A Nasa também já divulgou a sonificação de um localizado no centro da galáxia M87 (Getty Images/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de agosto de 2022 às 16h23.
Última atualização em 24 de agosto de 2022 às 13h27.
Qual é o som do espaço? Para muita gente, o palpite seria "silêncio". Temos a percepção de que, por causa do vácuo, as ondas sonoras não podem se propagar na vasta imensidão do Universo. Mas, segundo a Nasa, agência espacial americana, que divulgou o som emitido por um buraco negro no último domingo, 21, a ideia é equivocada.
Isso porque, apesar do vácuo existir na maior parte do espaço, nem todos os lugares são dominados por ele. "Um aglomerado de galáxias tem tantos gases que conseguimos captar áudios", explicou a agência em post nas redes sociais que usou para a divulgação. Para soar desta forma, o áudio obtido foi amplificado e misturado a outros dados.
The misconception that there is no sound in space originates because most space is a ~vacuum, providing no way for sound waves to travel. A galaxy cluster has so much gas that we've picked up actual sound. Here it's amplified, and mixed with other data, to hear a black hole! pic.twitter.com/RobcZs7F9e
— NASA Exoplanets (@NASAExoplanets) August 21, 2022
Em resposta a um internauta, que perguntou se algum tipo de edição foi feita para dar ao som seu caráter "sinistro", a Nasa explicou que não foi feito nada com esse propósito. Mas, como o áudio precisou ser muito amplificado e alguns outros sons que o integram são interpretados a partir de dados atribuídos a um espectro de luz, esse é o resultado final.
O processo é chamado de sonificação, que consiste justamente em converter outros tipos de dados — neste caso, os astronômicos —, em áudio sem falas. "Um dos motivos para criarmos esse tipo de sonificação de dados é o nosso desejo de compartilhar essa ciência com mais pessoas", comentou a agência espacial.
Em 2003, as primeiras ondas sonoras foram detectadas em torno do buraco negro no aglomerado de galáxias Perseu pelo Observatório de raios X Chandra, um telescópio espacial. Os astrônomos descobriram que as ondas de pressão enviadas pelo buraco negro causavam ondulações no gás quente das galáxias, que poderiam ser traduzidas em uma nota inaudível para o ouvido humano.
Para transformar o áudio captado no buraco negro no som do vídeo de divulgação, as ondas sonoras foram ressintetizadas e aumentadas em 58 oitavas — o que significa que estão sendo ouvidas em uma frequência 144 quatrilhões e 288 quatrilhões mais alta que a original.
Além desse buraco negro, a Nasa também já divulgou a sonificação de um localizado no centro da galáxia M87. Ela conta com sons obtidos a partir de dados ópticos, de ondas de rádio e de raios X capturados por telescópios espaciais variados, como o Chandra, o Hubble e o Atacama Large Milimiter Array (Alma), no Chile.
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