Revista Exame

3tentos acelera agricultura regenerativa em 25 mil fazendas no RS e promove ganhos econômicos

Com foco em produtividade, comercializadora agrícola busca voltar atenção do setor para os inegáveis desafios climáticos

Com o objetivo de escalar o modelo sustentável, a 3tentos criou incentivos financeiros e oferece bônus na venda para produtores (Leonardo Yorka/Exame)

Com o objetivo de escalar o modelo sustentável, a 3tentos criou incentivos financeiros e oferece bônus na venda para produtores (Leonardo Yorka/Exame)

Publicado em 26 de junho de 2025 às 06h00.

No ano em que celebra três décadas de história, a 3tentos, comercializadora de grãos e insumos agrícolas, opera com estratégia socioambiental consolidada em três frentes: transição energética, segurança alimentar e desenvolvimento humano. Listada na B3 desde 2021, a companhia gaúcha fechou 2025 com entrada no mercado de etanol e investimento de 1 bilhão de reais em nova indústria de processamento de milho em Porto Alegre do Norte (MT), com inauguração prevista para 2026.

“Os investimentos na região industrial são em cidades pequenas. Logo, temos um significativo impacto a partir da geração de trabalho e renda”, destaca João Marcelo Dumoncel, CEO da empresa. Um exemplo é o canteiro de obras de Porto Alegre do Norte, que emprega 1.600 dos 12.000 habitantes do município.

Entre as ações ambientais estão plantio direto, rotação de culturas, cobertura de solo, sistemas integrados e uso de produtos biológicos. O objetivo é reduzir impacto enquanto o negócio cresce de forma sustentável. A principal aposta é o aumento da produtividade. “Não há preservação mais eficiente do que produzir mais no mesmo local e diminuir a pressão por novas áreas”, defende o executivo.

A empresa acompanha 25.000 propriedades rurais, oferecendo assistência técnica e mensuração das ações de agricultura regenerativa. O foco são médios e pequenos produtores concentrados no Rio Grande do Sul. A mudança de comportamento tem sido gradual, mas consistente. “A principal virada é que esses produtores percebem um valor econômico para além dos benefícios ambientais”, observa o executivo.

“Entendemos ESG como um conjunto de práticas que genuinamente melhora o desempenho econômico e gera entregas positivas para stakeholders, colaboradores, sociedade e comunidades onde estamos inseridos”, explica.

A abordagem integrada reflete a visão de que o setor que mais contribui para as emissões no Brasil pode ser “causa, consequência e solução” para os desafios climáticos.

Com o objetivo de escalar o modelo sustentável, a 3tentos criou incentivos financeiros e oferece bônus na venda para produtores alinhados com as práticas recomendadas. Um dos destaques é o programa “Selo Carbono”, que avalia a sustentabilidade nos sistemas de produção de soja de cerca de 400 fazendas gaúchas e concluiu que a pegada ambiental está abaixo da média nacional.

No segmento de energias renováveis, produz biodiesel certificado pelo RenovaBio, garantindo procedência da matéria-prima. Além disso, um selo visa a inserção de agricultores familiares nessa cadeia, promovendo inclusão social e geração de renda.

Atualmente, a empresa possui quatro parques industriais: dois no Rio Grande do Sul (Cruz Alta e Ijuí) e dois em Mato Grosso (Vera e Porto Alegre do Norte), o último em construção. Com a nova unidade de processamento de milho, a 3tentos pretende expandir a descarbonização e ampliar a rastreabilidade socioambiental junto com produtores parceiros, consolidando seu modelo sustentável em escala nacional.

DESTAQUES DO SETOR

SLC Agrícola

Na SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de soja, milho e algodão do Brasil, a estratégia ESG alia a visão de negócios aos cuidados socioambientais. Com investimentos focados em agricultura digital para uma produção mais eficiente e sustentável, alcançou economia de 86 milhões de reais na safra 2023/2024. E, no ano passado, formalizou sua Política de Sustentabilidade, abrangendo proteção ambiental, gestão de resíduos e recursos hídricos, alinhada a um compromisso anterior, de desmatamento zero, firmado em 2021.

De lá para cá, a SLC não converte novas áreas com vegetação nativa para o uso. As metas atuais incluem neutralizar emissões de gases de efeito estufa de suas operações e do consumo de energia até 2030, certificar suas 23 fazendas produtivas, além de criar incentivos em educação para colaboradores e expandir as práticas de economia circular.

Kepler Weber

Companhia centenária de soluções de armazenagem e movimentação de grãos, a gaúcha Kepler Weber encara a sustentabilidade não como um pilar, mas como uma diretriz transversal que orienta decisões em todas as frentes, do desenvolvimento de produtos à gestão industrial. Os resultados têm sido significativos. Em 2024, tratou 20 milhões de litros de água, destinou 90% dos resíduos para reciclagem e utilizou 60% de energia renovável nas operações.

E ainda investiu em inovação. Um exemplo está na nova linha de pintura a pó na planta de Panambi (RS), que reduziu 40% das emissões de CO₂ e 92% do desperdício de tinta. Para 2025, com previsão de recursos da ordem de 1,9 milhão de reais em projetos sociais, a empresa deve lançar três novos produtos com foco em eficiência energética e menor impacto ambiental, além de destinar parte dos recursos para projetos sociais.

Acompanhe tudo sobre:1276AgriculturaMelhores do ESGAgronegócio

Mais de Revista Exame

Estagnado há 4 décadas, Japão vê novo obstáculo com tarifas de Trump

Um bilhão para casar: o mundo do bilionário casamento indiano

Einstein reduz 60% das emissões com energia eólica e engaja 3 mil fornecedores em ESG

Avião e feijão: Brasil e Índia podem aumentar parcerias em defesa e no agro, diz embaixador