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Titanic: saiba como foram recuperados os corpos do naufrágio mais famoso do mundo

Ao todo, 1,5 mil pessoas morreram em desastre, que continua a repercutir mais de um século depois

UK: RMS Titanic being fitted out at Harland and Wolf Shipyard, Belfast, 1911-1912. (Photo by: Pictures from History/Universal Images Group via Getty Images) (Pictures from History/Universal Images Group/Getty Images)

UK: RMS Titanic being fitted out at Harland and Wolf Shipyard, Belfast, 1911-1912. (Photo by: Pictures from History/Universal Images Group via Getty Images) (Pictures from History/Universal Images Group/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 24 de junho de 2023 às 11h12.

Conhecido como uma “maravilha da engenharia naval”, o Titanic zarpou de Southampton, na Inglaterra, rumo a Nova York, nos Estados Unidos, com 2,4 mil pessoas. Mas, mesmo com as 46 mil toneladas de peso e os 269 metros de comprimento, o navio teve seu casco partido em dois por um iceberg a cerca de 600 km do Canadá, quatro dias após o início da viagem, em 1912.

Era noite do dia 14 de abril quando o naufrágio começou. Em um primeiro momento, a tripulação enviou sinais de socorro por código Morse (a sigla “CQD”, seguida da universal “SOS”). As mensagens chegaram a outros navios, que foram na direção do transatlântico, e a estações de rádio na Europa. O primeiro resgate, no entanto, apareceu duas horas após o acidente.

Ao todo, 1,5 mil pessoas morreram. A missão para salvar os 705 sobreviventes durou até às 8h30 do dia 15, quando eles foram levados de volta à terra firme por meio de botes salva-vidas. Já para recuperar os corpos que ficaram no mar, o CS Mackay-Bennett, navio mortuário do Titanic, foi usado. Marinheiros do porto de Halifax, no Canadá, equiparam a construção para cumprir o papel de “necrotério”.

Quando chegaram ao local, no entanto, no dia 19 de abril, eles foram surpreendidos pelo número de pessoas que estavam mortas e flutuando na água. Na época, capitão Frederick Harold Larnder disse ao The Washington Post que a equipe viu os corpos “espalhados pela superfície, parecendo um bando de gaivotas”. Os equipamentos levados não foram o suficiente para resgatar todos eles.

No primeiro dia, eles juntaram 51 vítimas. Em 22 de abril, foram 119. Mas, mesmo assim, ainda havia muita gente. Embalsamador-chefe da operação, John R. Snow Jr. Começou colocando os cadáveres em líquido de embalsamento e caixões. Mas, quando os equipamentos acabaram, ele precisou usar uma lona para embrulhar os corpos, que foram colocados em gelo no porão do navio.

Quando Snow percebeu que faltaria espaço para carregar todas as vítimas, decidiu que elas deveriam ser enterradas no próprio mar. Barras de ferro foram utilizadas para pesar os corpos e enterrá-los em baixo d’água. Acredita-se que a maioria das pessoas que ficaram no mar eram passageiros de terceira classe, decisão baseada pela análise das roupas que vestiam quando foram encontrados.

Mais de um século depois, os destroços do Titanic permanecem depositados no fundo do Oceano Atlântico, mas não devem durar mais de 50 anos, de acordo com arqueólogos marinhos e oceanógrafos. Suas ruínas vêm deteriorando a cada dia por ação, sobretudo, de ondas de lama formadas por correntes marítimas e micróbios que se alimentam do ferro do navio.

Saiba o que pode ter acontecido com vítimas não encontradas do Titanic

Depositado no fundo do Oceano Atlântico há mais de um século, o Titanic foi protagonista de um dos episódios mais famosos da navegação mundial. O desejo de conhecer os resquícios do cruzeiro, naufragado em 14 de abril de 1912, motivou a empresa OceanGate Expeditions a desenvolver o Titan, o submarino que implodiu com um grupo de cinco pessoas que tentavam chegar ao local onde está o que resta da embarcação.

A procura se deve à grandiosidade do evento em questão. Foram mais de 1.500 mortes — cerca de 70% das pessoas a bordo — após o Titanic atingir um iceberg no Atlântico Norte. Agora a cerca de 4 mil metros no fundo do Atlântico, os corpos teriam se decomposto ou sido comidos pela vida marinha nesta profundidade.

Peixes e crustáceos como camarões, além de bactérias, seriam os responsáveis por esse “trabalho”. As criaturas adaptadas ao ecossistema subaquático teriam consumido pele e tecidos humanos. O professor John Cassella, cientista forense da Atlantic Technological University Sligo, na Irlanda, disse ao DailyMail que o osso se degrada rapidamente em água salgada.

"O osso é feito de um mineral chamado hidroxiapatita, composto principalmente de cálcio e fosfato, mas muitas outras moléculas menores", explica. "A água vai ajudar na dissolução deste mineral ósseo e, claro, das frágeis proteínas orgânicas que ajudam a unir o osso".

Cassella afirma que ainda pode haver ossos humanos que ainda permaneçam intactos, mesmo depois de 100 anos, mas isso dependeria da acidez da água e dos efeitos dos microorganismos.

"Pode haver muitos ossos deixados, mas eles estão tão dispersos dentro e ao redor dos destroços e cobertos de lodo que seria muito difícil identificá-los", apontou.

A estrutura do Titanic já se encontra em estado “frágil”, uma vez que bactérias estão consumindo o ferro no casco do navio. Estimativas apontam que o que restou do navio está se deteriorando tão rapidamente que pode desaparecer completamente nos próximos 40 anos.

Arqueólogo marítimo e historiador, James Delgado mergulhou até os destroços da embarcação disse ao DailyMail que ainda pode haver "alguma aparência de restos humanos" no que sobrou do transatlântico de luxo.

"Os cientistas acham que pode ser uma possibilidade, mas esta é uma ciência sobre a qual não sabemos muito, particularmente no fundo do oceano", disse.

Das 2.224 pessoas a bordo, estima-se que 1.517 morreram assim que o navio afundou, menos de três horas depois de atingir o iceberg. Outras 340 foram encontradas com coletes salva-vidas na superfície do oceano, mas já sem vida. Porém, 1.160 corpos nunca foram encontrados.

Delgado aponta que, nas condições às quais os corpos estão expostos, “até os dentes se dissolvem” após períodos prolongados no fundo do oceano, habitado principalmente por vida microbiana, como bactérias. O pesquisador fez duas expedições aos restos do Titanic, em 2000 e em 2010, classificando o que viu como um "lugar muito sóbrio e poderoso".

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