O rapper e empresário Sean Combs, mais conhecido como P. Diddy, teve sua sentença criminal anunciada nesta sexta-feira, 3. Após um julgamento que durou quase dois meses com 24 dias de audiência, Diddy foi condenado a quatro anos e dois meses de prisão.
Além da prisão, o juiz Arun Subramanian determinou que Sean Combs pague multa de US$ 500 mil.
O processo judicial contra Combs começou em 2017, quando ele foi acusado de uma série de crimes graves, incluindo tráfico sexual, sequestro, uso de drogas para facilitar abusos e transporte de pessoas para fins de prostituição.
Durante o julgamento federal realizado em Nova York, Combs foi absolvido das acusações principais, como conspiração para cometer crimes organizados e tráfico sexual, que poderiam ter levado a uma pena de prisão perpétua.
Contudo, ele foi considerado culpado de duas acusações de transporte de pessoas com a finalidade de prostituição, em violação à Mann Act, uma legislação dos Estados Unidos.
Acusações e comportamento abusivo
As acusações de tráfico de pessoas se referem a dois episódios em que Combs teria facilitado o transporte de ex-namorados para encontros que envolviam pagamentos em festas e hotéis, nos quais o uso de drogas também estava presente.
Além disso, o processo revelou um padrão de comportamento abusivo e violento de Combs, com alegações de ex-parceiras, funcionários e outras pessoas próximas ao ambiente artístico que o acusaram de agressões físicas, assédio e abuso psicológico.
Muitos afirmaram que ele usou sua influência e poder para intimidar ou silenciar as vítimas ao longo de mais de uma década.
O documentário, intitulado Diddy: Como Nasce um Bad Boy, traz imagens inéditas e depoimentos de vítimas, funcionários e ex-parceiras do rapper, revelando acusações graves de tráfico sexual, agressão e estupro.
Sentença e apelo por clemência
Na fase de sentença, Combs apresentou uma carta ao juiz, expressando arrependimento parcial pelos seus atos e pedindo clemência. A promotoria, por sua vez, pediu uma pena superior a 11 anos de prisão, argumentando a gravidade e a natureza recorrente dos crimes.
O júri deliberou por mais de 13 horas antes de anunciar o veredito em julho de 2025. Enquanto a promotoria defendia uma pena severa, solicitando pelo menos 11 anos e três meses de prisão, a defesa pedia uma sentença mais branda, de cerca de 14 meses, alegando que Diddy não obteve lucro pessoal com as ações pelas quais foi condenado.
Qual é a fortuna de P. Diddy?
Sean Diddy Combs, que já teve um patrimônio estimado pela Forbes em US$ 825 milhões em 2018, viu seu valor cair mais da metade, para cerca de US$ 400 milhões em 2024, pouco tempo antes de sua prisão.
A partir do momento em que as acusações vieram à tona, sua reputação sofreu um grande impacto, que levou parceiros comerciais importantes, como a Diageo, que colaborava com ele em marcas como Cîroc vodka e DeLeón tequila, a romperem relações em 2023.
Essa parceria, que rendeu quase US$ 1 bilhão a Combs desde 2007, foi oficialmente encerrada.
Além disso, sua marca de roupas Sean John, que já foi uma referência no mercado, teve seu valor drasticamente reduzido, com a retirada da linha esportiva da Macy’s e pouca perspectiva de recuperação.
Bad Boy Records e seu valor de mercado
No âmbito musical, Combs ainda detém direitos sobre o catálogo da Bad Boy Records, sua gravadora fundada em 1993. que gera receita por meio de royalties de streaming, rádio e comerciais.
No entanto, o valor desse catálogo foi corroído ao longo dos anos, com direitos de artistas importantes, como Notorious B.I.G., sendo vendidos ou reassumidos por familiares. Embora a música continue a render, especialmente para canções não diretamente associadas a Combs, seu envolvimento pessoal nas acusações pode afetar a utilização e o licenciamento dessas obras, como ocorreu com outros artistas condenados, cujo material foi boicotado por rádios e plataformas de streaming.
O valor de mercado da Bad Boy Records variou significativamente ao longo dos anos. No auge, por volta de 1997, a gravadora foi estimada em cerca de US$ 100 milhões. Contudo, em 2005, quando a Warner Music Group adquiriu uma participação de 50% na Bad Boy Records, fontes próximas à negociação estimaram o valor total da gravadora em aproximadamente US$ 30 milhões, segundo a NBC News.
Desde então, o catálogo da Bad Boy foi parcialmente redistribuído, com direitos de publicação e masters de artistas importantes, como o Notorious B.I.G., sendo vendidos ou devolvidos aos respectivos herdeiros e artistas, o que impactou o valor total da gravadora.
Por exemplo, a mãe do Notorious B.I.G. recuperou os direitos de publicação de seu filho e vendeu 50% desses direitos por mais de US$ 200 milhões, o que mostra o valor individual de alguns ativos musicais, mas que não refletem diretamente o valor atual da Bad Boy como um todo.
Atualmente, estima-se que a receita anual da Bad Boy Entertainment gire em torno de US$ 7,5 milhões, com cerca de 416 funcionários, o que indica uma operação ainda relevante, porém menor do que em seus tempos áureos.