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Quem foi Rubens Paiva? Conheça a história do personagem de 'Ainda Estou Aqui'

Filme dirigido por Walter Salles concorre ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz

Rubens Paiva: ex-deputado federal assassinado durante a ditadura militar (Secretaria de Estado da Cultura/SP/Divulgação)

Rubens Paiva: ex-deputado federal assassinado durante a ditadura militar (Secretaria de Estado da Cultura/SP/Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 2 de março de 2025 às 16h42.

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O filme "Ainda Estou Aqui" é a aposta do cinema brasileiro para o Oscar 2025, que acontece neste domingo, 2 de março. Dirigido por Walter Salles, o longa-metragem já arrecadou R$ 104.734.417,09, o quinto maior valor para uma produção brasileira na história dos cinemas do país, de acordo com dados da Ancine (Agência Nacional de Cinema).

Por outro lado, o filme também ganhou forte repercussão fora do país e atraiu a curiosidade de muitos cinéfilos. Segundo informações da Box Office Mojo, "Ainda Estou Aqui" registrou mais de US$ 27,4 milhões em todo o mundo.

A obra é inspirada na autobiografia de Marcelo Rubens Paiva, que narra a trajetória de seu pai, Rubens Paiva, ex-deputado federal preso e morto durante a ditadura militar em 1971, no Rio de Janeiro.

No longa, Eunice Paiva, mãe do autor, vê sua vida transformada após a prisão do marido. De dona de casa, ela se torna uma militante dos direitos humanos ao enfrentar o desaparecimento de Rubens Paiva. O filme é estrelado por Selton Mello, no papel de Rubens Paiva, e Fernanda Torres, como Eunice Paiva.

Quem foi Rubens Paiva?

Nascido em Santos, litoral paulista, em 1929, Rubens Beyrodt Paiva formou-se engenheiro civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1953. Durante a juventude, atuou como vice-presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo e, em 1962, foi eleito deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Casado com Eunice Facciolla Paiva, teve cinco filhos: Vera, Maria Eliana, Ana Lúcia, Marcelo e Maria Beatriz.

Na Câmara dos Deputados, destacou-se como vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava o financiamento de grupos opositores ao governo de João Goulart. Sua atuação o colocou entre os primeiros políticos cassados pelo golpe militar de 1964, por meio do Ato Institucional nº 1, emitido em 9 de abril daquele ano.

Poucos dias antes, em 1º de abril, fez um pronunciamento na Rádio Nacional criticando Adhemar de Barros, então governador de São Paulo e apoiador do golpe. No discurso, de pouco mais de quatro minutos, defendeu as reformas propostas por Goulart e condenou o autoritarismo.

Prisão e morte

Após perder o mandato, Paiva se refugiou na Embaixada da Iugoslávia e deixou o país, passando pela França e Inglaterra. Retornou ao Brasil em 1965 e se estabeleceu com a família no Rio de Janeiro.

Na madrugada de 20 de janeiro de 1971, foi preso depois que militares encontraram cartas de exilados políticos do Chile endereçadas a ele. Armados, agentes invadiram sua casa e o levaram para prestar depoimento. A partir desse momento, iniciou-se uma sequência de torturas.

No dia seguinte, sua esposa Eunice e a filha Eliane, então com 15 anos, também foram detidas. Apesar da confirmação de que Rubens Paiva estava sob custódia do DOI-CODI, mãe e filha nunca mais o viram. Eliane foi libertada no dia seguinte, enquanto Eunice permaneceu presa por 12 dias.

O corpo do ex-deputado jamais foi encontrado. A versão oficial divulgada pelo Exército alegava que ele teria sido sequestrado por militantes durante uma transferência de custódia e desaparecido.

Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou documentos e depoimentos que comprovaram que Paiva esteve no DOI-CODI e morreu em decorrência das torturas sofridas. O governo brasileiro só reconheceu oficialmente sua morte em 1996, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, quando a família recebeu a certidão de óbito.

Já em 2014, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou cinco militares por homicídio, ocultação de cadáver e outros crimes relacionados ao caso. No entanto, uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o processo, sob o argumento de que os crimes estariam cobertos pela Lei da Anistia, de 1979. O ministro Teori Zavascki, relator do caso, faleceu em 2017, e, desde 2018, o processo aguarda uma decisão do ministro Alexandre de Moraes.

Quais são as indicações de 'Ainda Estou Aqui" no Oscar 2025?

O filme brasileiro "Ainda Estou Aqui" conquistou três indicações ao Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, para Fernanda Torres.

Essa é a primeira vez que uma produção brasileira é indicada à principal categoria do prêmio, Melhor Filme. Já a nomeação de Fernanda Torres como Melhor Atriz marca um momento histórico, repetindo o feito de sua mãe, Fernanda Montenegro, que concorreu ao Oscar em 1999 por Central do Brasil.

'Ainda Estou Aqui' tem chances no Oscar?

Desde “Central do Brasil”, também de Walter Salles, o Brasil não era indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Naquele ano (1999), Fernanda Montenegro também estava na disputa na categoria de Melhor Atriz. A estatueta mesmo, nem Walter, nem Fernanda levaram para casa. 

26 anos depois, "Ainda Estou Aqui" não só quebrou o jejum de "Central do Brasil", como marcou o começo de uma lista de ineditismos: foi indicado a Melhor Atriz, Melhor Filme Internacional e Melhor Filme, a maior categoria da premiação, em que a indústria cinematográfica brasileira nunca havia conquistado uma nomeação.

O novo filme de Walter Salles tem sido listado por críticos de todo o mundo como a principal aposta do ano para Melhor Filme Internacional, e Fernanda Torres é considerada favorita ao prêmio de Melhor Atriz, ao lado de Demi Moore.

O longa é uma coprodução entre Brasil e França, o primeiro original da Globoplay, com produção da VideoFilmes, RTFeatures e MactProdutions em parceria com a ARTE France e Conspiração. A distribuição será feita também pela Sony Pictures.

Além de 'Ainda Estou Aqui': os 10 filmes brasileiros indicados ao Oscar e onde assisti-los

Quando será o Oscar?

A cerimônia do Oscar 2025 acontece neste domingo, 2 de março.

Onde assistir ao Oscar de 2025?

A premiação completa será exibida na TV Globo, TNT e no streaming, pela Max. A EXAME acompanha a cerimônia ao vivo, com a presença de convidados, em transmissão no YouTube a partir das 19h30.

Que horas começa a cerimônia do Oscar de 2025?

O início da cerimônia está previsto para as 21h (horário de Brasília).

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