Stranger Things: primeira parte da última temporada tem estreia marcada para 26 de novembro na Netflix (Netflix/Divulgação)
Repórter
Publicado em 18 de outubro de 2025 às 08h00.
A reta final de "Stranger Things" promete ser o momento mais grandioso — e mais desafiador — da trajetória criativa dos irmãos Matt e Ross Duffer. Em entrevista à revista Variety, os criadores da série falaram sobre a pressão para entregar um final à altura do fenômeno global que lançaram em 2016, o esforço criativo nos bastidores e o investimento milionário por episódio — estimado entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões.
“Há todo esse peso adicional agora. Parece que há o ‘Olho de Sauron’ sobre nós — muitas pessoas assistindo, muitas expectativas. Muito dinheiro está sendo gasto”, afirmou Matt Duffer. A produção, que combina tramas adolescentes, nostalgia dos anos 1980 e horror sobrenatural, é a terceira série em língua inglesa mais assistida da Netflix, com mais de 1 bilhão de horas vistas.
Os irmãos Duffer sabem que a conclusão da história será julgada com atenção redobrada. Séries consagradas como Game of Thrones e Lost enfrentaram duras críticas ao encerrar suas narrativas, e os criadores de "Stranger Things" não querem repetir esse destino.
“Eles tiveram o coração partido por séries que amavam e que falharam com os fãs no final”, disse Shawn Levy, produtor executivo da série, à Variety. “Eles não queriam e se recusam a ser uma dessas séries.”
Para a temporada final, os Duffers definiram um objetivo claro: entregar oito episódios que conectem todos os fios narrativos e tragam uma sensação de desfecho inevitável. “Queremos que, quando alguém fizer uma maratona no futuro, tudo se encaixe”, explicou Ross Duffer.
A série ajudou a moldar o modelo atual da Netflix e transformou seus criadores em nomes de peso em Hollywood. Cada episódio da quinta temporada tem orçamento estimado entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões, segundo reportagem da Puck citada pela Variety.
“Queremos gastar o que for necessário para realizar a visão que está no papel”, disse Bela Bajaria, diretora de criação da Netflix.
Além da série principal, a marca se expandiu para produtos licenciados, parcerias com grandes empresas e até uma peça de teatro — "Stranger Things: The First Shadow" — premiada em Londres e na Broadway.
A quinta temporada começa com todos os personagens reunidos em Hawkins, após o colapso da barreira entre os mundos no final da temporada anterior. A história avança 18 meses no tempo, com a cidade sob quarentena militar. Os episódios terão, em média, uma hora de duração — o quarto episódio tem 83 minutos, e o final, cerca de duas horas.
O foco dos roteiristas foi finalmente responder à grande pergunta que permeia a série: “o que é o Mundo Invertido?”.
“Toda temporada pensávamos: ‘Falamos sobre isso agora?’ E adiávamos. Mas agora tivemos que encarar”, disse Ross Duffer.
Para estruturar o desfecho, os Duffers revisitaram finais de séries que consideram bem-sucedidos, como "A Sete Palmos", "Friday Night Lights" e "Família Soprano". A ideia, segundo Ross, foi manter a autenticidade da narrativa, evitando reviravoltas forçadas.
Matt contou que o desfecho foi planejado há anos. “Sabíamos aproximadamente qual seria a cena final. Não foi algo que tivemos que forçar. Estamos muito felizes com o resultado”, afirmou. “É angustiante colocar isso no mundo. Tenho certeza de que as pessoas vão ter opiniões diferentes.”
A Netflix planeja transformar o lançamento da temporada final em um grande evento global. A primeira parte estreia em 26 de novembro, a segunda em 25 de dezembro e o episódio final em 31 de dezembro.
Será a última vez que os fãs verão Eleven, Hopper e o grupo original de Hawkins juntos — encerrando uma história que ajudou a definir uma era do streaming.
Além da temporada final, os irmãos Duffer também desenvolvem um spin-off de "Stranger Things", que ainda não tem formato ou data definidos. A nova produção se passará em um universo diferente, mas com elementos conectados à história original. Apesar disso, os criadores não pretendem expandir excessivamente a mitologia da série.
Eles também não serão os showrunners do derivado — terão envolvimento criativo, mas se concentrarão em novos projetos paralelos, enquanto acompanham de perto o desenvolvimento da trama.
Além disso, os criadores assinaram um novo contrato com a Paramount Global, após quase uma década de parceria exclusiva com a Netflix. A mudança marca uma nova fase da carreira dos irmãos Duffer, que querem explorar formatos diferentes e, pela primeira vez, dirigir um longa-metragem para os cinemas.
Embora a Paramount detenha franquias conhecidas como “Star Trek”, “Transformers” e os direitos de “Call of Duty”, os criadores não pretendem se apoiar em marcas já existentes, preferindo desenvolver projetos originais. Por enquanto, no entanto, eles afirmam não ter um plano definido sobre qual será o próximo passo após o fim de "Stranger Things".
“Passamos 10 anos nisso. Estamos tentando colocar 100% da nossa energia em fazer esse pouso perfeito”, disse Ross à Variety.