The Last of Us: veja o que achamos do episódio 8 (The Last of Us/ HBO/Reprodução)
Repórter de POP
Publicado em 6 de março de 2023 às 01h52.
Última atualização em 6 de março de 2023 às 02h01.
Depois de tanta aproximação com a história de Ellie (Bella Ramsay) no episódio sete de The Last of Us, já diante de toda a tensão com o futuro de Joel (Pedro Pascal) na trama, o capítulo oito mostrou que a séria ainda tem muita lágrima para tirar do público — especialmente no que tange o relacionamento entre os dois protagonistas, e os limites deles para ficarem juntos.
Há quem discorde, mas "When We Are in Need" (Quando Estamos Necessitados) é, até o momento, o melhor capítulo da série. E não só por ser o penúltimo na trajetória de Joel e Ellie nesta primeira temporada — um clássico das séries da HBO —, mas porque além de entregar ação e um show de atuações de Bella Ramsay e Pedro Pascal, esse episódio transforma e consolida a relação dos personagens em um espetáculo de tensão e alívio indescritível.
Com 51 minutos, o oitavo capítulo é um sério candidato a premiações em 2024, seja para os atores, seja para a direção e trilha sonora. Com atuação de Troy Baker — a voz e corpo do Joel nos jogos — o episódio desenvolve um sentimento de empatia e angústia conflitantes no público, traço clássico da história criada por Neil Druckman.
ATENÇÃO: a partir daqui esse texto contém spoilers do episódio 8 de The Last of Us!
Uma das maiores belezas de The Last of Us — e isso já desde os jogos — é a sutileza como os papéis vão se invertendo ao longo dos arcos de cada episódio. Não há dúvidas de que, nesta dinâmica entre os protagonistas, Joel toma a frente como protetor, ainda que tenha muita dificuldade em expor e expressar seus sentimentos. Mas é interessante ver como, em vários momentos da série, é Ellie quem assume alguns das "funções" dele, como aprendeu com as ações e ensinamentos de Joel.
Sozinha e diante de uma grande responsabilidade, vemos uma luta interna vinda da personagem: cuidar de quem sempre cuidou dela, e executar as tarefas que antes eram primárias de Joel. Tudo isso somado ao medo constante de perdê-lo adiciona uma conexão fantástica entre eles, a ponto que o próprio público se emociona com o desespero de Ellie e sua esperança de salvá-lo naquele momento. Fica inegável: Ellie o ama, ainda que não consiga dizer isso em voz alta.
Esse carinho entre os dois e as escolhas que a própria personagem toma de deixar Joel para protegê-lo eleva o nível do enredo e escancara a essência de The Last of Us: quais são os limites quando o assunto é a pessoa que amamos?
Logo no primeiro episódio já é notável o quanto a personalidade de Ellie é forte e presente: ela não se intimida por qualquer perigo e parece mais madura para enfrentar certas dificuldades pelo caminho — uma evidente resposta a vários traumas.
Vale destacar, entretanto, que essa mesma personalidade vai evoluindo ao longo dos episódios e transforma Ellie em uma personagem mais calculista, desconfiada e muito segura de si. Neste capítulo, por exemplo, a própria postura que ela toma diante de David (Scott Shepherd) e os demais caçadores mostra que Joel tem sido um bom professor, mas que há muito dela em cada escolha tomada.
Quando capturada e presa, as conversas com David e a aproximação que ela tem com ele são um misto de tensão e desespero que revelam a verdadeira natureza de Ellie: esta é uma personagem brutal, imparável, que não tolera ser enganada e que não mede esforços para ficar ao lado de quem ama. Um excelente atributo para o início da segunda temporada.
Muita gente tem reclamado que a série tem pouca ação e traz poucas cenas com os infectados e seus ataques. E há alguma verdade nisso: os infectados de fato apareceram pela última vez no último episódio (um flashback) e, antes disso, na trama com Sam (Keivonn Woodard) e Henry (Lamar Johnson). O problema é que a falta da presença deles é o que tem dado o tom de The Last of Us.
É claro que o risco de ser infectado é alarmante, mas esse medo fica em segundo plano quando percebemos que o maior risco do apocalipse são os próprios humanos. Não é a primeira vez que Joel e Ellie passam por apuros por causa das outras pessoas no entorno e não pelos "zumbis". Neste episódio não foi diferente: David chegou como a própria encarnação do perigo — e um bem mais próximo do público, bem mais factível.
São esses elementos bem realistas, como o uso da religião para controle diante do desespero e da desilusão, e até o canibalismo como forma de sobrevivência que aproximam o espectador da realidade do mundo pós-apocalíptico e criam uma atmosfera de angústia sem precedentes.
Surpreende, no entanto, o quanto The Last of Us trabalha com o medo e o protagonismo de Ellie neste episódio, e o quanto a junção desses dois elementos cria uma conexão profunda com os espectadores. Depois de conhecer a fundo a história dela, a simples menção a vê-la vulnerável e diante de um possível estupro cria no público um desespero quase palpável. Porém, diferente de tantos outros clichês, é Ellie mesma quem se salva na cena. E a reação dela muda todo o rumo da trama.
Em um show de atuação, Bella Ramsay entrega todo o sentimento de puro desespero de qualquer mulher que tenha passado por uma situação ao menos parecida. E o quanto a humanidade, nesses momentos, pode ser deixada de lado.
Falando sobre atuações, o enredo por parte de Pedro Pascal também deve conceder a ele um Emmy como melhor atuação em série de drama. Neste capítulo, vemos Joel em seu principal traço de personalidade: ele é capaz de tudo para proteger quem ele ama.
No entanto, é no reencontro com Ellie que o personagem de Pascal ganha vida, sentimento e propósito. De um cego assassino, ele se transforma em pai quando vê Ellie perdida, assustada e encharcada de sangue. E não só a chama de "Baby Girl", da mesma forma como fazia com a própria filha, Sarah (Nico Parket), como também a abraça com esse mesmo sentimento. A cena, inclusive, remete ao primeiro episódio da série, deixando o relógio dele em evidência.
Com essa cena de tamanho alívio e desespero, The Last of Us consagra sua principal mensagem: o amor entre os dois é imparável, inquestionável e incondicional.Até mesmo nos mínimos detalhes, na forma como os personagens se abraçam, nas palavras e nos gestos, há uma sequência narrativa impecável. Um brilhante trabalho de Craig e Duckman que pode elevá-los a criação da melhor série da categoria já produzida.
A mensagem final do episódio é consistente: nada vai mudar a forma como Joel vê, em Ellie, sua segunda chance de ser o pai que ele sempre quis ser. E o mesmo vale para Ellie, que lutará de toda forma para manter por perto a única pessoa que realmente a ama, e em quem ela pode confiar. Um trabalho fantástico de transposição para o espectador — e muito emocionante também.
Seguindo a trajetória dos demais capítulos, o nono e último episódio estreia no próximo domingo, 12 de março, às 23h.
A HBO exibirá o episódio para assinantes da TV por assinatura que incluam seu pacote. O capítulo estará disponível nos canais 1 e 2 da HBO.
Também no domingo, os assinantes da plataforma HBO Max terão acesso ao nono e último episódio.
O nono episódio irá ao ar no dia 12 de março, domingo, com exibição nos canais e na plataforma de streaming da HBO, a partir das 23h.
Além de Pedro Pascal e Bella Ramsey, a série também conta com Anna Torv, Gabriel Luna, Merle Dandridge, Nico Parker, Nick Offerman, Murray Bartlett e Storm Reid.