'The Last of Us': segundo ano brilha na atuação, mas poderia ser mais cruel (Liane Hentscher/HBO)
Repórter de POP
Publicado em 26 de maio de 2025 às 02h39.
Última atualização em 26 de maio de 2025 às 13h07.
Mais dinâmica e menos introspectiva, a segunda temporada de "The Last of Us" chegou ao fim neste domingo, 25. Foram sete capítulos intensos: se o primeiro ano — como bem faz o jogo — construiu a relação entre Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsay) nos detalhes, o segundo veio para mostrar o quanto a sutileza aperta no peito durante o luto. E abre caminhos sem volta.
Foi um tempo de mortes que ressoam no público de forma diferente. Se, na primeira temporada, os personagens secundários morriam rápido — e, mesmo assim, a introdução deles era tão bem feita que cabia em cada episódio um momento para viver a perda (baita acerto, Neil Druckmann!) —, agora, o sentimento é muito mais pessoal.
'The Last of Us': criador da série diz que jornada de Ellie 'não vai terminar na 3ª temporada'Você conhece os personagens, se importa com eles. Vive o luto da morte de Joel como se ele fosse da sua família, porque a conexão vem sendo construída há muitos capítulos pelos atores, nos toques, nos olhares, nas entrelinhas dos diálogos. E a ferida, que mal teve tempo de cicatrizar, ainda jorra nos flashbacks do sexto capítulo.
Pedro Pascal e Bella Ramsay como Joel e Ellie em "The Last of Us" (Liane Hentscher/HBO)
Mas, se a direção de Bella e Pedro foi um acerto, faltou à HBO a coragem de mostrar a verdadeira história de Ellie sem amarras. A busca cega e incessante da personagem por vingança ainda não convence e abre precedentes para que a série falhe no que o jogo tem de mais valioso: a revanche não preenche o vazio do luto. E tem um custo muito alto.
A motivação de Ellie, mesmo diante de ações chocantes que começam a comprometer sua moral, parece fraca demais para fazer o público rever suas expectativas. Falta se jogar no absurdo e no cruel — trabalho que a obra original faz com maestria — para que a moral da personagem comece, de fato, a ser colocada à prova.
Para quem não conhece toda a história e só assiste à série, o final do último episódio é um bom acerto: agora é preciso acompanhar os próximos capítulos para saber o que acontece — olha aí que bom cliffhanger. A morte de Jesse (Young Mazino) é repentina, o barulho do tiro vem seco e, em uma história na qual ninguém está a salvo, fica o medo do que vem no futuro.
A expectativa virá lá em cima para o terceiro ano, e uma coisa é clara: o público odeia a figura de Abby (Kaitlyn Dever), mas chegou a hora de ler a história pelas linhas dela.
Kaitlyn Dever é Abby em "The Last of Us" (Liane Hentscher/HBO)
Ainda que o roteiro hesite em mergulhar no seu real propósito, é inevitável reconhecer os bons acertos que a produção da HBO trouxe na segunda temporada. Fica em destaque a belíssima cenografia, que conseguiu se superar do primeiro para o segundo ano; a trilha sonora — tão importante e significativa para a relação de Joel e Ellie —; e a pós-produção, claro. Infectados são convincentes e evidenciam o bom trabalho da equipe de maquiagem. Os efeitos especiais são bem feitos e ajudam na imersão do público.
Mas quem brilhou mesmo foi o elenco.
Bella Ramsay trouxe mais uma prova de que é, sim, a melhor escolha para a interpretação de Ellie. Respondeu à altura às cenas dramáticas — das mais emotivas às mais chocantes — e deixou nítido o esforço que fez para ser fiel à personagem sem perder sua autenticidade como artista. Se o final da temporada choca e te deixa apreensivo, acredite: é resultado do trabalho de atuação dela.
Pedro Pascal, "queridinho" do público, foi um páreo à altura. A interpretação de Joel na segunda temporada foi a cola que manteve o roteiro da série grudado: nele mora a alma e o coração da história. Do primeiro episódio ao último em que aparece, o ator elevou o drama da produção, e sua química com Ramsay transpareceu na tela da forma mais dolorosa possível. Vai ser importante, inclusive, para levar a história adiante.
Impossível não destacar também o excelente desempenho de Isabela Merced, que cativou o público com uma versão adorável (e firme) de Dina. Gabriel Luna também brilhou como Tommy, sobretudo na prestigiada cena de batalha do segundo capítulo, feita inteiramente para a série.
O elenco fecha a segunda temporada com chave de ouro na atuação de Kaitlyn Dever, uma das melhores entre os demais atores da série. No papel de "vilã", a atriz conseguiu gerar sentimentos genuínos no público em poucos minutos de tela — e tem tudo para trazer um contraponto empático de Abby na próxima temporada. O desafio é grande.
No panorama geral, o segundo ano veio um pouco aquém, se comparado ao primeiro, mas ainda acima das expectativas para as demais produções da HBO. A série é um tesouro e uma oportunidade imensa de revolucionar ainda mais as adaptações de jogos para a TV. Resta torcer para que Craig Mazin e Neil Druckmann não se percam no caminho.
Isabela Merced como Dina em "The Last of Us" (Liane Hentscher/HBO)
A terceira temporada foi anunciada antes mesmo da estreia da segunda e vai adaptar momentos ainda não explorados do segundo jogo. Mas ainda se sabe pouco sobre os novos capítulos: a série ainda não entrou nas novas gravações e o roteiro segue em produção. Portanto, ainda não há uma data de lançamento definida.
A primeira temporada estreou em 2023, com nove episódios, e a segunda em 2025, com sete capítulos. Ainda não se sabe quantos episódios terá a terceira temporada.
Bella Ramsay e Isabela Merced como Ellie e Dina em "The Last of Us" (Liane Hentscher/HBO)
Todos os episódios, da primeira e segunda temporadas, estão disponíveis no streaming da HBO Max.