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The Town: Bruno Mars faz história com 'Evidências' e Ney Matogrosso levanta geração Z no festival

Segundo dia foi marcado por apresentações de artistas brasileiros, com destaque para Luísa Sonza e Seu Jorge; veja tudo o que aconteceu neste domingo no The Town

Sem chuva e embalado com um calor de 30ºC, o festival parecia mais convidativo no último domingo (Daniel Ramos/ I Hate Flash/Divulgação)

Sem chuva e embalado com um calor de 30ºC, o festival parecia mais convidativo no último domingo (Daniel Ramos/ I Hate Flash/Divulgação)

Publicado em 4 de setembro de 2023 às 19h41.

Última atualização em 5 de setembro de 2023 às 11h15.

O segundo dia do The Town, que ocorreu neste domingo, 3, foi marcado por apresentações de artistas gigantes. Embora o headliner tenha sido Bruno Mars — que fez uma apresentação histórica de música e dança, além de apaixonar o público com as brincadeiras em português —, foram os artistas nacionais que sustentaram a energia do festival.

A apresentação carregada de emoções por parte de Luísa Sonza foi um show a parte: a cantora investiu na divulgação das músicas do novo álbum e fez milhares de pessoas tirarem o pé do chão no palco Skyline. Já no palco The One, logo ao lado, Ney Matogrosso, no auge de seus 82 anos, convocou o público mais velho a se emocionar com músicas antigas. E foi além: conseguiu cativar a Geração Z e sustentou mais de uma hora de show, mesmo com os atrasos.

No início da noite, um espetáculo pirotécnico com drones preencheu o céu do Autódromo de Interlagos com a apresentação energizante de Alok. O DJ preparou um mix de músicas de diferentes gêneros e foi o único representante de música eletrônica a se apresentar no palco Skyline. Pouco antes das 22h, o show mais lotado era o do Seu Jorge, no The One Com público recorde, de quase 40 mil pessoas, o cantor trouxe alguns de seus hits mais famosos e se apresentou com outros artistas brasileiros, como Ed Rock e Papatinho.

Veja como foram os shows do domingo, 3, no The Town

Bruno Mars

O show de Bruno Mars era o mais esperado do dia. O cantor norte-americano não apenas surpreendeu como headliner, como também fez valer o ingresso e as condições adversas do The Town.

O carisma, a leveza e a voz contagiante de sempre deixaram o público eufórico, principalmente ao apresentar canções clássicas como “Nothin’ On You”, “Talking To The Moon”, “Just The Way You Are” e “Grenade”, além de outros hits irresistíveis como “Uptown Funk”. Algumas das músicas contaram com Bruno no piano e outras intensificaram a animação com danças conjuntas do cantor e dos demais membros da banda.

Ao longo de 1h40 de show, Bruno Mars fez uma boa mescla de diferentes estilos, como pop, jazz e reggae, incluindo ritmos de rock feitos com guitarra pelo próprio havaiano. Trechos de covers também marcaram a apresentação do "show-man", como “Fuck You”, de Cee Lo Green.

A parte mais empolgante do show ficou eternizada pelas brincadeiras e piadas em português. O artista levou as pessoas “à loucura” com uma performance ao telefone, como parte da introdução de uma de suas músicas. A frase “Quero você gatinha”, dita logo em seguida de "Hey, it's me, Bruninho" (Ei, sou eu, o Bruninho) conseguiu seduzir o público. Mesmo assim, todos foram pegos de surpresa quando o tecladista da banda dele tocou “Evidências”, canção de maior sucesso de Chitãozinho e Xororó.

Luísa Sonza

No Skyline, Luísa Sonza mostrou ao público que é muito mais que as letras rasas de "Sentadona" e "Cachorrinhas". A cantora dedicou mais da metade do show para cantar as músicas de "Escândalo Íntimo", que estreou semana passada. O novo álbum mostra um amadurecimento da cantora em comparação ao "Doce 22", mas ainda conta com singles dançantes e com potencial viral para o TikTok. Destaque para "Lança Menina" e "Luíza Manequim", que conta com trechos de Rita Lee e Abílio Manoel.

Fãs da cantora já sabiam de cor as letras de "Chico", "Principalmente Me Sinto Arrasada" e outras músicas de "Escândalo Íntimo". No palco, Luísa Sonza demonstrava a mesma energia e emoção dos grandes artistas que inspiraram o álbum: cada letra cantada era como uma conversa com quem estava disposto a escutar. Com "Escandalo Intimo", Sonza se solidifica ainda mais como uma das maiores popstars do Brasil.

De noite, ela apareceu também de surpresa ao lado da cantora Bebe Rexha e, juntas, as artistas fizeram o chão do palco tremer. Além do talento musical, as duas também fecharam a apresentação com um "selinho", que levou o público aos berros.

