Videocasts: 40% dos brasileiros consomem conteúdo de podcasts em formato de vídeo (Sergey Mironov/Getty Images)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 15 de novembro de 2025 às 10h08.
Tendo o segundo maior mercado do mundo, atrás apenas dos EUA, os podcasts no Brasil já enxergam uma nova categoria chegando com força: os videocasts.
No Brasil, a produção em áudio ainda predomina, mas há um aumento na criação de videocasts, que representam 40,96% do total, segundo a PodPesquisa 2024/2025 da Associação Brasileira de Podcasters (ABPod).
De olho nisso, grandes plataformas como TikTok e Netflix buscam ampliar sua oferta de podcasts em vídeo. Roman Wasenmüller, diretor de podcast do Spotify, afirmou à AFP que esta tendência "marca um novo capítulo" do setor.
Na arena de videocasts, o YouTube é a plataforma predominante.
O serviço abriga 33% dos podcasts dos Estados Unidos, segundo a Edison Research, com a audiência batendo mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Em 2024, 81% dos ouvintes de podcasts utilizaram o YouTube para descobrir novos programas.
A plataforma oferece aos produtores de programas de áudio a possibilidade de gerar vídeos via inteligência artificial, além de já ser consolidada como plataforma de conteúdo em vídeo original, fora da mídia tradicional.
O Spotify também aderiu à tendência.
No final de setembro, a empresa sueca informou à AFP que ao menos 390 milhões de seus usuários haviam visto ao menos um podcast em vídeo.
Entre 2024 e 2025, o consumo de videocasts cresceu 70% na plataforma, enquanto a base de ouvintes mensais subiu 90%, de acordo com dados divulgados pela própria empresa.
Pioneira na era do streaming, a Netflix chegou tarde à onda dos videocasts, mas chegou.
No início de 2026, de uma dúzia de programas licenciados do Spotify chegarão à plataforma. Segundo a Business Insider, a Netflix pretende ganhar terreno rapidamente com a transmissão de mais de 50 videocasts. A ideia é chegar a 200 produções próprias.
O TikTok anunciou na última uma colaboração com a gigante da rádio americana iHeartMedia.
O objetivo é lançar até 25 programas apresentados por influencers. "Estamos combinando as nossas vastas redes para oferecer conteúdo relevante em grande escala", afirma Rich Bressler do iHeartMedia à AFP. "É uma vitória tanto para os criadores quanto para os seguidores e as marcas", diz.
O Spotify lançou seus primeiros podcasts em vídeo no Brasil em 2022, com Psicologia na Prática, de Alana Anijar, e o Podpah Verão, em parceria com o Grupo Podpah.
Em 2025, sete dos dez podcasts mais populares da plataforma já tinham versão em vídeo.
O Spotify continua sendo a plataforma preferida de brasileiros para consumo de podcasts, com 49,71% de preferência dos ouvintes, seguido pelo YouTube com 25,57%, segundo a ABPod.
A frequência de consumo é alta: 40,23% dos ouvintes consomem conteúdo diariamente e 23,56% mais de uma vez ao dia.
Segundo a Emarketer Brasil, em 2023 o país já era o segundo com maior número de ouvintes de podcasts no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Cerca de 56 milhões de brasileiros consumem podcasts regularmente.
A junção entre esse mercado e os serviços de streaming pode ser mutuamente vantajosa no Brasil. Produtores de podcasts, apesar da popularidade de seus programas, apresentam dificuldades financeiras.
Entre os produtores, 29,58% indicaram que a monetização é o principal desafio que enfrentam, segundo a ABPod. A maioria (57,50%) ainda financia seus projetos com recursos próprios, enquanto 18,75% conseguem monetizar via patrocínios ou publicidade.