Grand Canyon: entrada vai ficar mais cara para turistas ano que vem (Seth Logan / 500px/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 28 de novembro de 2025 às 10h12.
A partir de 2026, turistas internacionais que visitarem parques nacionais icônicos dos Estados Unidos, como Yellowstone, Grand Canyon, Yosemite e Zion, terão que pagar uma taxa extra de US$ 100 (aproximadamente R$ 540) por entrada.
A medida, anunciada pelo Departamento do Interior, é parte de uma política mais ampla que visa manter o acesso dos americanos mais acessível, ao mesmo tempo em que aumenta a cobrança para visitantes estrangeiros. Embora tenha sido projetada para reforçar a infraestrutura dos parques, que enfrenta sérias dificuldades devido ao orçamento reduzido, a nova tarifa tem gerado controvérsias entre empresários do setor e defensores ambientais.
Segundo Doug Burgum, secretário do Interior dos Estados Unidos, a cobrança extra será usada para restaurar e manter as áreas naturais em boa forma, enquanto garante que os cidadãos americanos, que já financiam os parques, continuem tendo acesso barato. “Essas políticas asseguram que os contribuintes americanos mantenham o acesso acessível, enquanto turistas internacionais contribuem para melhorar nossos parques”, disse Burgum.
Além da taxa de US$ 100, o governo também aumentará o valor do passe anual para estrangeiros, que passará a custar mais de US$ 250 (R$ 1.345).
O objetivo é direcionar esses recursos para a renovação e manutenção da infraestrutura de parques como o Yellowstone, que está deteriorada devido à falta de investimento. Estudos apontam que a nova tarifa pode gerar US$ 55 milhões (R$ 295 milhões) anuais só para Yellowstone, com o potencial de ultrapassar US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) em arrecadação anual em todo o país.
Para Brian Yablonski, do Property and Environment Research Center, a medida é uma forma sensata de garantir a sustentabilidade dos parques. "É um ajuste de bom senso, e essa contribuição dos turistas internacionais é vital para a conservação e para o bem-estar da infraestrutura", afirmou Yablonski.
Mas a política tem causado preocupação entre empresários do setor turístico. Mark Howser, proprietário do Whistling Swan Motel, localizado perto do Parque Nacional de Glacier, calcula que cerca de 15% de seus hóspedes são turistas internacionais. Ele vê a nova tarifa como um obstáculo para o turismo, que pode afastar o público estrangeiro.
“É uma forma clara de desencorajar as pessoas a virem aos parques”, disse Howser, destacando a importância dos turistas internacionais para os negócios locais.
Bryan Batchelder, operador de tours em Yellowstone, também expressa preocupações semelhantes. Cerca de 30% de seus clientes vêm do exterior, e ele teme que, apesar de ainda visitarem os Estados Unidos, esses turistas podem optar por não ir aos parques nacionais. "Eles ainda virão, mas será que escolherão os parques? Essa é a questão", questiona Batchelder.
A cobrança extra para turistas internacionais segue um modelo já adotado em outros países, como o Equador, onde visitantes estrangeiros pagam tarifas significativamente mais altas para acessar locais como as Ilhas Galápagos. Para os defensores da medida, esse modelo é uma maneira justa de garantir que os turistas internacionais, que não financiam diretamente os parques, contribuam para a sua preservação.
Além da tarifa, o governo dos EUA implementará um novo sistema de reservas e criará oito “dias patrióticos”, nos quais a entrada será gratuita, mas restrita a residentes americanos. A medida visa incentivar o turismo nacional, enquanto equilibra o impacto das tarifas sobre os turistas estrangeiros.
Em 2024, os parques nacionais dos EUA registraram um recorde de 331 milhões de visitas. O verão de 2026, quando a nova tarifa entrar em vigor, será o primeiro grande teste para medir o impacto da política sobre o fluxo de turistas internacionais.
A medida pode ajudar a melhorar a infraestrutura dos parques e garantir sua conservação, mas, ao mesmo tempo, levanta dúvidas sobre o impacto no turismo, uma fonte essencial de receita para muitas regiões.