Ney Matogrosso

No auge de seus 82 anos, Ney Matogrosso mostrou que a idade pode ser só um número. O cantor subiu ao palco com o hit “Eu quero é botar meu bloco na rua”, de Sérgio Sampaio, e desempenhou uma apresentação musical impecável. A voz ainda é potente como sempre foi, o show ainda cativa e, mesmo que a apresentação não tenha sido das mais lotadas do festival, o cantor conseguiu cativar uma mistura de públicos de diferentes idades — inclusive da Geração Z, que não era nem viva na "época de ouro" do artista.

Mesmo com 20 minutos de atraso, em parte pelas apresentações anteriores, o artista surpreendeu com os movimentos no palco. Quando tocou "Sangue Latino", em uma pegada mais voltada para o rock, Ney fez uma multidão acompanhá-lo em coro.

A roupa colada e dourada, característica de suas apresentações, combinou com as cores do palco The One, que ficou iluminado ao final da apresentação do cantor. Quando performou "Poema", fez jovens e os mais velhos chorarem, e quando encerrou o show com "Homem com H", viu um coro acompanhá-lo. "E por hoje é só, acabou meu tempo, minha gente, finalizou ele.

Bebe Rexha

Também muito esperada, Bebe Rexha, a "rainha" do TikTok, fez uma apresentação eletrizante no The Town. Do alto do palco Skyline, vestida em um body preto e vermelho com uma capa de cetim esvoaçante, a cantora movimentou o público e criou um grande palco de dança no Autódromo de Interlagos.  Aliás, foi a dança a protagonista da apresentação da artista. Em determinado momento do show, ela convidou alguns fãs ao palco para uma "batalha de dança" e o fã Gustavo, trajado em uma roupa com várias fotos da cantora, venceu o desafio.

O playback evidente incomodou alguns fãs, mas o estilo jogado ao "brega' atraiu o público. Quando chamou Luísa Sonza ao palco, as duas performaram "I Got You" e a apresentação terminou com um selinho.

Seu Jorge

Com uma banda ritmada e participações especiais, Seu Jorge agitou o palco The One no penúltimo show da noite. O artista cantou seus hits mais famosos como: "Mina do Condomínio", "Quem não quer sou eu Carolina, entre outros.

A atração contou com a participação do rapper Ed Rock, um dos vocalistas do grupo Racionais MC's. Com o hit "That's My Way", a emoção contagiou aos quase 40 mil que presenciaram o show.

Outra participação foi a do produtor Papatinho, com música "Fim de Semana" que também conta com o rapper Black Alien, do antigo grupo SNJ.

Alok

A apresentação de Alok era uma das mais esperadas do segundo dia do Town. Apesar do atraso de 20 minutos, o DJ agitou o palco Skyline com setlist mais focado em seus megahits próprios. Mesmo assim, o goiano trouxe trechos de músicas de outros artistas, como "Another Brick in the Wall", do Pink Floyd, e "The Rhythm of the Night", do Corona. Durante a apresentação, Alok também fez um remix com o refrão de "Tá ok", de Kevin Oh Chris com Dennis DJ.

O ápice da performance foi quando recebeu Zeeba, cantor com quem apresentou o hit do assobio "Hear me now", e mais três parcerias: "Ocean", "Never Let me Go" e a ainda inédita "Nossos dias".

Como é tradição em seus shows, Alok comandou o público do The Town com coro “Ôôôôô”, do celular com as lanternas acesas, além de movimentos de braço e registro do show com drones no céu do Palco Skyline.

Leon Bridges

Com um show mais intimista, Leon Bridges conquistou a plateia com a voz e o violão. O público não foi dos maiores, mas o soulman mostrou que tem talento: abriu a apresentação com a música "Smooth Sailin'", seguida de "Texas Sun", uma das canções mais conhecidas.

Sem muita inovação no palco, o cantor contou com a própria presença e música para atrair o público. Só conquistou coro quando cantou "Flowers", em uma versão um pouco mais agitada, e depois "Across the Room", na qual o grande destaque foram os backing vocals.

Matuê

Apesar do atraso para começar o show, Matuê, um dos maiores nomes do trap nacional, abriu as apresentações no palco The One na tarde ensolarada do domingo, 3, no segundo dia de The Town.

O show levava o nome de “Matuê Convida O Nordeste” justamente pelas homenagens feitas tanto para Fortaleza, sua cidade natal do rapper cearense, quanto para sua avó, a escritora e musicista Núbia Brasileiro. Recheado de referências, o show foi uma viagem emocionante pelas referências do cantor.

