Redator na Exame
Publicado em 21 de junho de 2024 às 11h12.
Julio Alcalde, CEO da imobiliária Élite Alcalá, está no centro de uma polêmica após anunciar a venda de um sótão de 27 metros quadrados por 199 mil euros, o equivalente a R$ 1,16 milhão. O imóvel, localizado no bairro de Chamberí, em Madrid, na Espanha, é uma das regiões mais caras da capital espanhola, com o metro quadrado avaliado em mais de R$ 29,2 mil.
O sótão, que possui teto inclinado em metade da área, será vendido "completamente equipado" com eletrodomésticos e móveis, e oferece acesso a um terraço compartilhado com outros seis vizinhos. O anúncio, postado no Instagram, gerou indignação entre os internautas, que criticaram o preço elevado e questionaram a conduta do corretor, acusando-o de desconexão da realidade ao anunciar o espaço como adequado para moradia.
Nas redes sociais, usuários expressaram sua revolta, questionando se Alcalde não sente "vergonha" por fazer o anúncio e sugerindo até denunciar a imobiliária. As críticas também atingiram a empresa, Élite Alcalá, que foi alvo de reclamações devido ao valor considerado exorbitante para um espaço tão pequeno.
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Julio Alcalde | Inmobiliaria Élite Alcalá (@julioalcalde.elite)
Alcalde se defendeu das críticas, afirmando ser apenas um intermediário e trabalhador, e destacou que se ele não fizesse o trabalho, outro faria. Ele argumentou que essa é a realidade do mercado imobiliário em que estão inseridos e que isso não é problema dele. Comparou a situação com o preço elevado de produtos de consumo, como azeite.
Durante sua participação no programa televisivo espanhol TEM, Alcalde admitiu que ele mesmo jamais pagaria 199 mil euros (R$ 1,1 milhão) pelo imóvel. Mesmo assim, reafirmou que sua função é apenas intermediar a venda e que o valor é reflexo do mercado imobiliário atual.
O debate gerado pelo anúncio levantou questões importantes sobre o direito à moradia digna e os desafios enfrentados pelo mercado imobiliário em grandes centros urbanos, onde os preços elevados frequentemente excluem a população de baixa renda de áreas centrais e bem localizadas.