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A Alexa da cana-de-açúcar

Uso de inteligência artificial levou produtividade da cana no Nordeste aos melhores níveis do país

A implantação do sistema da Solinftec resultou em economia de 3,5 milhões de reais em logística, incluindo menos gasto com combustível (Divulgação/Divulgação)

A implantação do sistema da Solinftec resultou em economia de 3,5 milhões de reais em logística, incluindo menos gasto com combustível (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 22 de março de 2023 às 06h00.

“Alice, como está o clima hoje?” É assim, conversando com assistentes virtuais em meio à lavoura, que o agronegócio tem aderido à tecnologia de ponta para aumentar a produtividade. A “Alexa da cana-de-açúcar” já existe. Alice é o nome da personagem que assume a inteligência artificial por trás do SaaS (software as a service) criado pela empresa ­Solinftec.

Colheitadeiras, transbordo — caçamba acoplada aos tratores para receber a cana —, painéis de irrigação, entre outras etapas da safra, todos geram e trocam dados em tempo real para aumentar a produtividade do que virará açúcar e etanol. Nos municípios de Igreja Nova e Marituba, em Alagoas, as duas unidades da Usina Caeté possuem 39.000 hectares de área plantada e coberta pela Alice.

Inteligência artificial no campo

A empresa investiu 700.000 reais em 2021 para implantar todo o sistema, que gerou economia de 1 milhão de reais em combustível. “Tínhamos um desempenho de cerca de 70.000 toneladas de cana por máquina. Quando introduzimos a tecnologia, passou para 100.000. Ganho adicional de 30%, num intervalo de um ano para o outro”, conta Mário Sérgio Matias Silva, superintendente agroindustrial da Usina Caeté. Para além do retorno sobre investimento, houve também a economia de 3,5 milhões de reais em logística, com menor gasto de combustível e menos desgaste das máquinas.

A operação da cana-de-açúcar ocorre em 210 dias por ano, 24 horas por dia, em três turnos de equipe. Isso significa máquinas circulando pelos hectares, consumindo combustível quase o ano inteiro, em um arranjo entre colheitadeira, transbordo e deslocamento à usina. Silva conta que a Alice identifica qual transbordo está mais perto da colheitadeira e define pela geolocalização para onde o operador de máquina deve ir. Quando o transbordo fica cheio em 50% da capacidade, a assistente já aciona a caçamba mais próxima. O resultado é uma produtividade de 60 toneladas por hectare e a moagem de 1,6 milhão de toneladas na safra 2022, em linha com a produtividade registrada no Centro-Sul, maior região produtora do país.

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