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10 milhões de desenhos por hora no Draw Something

Como o Draw Something, o jogo para smartphones mais popular do mundo no momento, transformou uma empresa falida num negócio multimilionário em apenas seis semanas

Draw Something: o jogo para smartphones mais popular do mundo no momento (Reprodução)

Draw Something: o jogo para smartphones mais popular do mundo no momento (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2012 às 06h00.

São Paulo - Os 42 funcionários da OMGPOP, uma empresa iniciante de games com sede em Nova York, tiveram um final de 2011 sombrio. Coube a Dan Porter, cofundador e presidente da OMGPOP, a tarefa de dar a notícia triste: os 17 milhões de dólares arrecadados entre 2009 e 2011 por meio de fundos de investimento não haviam produzido frutos — a empresa lançara 35 jogos fracassados.

A OMGPOP fecharia as portas em maio de 2012. Antes, porém, Porter tentaria sua última cartada: adaptar o Draw Something, uma versão do jogo Imagem & Ação para o Facebook, num aplicativo para smartphone. Nele, um jogador é desafiado a acertar a palavra que traduz o desenho que outro jogador está fazendo.

Porter desconfiava que rabiscar com os dedos era muito mais divertido do que usar o mouse. E estava certo. No dia 6 de fevereiro, o Draw Something estreou na iTunes Store, loja de aplicativos da Apple. Seis semanas depois, com 35 milhões de downloads e o posto de aplicativo mais baixado em 85 países, a falida OMGPOP foi comprada por 180 milhões de dólares pela Zynga, referência em jogos online.

Algumas pistas ajudam a explicar o sucesso repentino do Draw Something. Sim, é mais divertido desenhar com os dedos. Mas Porter soube identificar tendências e planejar a estratégia de lançamento. O jogo foi concebido para não ter um vencedor. Isso diminui a frustração e faz com que os jogadores passem mais tempo no aplicativo.

Além disso, Porter espalhou anúncios em jogos gratuitos populares, criando uma rede no universo dos games. Por fim, manteve sua equipe concentrada em analisar o que era publicado sobre o jogo em redes sociais. “Passamos janeiro colhendo sugestões e arrumando as falhas apontadas pelos usuários”, diz Porter.

Apesar disso, ele demonstra surpresa com o estrondoso sucesso do Draw Something. “Nossa expectativa mais otimista era chegar a 5 milhões de downloads em três meses”, afirma. Na primeira semana de abril, o jogo ultrapassou os 50 milhões de down­loads, com média de 10 milhões de desenhos feitos por hora.


Se em números o sucesso do Draw Something não deixa dúvidas, uma questão surgiu assim que o negócio entre a Zynga e a OMGPOP foi fechado. Por que a Zynga, que tem 280 milhões de usuários só em smartphones,  não “clonou” o jogo, criando seu Imagem & Ação?

Para Josh Constine, analista do blog de tecnologia TechCrunch, a OMGPOP foi o melhor caminho para acelerar uma transformação que a Zynga tenta fazer há tempos: deixar de ser uma empresa de jogos online para se tornar uma fornecedora de aplicativos para smartphone e tablet.

Com a compra, os novos donos levaram não um jogo, mas um time de engenheiros especializados em games para smartphone, profissionais disputados no mercado. Também concretizou um plano antigo de montar um escritório em Nova York — que terá Porter como comandante. E ainda acrescentou uma base de milhões de usuários. 

Para Constine, a Zynga usará essa base para gerar mais audiência para seus outros jogos. E tentará repetir nos smart­phones a estratégia responsável pela maior parte de seu faturamento online: convencer seus jogadores a gastar dinheiro enquanto se divertem.

Ou será que um fã do Draw Something não pagaria para ter um kit de pincéis capazes de fazer desenhos mais bonitos e engraçados? A Zynga foi uma das empresas que melhor souberam tirar proveito dos quase 900 milhões de usuários do Facebook no mundo. O desafio é repetir o feito com os smartphones.

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