Revista Exame

1,3 milhão de dólares por quarto do Savoy

Esse foi o valor investido na reforma de quase três anos do Savoy, o mais tradicional e luxuoso hotel de Londres, que reabriu suas portas no começo deste mês

Fachada do Savoy: levando em conta que o hotel tem 268 suítes, chega-se a um total de 1,3 milhão de dólares gasto por quarto (Oli Scarff /Getty Images)

Fachada do Savoy: levando em conta que o hotel tem 268 suítes, chega-se a um total de 1,3 milhão de dólares gasto por quarto (Oli Scarff /Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2011 às 15h27.

Todo hotel que se preza possui uma suíte real, mas pouquíssimos são aqueles que, ao longo de várias décadas, realmente hospedaram a realeza. Entre eles, está o Savoy Hotel, palco da primeira aparição pública da então princesa Elizabeth ao lado de seu futuro marido, o príncipe Philip, em 1946.

Foi também o Savoy o lugar escolhido por Elizabeth para sua festa de coroação, sete anos depois. Décadas antes, no fim do século 19, o rei do Marrocos, Hassan I, mandou despachar 25 camas iguais às do hotel para seus palácios depois do que chamou de “a noite de sono mais reconfortante que já experimentei”.

O Savoy foi o primeiro hotel de luxo da Inglaterra, inovando ao ter iluminação elétrica, elevador (chamado à época de “quarto de subir”) e banheiro em todos os quartos. Transformou-se na “casa londrina” de estrelas do quilate de Katharine Hepburn, Coco Chanel e Claude Monet, que fez uma pintura da vista de seu quarto — uma versão impressionista da ponte de Waterloo. Mas mesmo templos de tradição e glamour, como o Savoy, precisam, às vezes, passar por situações prosaicas, como uma obra no encanamento e na rede elétrica.

Em dezembro de 2007, o hotel fechou as portas para uma obra  planejada para durar 16 meses e custar 158 milhões de dólares. À medida que os operários abriam paredes para resolver um problema, acabavam encontrando outro muito mais urgente. O pior deles foi a descoberta de que uma extensão do hotel feita em 1910 estava a ponto de desabar.

Sem uma fundação digna desse nome, as paredes estavam seguras pelo teto. Foram necessários sensores a laser e 200 toneladas de aço para construir uma fundação sem precisar derrubar essa parte do prédio. O resultado foi que os 16 meses se transformaram em quase três anos e os 158 milhões de dólares extrapolaram para 348 milhões.

Levando em conta que o hotel tem 268 suítes, chega-se a um total de 1,3 milhão de dólares gasto por quarto. “O Savoy é um ícone, mas não passou por nenhuma restauração completa em mais de um século e, francamente, estava precisando”, diz Chris Cahill, presidente da Fairmont Hotels & Resorts, empresa americana dona do hotel desde 2005. Quando o Savoy finalmente reabriu suas portas, no começo de outubro, estava claro que começava uma nova era para o hotel.


Sinais de recuperação

Logo na entrada, os hóspedes encontram uma fonte de cristal da marca francesa Lalique emoldurada por chão e colunas de mármore, já que a recepção propriamente dita não existe mais. Também foram abolidas a assinatura de conta nos restaurantes e qualquer outra burocracia que possa aborrecer os clientes (o check-in é feito no próprio quarto).

Bem no centro do edifício, o Thames Foyer, onde é tomado o chá da tarde, abriga um jardim de inverno sob uma enorme cúpula de vidro, réplica da anterior. A original havia sido pintada de preto durante a Segunda Guerra Mundial para evitar que os aviões alemães localizassem luzes à noite e bombardeassem Londres. No bar, onde já brilharam George Gershwin e Frank Sinatra, parte das paredes foi pintada de ouro.

Em retrospectiva, é possível dizer que a longa obra do Savoy aconteceu na hora certa. Devido à crise econômica, a receita gerada pelo turismo na Inglaterra caiu 2,4% em 2008 e mais 7% em 2009, segundo dados da Organização Mundial do Turismo. Recentemente foram registrados os primeiros sinais de recuperação e as previsões são extremamente positivas.

Um estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers prevê ocupação recorde nos hotéis londrinos em 2011. Em 2012, ano em que a cidade sediará os Jogos Olímpicos, a procura deverá ser maior ainda.

O Savoy Grill, o principal restaurante do hotel, é uma das únicas partes que ainda estão em obras. A inauguração está marcada para novembro e o novo responsável pelo empreendimento será Gordon Ramsay, chef britânico que estrela o reality show Hell’s Kitchen.

Na tentativa de se adaptar às novas tendências, o Savoy pós-reforma tenta ser mais verde que o próprio Greenpeace. Foram gastos 3,8 milhões de dólares para reduzir suas emissões de carbono.

O Savoy agora possui uma frota de carros híbridos e bicicletas (da BMW), usa restos de comida para suprir 20% da eletricidade dos quartos, transforma o óleo usado nos restaurantes em biodiesel e conta com um sistema de recolhimento de lixo do Tâmisa, localizado a poucos metros. Arrebatado, louco para passar uma noite na suíte real do novo Savoy? É só pagar 16 000 dólares.

Acompanhe tudo sobre:Edição 0978EuropaHotéisHotelariaLondresLuxoMetrópoles globaisReino UnidoRestaurantes

Mais de Revista Exame

Aprenda a receber convidados com muito estilo

"Conseguimos equilibrar sustentabilidade e preço", diz CEO da Riachuelo

Direto do forno: as novidades na cena gastronômica

A festa antes da festa: escolha os looks certos para o Réveillon