Pop

Super Bowl 2025: Como Kendrick Lamar causou 'atritos' com lendas do rap — e a disputa com Drake

Apresentação do rapper também foi marcada por momentos controversos envolvendo Lil Wayne, Nick Minaj e o presidente Donald Trump

Show de Kendrick Lamar no Super Bowl neste domingo, 9 de fevereiro ( Gregory Shamus/Getty Images)

Show de Kendrick Lamar no Super Bowl neste domingo, 9 de fevereiro ( Gregory Shamus/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 10h11.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2025 às 10h13.

Tudo sobreSuper Bowl
Saiba mais

Kendrick Lamar deu o que falar ao comandar o show do intervalo do Super Bowl LIX neste domingo, 9, sacudido pelo confronto entre Kansas City Chiefs e Philadelphia Eagles — que terminou com a vitória esmagadora do Chiefs por 40 a 22.

O ganhador do Grammy fez uma performance poderosa de “Not Like Us”, que durou pouco mais de sete minutos e encerrou com maestria a rivalidade iniciada com Drake em 2024. A apresentação contou com participações especiais de SZA e Serena Williams, que protagonizou um “crip walk” ao lado de Lamar, tornando o momento ainda mais emblemático.

Ressentimento de Lil Wayne

No entanto, a noite foi marcada por momentos controversos, incluindo a decisão da NFL e da Roc Nation que impactou o rap norte-americano.

Antes do Super Bowl, o artista de 37 anos destacou que a apresentação seria focada no storytelling, um elemento central em sua carreira. "Sempre tive uma paixão por contar histórias, algo presente em todo o meu catálogo musical", afirmou em entrevista.

Mas, escolha de Lamar causou incômodo em Lil Wayne, nascido em Nova Orleans, cidade-sede do evento. O rapper expressou sua decepção em vídeo, afirmando que ficou "devastado" e que a exclusão "doeu".

“Aquilo doeu, doeu muito. Eu me culpo por não estar mentalmente preparado para uma decepção, por me colocar mentalmente naquela posição de forma automática. Mas eu pensei que não havia nada melhor: naquele lugar, naquele palco, naquela plataforma, naquela cidade”, declarou Lil Wayne.

Já a cantora e rapper Nicki Minaj foi uma das celebridades que demonstrou apoio ao cantor. “Isso vai passar, mas o que você fez pela cultura do Hip-Hop fica”, disse.

Mas, diante da situação, a cantora aproveitou para despejar criticas em cima do raaper Jay-Z, dono da Roc Nation, empresa responsável por produzir o Super Bowl desde 2019. Ela o acusou de favorecer Kendrick Lamar em detrimento de Lil Wayne em uma série de postagens nas redes sociais. De acordo com Nicki, o marido de Beyoncé estaria punindo Lil Wayne pelas desavenças pessoais com Birdman, Drake e ela própria.

“Ele tem tudo no mundo e mesmo assim continua rancoroso e malvado. Nojento. Negou a um jovem negro o que ele tem por direito, apenas pelo seu ego. Seu ódio por Birdman, Drake e por mim fez você punir Lil Wayne? O melhor de todos os tempos! Você não sabe metade do que ele fez por mim e pelos outros”.

Em seguida, Lamar respondeu à polêmica com a música: "Wacced Out Murals", faixa do álbum GNX, que faz uma referência direta a The Carter III, de Lil Wayne.

“Eu costumava ouvir Tha Carter III, eu exibia orgulhoso meu cordão. Ironia, eu acho que meu trabalho duro decepcionou Lil Wayne. Me chamem de maluco, todos são questionáveis. Virei um esquimó, me distanciei”, diz uma parte da letra.

Em outro trecho da canção, Kendrick menciona o Super Bowl. “Ganhei o Super Bowl e só o Nas me deu parabéns. Todos esses manos irritados, só fico feliz que estão mostrando a cara. Francamente, muitos artistas, mas estão ultrapassados. Flows velhos, tentando me convencer que são os seus favoritos. Isso não é para letristas, juro que não é pelos sentimentos. F*da-se a dupla interpretação, quero que vocês sintam isso”.

Após enviar uma mensagem a Kendrick Lamar pelas redes sociais, abordando o assunto e expressando sua insatisfação, Lil Wayne revelou ao jornalista Skip Bayless que os dois tiveram uma conversa. Durante a entrevista, Wayne afirmou ter deixado a polêmica para trás e desejado sorte e uma excelente apresentação ao colega no Super Bowl.

Fator 'Trump'

O show também teve uma forte conotação política, com a presença do presidente Donald Trump, enquanto Kendrick revisitou temas delicados para a sociedade americana. Durante a apresentação, o rapper revisitou questões como racismo e a volta de Trump à presidência, utilizando seu estilo narrativo inconfundível para lançar críticas contundentes.

A narrativa ganhou um toque teatral com Samuel L. Jackson no papel de Tio Sam, atuando como um mestre de cerimônias que cobrava moderação de Kendrick. Em um dos momentos mais provocativos, o ator questionou o rapper: “‘Pancadã0, irresponsável, favelado. Sr. Lamar, você sabe mesmo como jogar esse jogo?”, provocou Samuel". A crítica funcionou como um símbolo da pressão para conformidade no palco do evento mais mainstream dos Estados Unidos.

A apresentação de Kendrick ficará marcada como uma das mais ousadas e politicamente carregadas da história do Super Bowl.

Disputa com Drake

“Eu quero mandar aquela que eles curtem, mas eles também amam processar”, disse o rapper em alusão ao processo que seu oponente canadense moveu por difamação contra a Universal Music.

Kendrick Lamar deu continuidade ao espetáculo com “Euphoria”, música que manteve a narrativa crítica iniciada nos versos de “Like That” e culminou em “Not Like Us”, uma das suas faixas mais famosas e premiadas. O público ainda foi presenteado com a já icônica “HUMBLE” e a participação de SZA, parceira de Lamar em sete colaborações ao longo de suas carreiras.

O momento mais aguardado da noite ficou marcado por uma linha direta e provocativa: “Say Drake, I hear you like 'em young”. A frase alfinetou o rapper canadense, que já enfrentou controvérsias por suas interações com jovens celebridades, incluindo Millie Bobby Brown e Billie Eilish, além de outras figuras da mídia. As especulações geraram intensas críticas tanto da imprensa quanto dos fãs.

O ápice lírico da apresentação veio quando Lamar pronunciou “A minor”, uma metáfora ambígua que não passou despercebida pelo público. Enquanto o termo faz referência ao acorde “lá menor”, amplamente utilizado na música pop, também insinua uma grave acusação ao rival. Durante o show, Kendrick reforçou a provocação ao ostentar um colar com um pingente de “a” minúsculo, simbolizando a crítica afiada que ecoou pelo estádio.

Acompanhe tudo sobre:MúsicaDonald TrumpSuper BowlRappers

Mais de Pop

'História de Amor': relembre o enredo da novela de Manoel Carlos e saiba onde assistir

Grupo de dança da China lota teatro em São Paulo na celebração do Ano Novo Chinês

Trump provoca Taylor Swift após vaias no jogo Eagles x Chiefs no Super Bowl 2025

Como a participação de Serena Williams no Super Bowl provocou Drake? Veja a dança da tenista no show