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Por que Bill Gates não vai se juntar à corrida espacial

Diferentemente de bilionários como Elon Musk e Jeff Bezos, o co-fundador da Microsoft afirma ter outras prioridades -- na Terra mesmo

Nada de foguetes: bilionário fica com as atenções voltadas para prioridades locais. (NICHOLAS KAMM/AFP/Getty Images)

Nada de foguetes: bilionário fica com as atenções voltadas para prioridades locais. (NICHOLAS KAMM/AFP/Getty Images)

KS

Karina Souza

Publicado em 13 de dezembro de 2021 às 19h58.

Última atualização em 13 de dezembro de 2021 às 20h00.

Bill Gates não vai se juntar à corrida para dominar o espaço. Ao menos por enquanto. Em entrevista à CNN, o co-fundador da Microsoft afirmou que tem outras prioridades -- por aqui na Terra mesmo. A declaração vai contra a maré de bilionários competindo de forma cada vez mais acirrada pelo pioneirismo do turismo espacial: que o digam Jeff Bezos, Elon Musk e Richard Branson.

Mas afinal, por que Gates não quer investir nessa atividade? Nas palavras dele, problemas mais "elementares" consomem a atenção dele no momento.

"A corrida espacial, em grande parte, é um mercado comercial. Ter ótimas conexões de Internet em toda a África é uma coisa boa. Usar satélites de observação para ver o que está acontecendo com a agricultura e as mudanças climáticas. Isso não é totalmente motivado por filantropia. As pessoas ricas encontrarão maneiras de devolver sua riqueza à sociedade com alto impacto. Obviamente, elas têm habilidades. Não podem ou não deveriam querer consumir tudo sozinhas", afirmou Gates à CNN.

Para o bilionário, a erradicação da malária e da tuberculose são as prioridades do momento. Além disso, ele tem "o sonho" de erradicar completamente a poliomelite no próximo ano.

"Os investimentos em programas de malária ajudam a construir sistemas de saúde mais fortes que não apenas salvarão vidas e acabarão com a malária, mas também nos protegerão da próxima pandemia. E isso cria um mundo mais saudável e seguro para todos", afirmou Gates em um post no blog pessoal, GatesNotes.

Não custa lembrar que, em outubro deste ano, a Fundação Gates anunciou o investimento de US$ 120 milhões em um medicamento contra a covid-19. A quantia foi direcionada ao laboratório americano Merck Sharp & Dohme (MSD), que desenvolveu o molnupiravir, que reduz muito o risco de hospitalização e morte quando tomado nos primeiros dias de infecção.

Ainda de olho no aproveitamento de recursos na Terra, Gates também direciona sua atenção à sustentabilidade. Recentemente, ele anunciou o mais novo leite orgânico com pegada zero carbono, da marca Neutral, investida por ele. Além dessa empresa, Gates captou US$ 1 bilhão em 2021 com a ajuda de outros CEOs para financiar projetos sustentáveis.

A empresa trabalhou ao lado de pesquisadores para estudar a pegada de carbono dos laticínios, desde o fertilizante usado para cultivar a ração dos gados até o metano liberado em arrotos de vacas e no esterco, a energia usada na fazenda e os caminhões de entrega. Em seguida, a Neutral lançou uma parceria com produtores de leite, pagando por intervenções que, de outra maneira, os produtores não poderiam pagar. Embora algumas fábricas de laticínios já tenham tomado medidas significativas para reduzir suas pegadas de carbono, a maioria ainda tem muito espaço para mudanças.

Diante de todos esses esforços, se algum dos bilionários que mira a exploração espacial esperava contar com a concorrência de Gates, pode dormir sossegado. O bilionário está com a atenção voltada às prioridades locais.

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