As quatro capas desta edição: diversidade de histórias, mas o mesmo potencial de transformação (Germano Lüders/Exame)
Thiago Lavado
Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às 18h53.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2021 às 18h54.
Como parte da cobertura das 50 startups que mudam o Brasil, a Exame reuniu empreendedores de algumas das empresas selecionadas para uma discussão sobre o momento que fundadores e startups vivem no país.
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A conversa aconteceu no aplicativo Clubhouse, nesta sexta-feira, 19, e contou com a participação de seis das 50 startups. Estavam presentes Mariana Vasconcelos, fundadora e presidente da AgroSmart, startup especializada em inserir tecnologia e dados na agricultura, Israel Salmen, um dos fundadores da Méliuz, plataforma de programas de pontos e cashback, uma das maiores startups da lista e que já realizou abertura de capital da B3.
Também estiveram presentes Akin Abaz, da InfoPreta, negócio dedicado à democratização da tecnologia, com inserção de negros, mulheres e grupos pouco representados no setor, Felipe Villela, fundador da Renature, uma startup de sistemas de agricultura para regeneração de plantio e redução de agrotóxicos, Victor Dellorto, da Deskfy, especializada no desenvolvimento de software para gestão de campanhas publicitárias, e Gustavo Maia, da Colab, govtech que desenvolve uma plataforma para conectar empresas, governos e cidadãos.
Os empreendedores falaram sobre o atual momento das startups no Brasil, sobre as mudanças nesse setor e a dificuldade de encontrar investidores e conseguir capital para expansão e também sobre representatividade e inclusão, tema cada vez mais caro ao mercado e às empresas.
“O Brasil não é um país fácil de empreender, mas vimos a evolução do ecossistema nos últimos 10 anos, com aceleradoras e incubadoras, até mesmo as instituições financeiras que passaram a entender o modelo e prover capital. A indústria de venture capital teve um avanço enorme. Esse amadurecimento tira algumas das barreiras de quem quer empreender”, afirmou Dellorto da Deskfy.
Vasconcelos, da AgroSmart, mencionou as dificuldades que encontrou no início, mas disse que os investidores estão olhando mais para impacto e gestão social agora. “Quando a gente começou, [o mercado] era muito menos estruturado e acessar um fundo de investimento era muito mais difícil”, disse. “Hoje há mais abertura, mas vejo que ainda tem um gap de investimento entre os séries A e o C. Acho que o ESG pode ajudar a movimentar mais capital de risco, trazendo empresas maiores que estão olhando para iniciativas de impacto social”.
Salmen, da Méliuz, concorda com a visão da empreendedora de que faltam iniciativas para apoiar as startups no meio da sua jornada de captação, mas vê com bons olhos novos movimentos para tentar reparar esse problema, como o fundo Atlantico, especializado em séries B. "Outro movimento legal é que fundadores de dez anos atrás, que venderam suas companhias, começaram a investir em outras empresas de estágio inicial. É um ciclo muito virtuoso, que dá oportunidade para que outros empreendedores acessem capital.”
Já Abaz, da InfoPreta, apresentou um outro lado da moeda. Ele, que começou a empresa com capital do próprio bolso, cresceu com prêmios e concursos de inovação. “Se a gente olhar os empreendedores que vêm de baixo, é impossível uma empresa investir milhões numa startup local, pequena”, disse. “Muitos não conseguem ganhar dinheiro e não conseguem seguir com a empresa. Mesmo em 2021 o mercado ainda está muito difícil para quem empreende, principalmente para quem empreende por necessidade”, disse.
O grupo de empreendedores também discutiu as iniciativas de diversidade que começam a pipocar no mercado, como fundos de investimento especializados em negócios com fundadores negros e mulheres. "Como mulher, tenho dificuldade de fundraising enorme e não vejo muitas iniciativas que facilitem o acesso. Especialmente no nosso estágio, que precisa de capital estrangeiro, são poucos os fundos que olham por essa perspectiva", diz Vasconcelos.
Já Gustavo Maia, da Colab, ressaltou o quanto a diversidade pode ser importante para o bem-estar interno das empresas. "Como é um negócio que trabalha com políticas públicas, não é nem escolha ser diverso ou não. A empresa foi fundada por quatro homens, então buscamos sempre trazer novas lideranças - e tem que ir além de gênero."