relação à venda do leite tradicional. “Alguns anos atrás, o leite longa-vida representava metade do nosso faturamento.
Hoje responde por um terço da receita”, diz César. A estratégia de diversificação é fundamental num setor em que a maioria dos consumidores é pouco fiel às marcas — poucas pessoas vão a um supermercado atrás de uma marca específica de leite. Some-se a isso a recessão no país, que reduziu o consumo de leite. Dados oficiais mostram que, em 2016, as indústrias compraram dos produtores quase 4% menos leite do que no ano anterior.
Para reverter o cenário desfavorável, César diz que não há outra saída: “Não podemos parar de investir”. Foi assim também há alguns anos, quando o Bela Vista decidiu aproveitar a época de juros baixos do BNDES para expandir a produção. Do financiamento do banco público vieram os recursos para construir a fábrica de Governador Valadares, em Minas Gerais, inaugurada em 2014. A unidade mineira permitiu aumentar a capacidade de produção de 3 milhões de litros de leite por dia para 5 milhões.
A empresa tem fábricas também em Bela Vista de Goiás, Maravilha (Santa Catarina) e Doutor Maurício Cardoso (Rio Grande do Sul). O resultado desses investimentos aparece no balanço de 2016. Num ano ruim para o setor, o Bela Vista faturou 844 milhões de dólares, 16% mais do que em 2015, e lucrou 46 milhões de dólares. “Os investimentos nos deram condições de crescer num momento de fraqueza do setor”, diz Marcos Helou, diretor industrial do Bela Vista.