Trazendo hits como “É Sal” e “Kenny G”, Matuê conseguiu agitar a plateia. Em "Conexões de Máfia", seu lançamento mais recente, a multidão de fãs cantou junto as letras da música que é uma parceria com o rapper norte-americano Rich The Kid. Além disso, Matuê aproveitou a apresentação no The Town para mostrar outras faces da sua estética enquanto artista tocando guitarra durante alguns períodos.

Ao final do show, enquanto muitas pessoas estavam indo para outros palcos, Matuê fechou a apresentação com “Quer Voar”, “Vampiro” e “777-666”, outras faixas que chancelaram seu nome como uma das grandes referências do rap brasileiro mais ostensivo. Mesmo com o calor, muitos fãs acompanharam a apresentação do começo ao fim cheios de animação.

Veigh

No início da tarde, no palco Factory, o The Town recebeu Veigh, uma referência do trap e do R&B brasileiro. Em alguns momentos do show, o artista sofreu com o vazamento do áudio do palco onde Ney Matogrosso cantava.

Mas, mesmo assim, a apresentação de Veigh no festival surpreendeu pelos elementos teatrais e coreografia inesperada. Um exemplo disso foi durante a performance de “Engana Dizendo que Ama” onde o trapper fingiu passar mal.

Assustados, no início, a grande maioria dos fãs adolescentes que estavam presentes não estavam entendendo que o ocorrido fazia parte da apresentação. Nesse momento, Veigh foi carregado para fora do palco. Depois, uma imagem de ambulância aparecia nas telonas, enquanto isso, o rapper reaparece em uma maca, de onde levantou e cantou algumas linhas de “Jeito Bandido”.

Trazendo muitos dos seus singles conhecidos, o rapper decidiu fechar a apresentação com “Ballena”, a sua música mais popular e ouvida no Spotify, com mais de 57 milhões de reproduções.

Wiu

Wiu, o 5º rapper mais ouvido no Brasil, se apresentou na noite de domingo, 2, no palco Factory. Dentre as músicas do setlist, Wiu apresentou algumas favoritas do público como “Lágrimas de Crocodilo”, “Coração de Gelo”, “Oração” e “Angelina”. O show contou com banda no palco combinada a pirotecnia das luzes do palco.

Porém, o final da apresentação do rapper coincidiu com o início do show de Seu Jorge, no palco próximo The One. Por conta disso, o público de ambos os shows sofreu um pouco para acompanhar as apresentações.

Durante a apresentação, o rapper fez uma homenagem ao MC Marcinho, que morreu no sábado, 26 de agosto.

Jonathan Ferr

O cantor Jonathan Ferr, que tem referências de eletrônico, neo soul e hip hop, fez sua primeira apresentação no palco São Paulo Square, neste domingo, 2, após uma temporada de shows na Europa.

O show contou o equilíbrio entre o acústico e a presença de vários sintetizadores e efeitos. Enquanto conversava em diálogo franco com o público presente, o artista trouxe várias reflexões entre as músicas do seu álbum “Liberdade”. “Eu não vim para entreter, vim para conectar. Hoje é dia de iluminar como o sol do meio dia. Sejam bem-vindos a uma viagem profunda e sem volta para dentro de vocês”, disse o artista em discurso eufórico.

Em vários momentos, o artista se revezou entre tocar piano e keytar, o instrumento que é uma junção de teclado, guitarra e sintetizadores. Além disso, o cantor de jazz trouxe várias reflexões sobre o cenário brasileiro, como por exemplo, que a cada 30 minutos, uma pessoa preta é morta no Brasil. O artista apresentou uma música não-lançada e fechou sua apresentação em tom positivo enquanto falava sobre o poder do amor para a plateia sentada no chão que se distribuía ao longo do gramado sintético.

Dificuldades de locomoção e filas

Apesar de ser um dia mais tranquilo do que o primeiro, o The Town ainda tem um grande desafio para os próximos três dias: agilizar a fila de pessoas na entrada, unificar as informações para a organização e melhorar os espaços de saída dos dois palcos principais.

Sem chuva e embalado com um calor de 30ºC, o festival parecia mais convidativo no último domingo, mas os problemas com a organização permaneceram. Logo na entrada, a fila era longa: QR Codes que não funcionavam, agendamentos que não eram concluídos e dificuldade de locomoção entre os palcos foram problemas que permaneceram de um dia para o outro.

No último show do dia, Bruno Mars reuniu uma verdadeira multidão de fãs no palco Skyline. Ao final da apresentação, no entanto, a saída do festival foi caótica: o escoamento do público não funcionou tão bem quanto o esperado, as pessoas tiveram dificuldades de locomoção e o o trem da Via Mobilidade — que seria prático para o retorno tranquilo de volta para casa —, apresentou lentidão e inúmeras paradas de madrugada.

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