P. Diddy: rapper responde por tráfico sexual e conspiração em caso que pode levar à prisão perpétua. (Samir Hussein/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 9 de maio de 2025 às 13h45.
Última atualização em 9 de maio de 2025 às 14h06.
O caso criminal envolvendo o rapper Sean John Combs, também conhecido como P.Diddy ou Puff Daddy é um dos julgamentos mais complexos do cenário jurídico midiático atual.
O rapper, empresário e magnata da música, de 55 anos, enfrenta acusações de tráfico sexual, conspiração para extorsão, transporte ilegal para fins de prostituição, obstrução da justiça, fraude e coerção, que abrangem um período de cerca de 20 anos, de 2004 a 2024.
O julgamento iniciou em 5 de maio de 2025, em Nova York, com a seleção do júri, que deve ser composto por 12 jurados titulares e seis suplentes. O processo, de alta complexidade, deve durar pelo menos oito semanas, com as alegações iniciais previstas para começar em 12 de maio. O rapper se declarou inocente de todas as acusações e rejeitou um acordo judicial que poderia reduzir sua pena.
Se condenado, P. Diddy pode ser sentenciado à prisão perpétua, dada a gravidade das acusações que incluem tráfico sexual e conspiração para cometer crime organizado — um conceito jurídico usado para combater organizações criminosas e que tem sido aplicado em casos de abuso sexual de grande repercussão, como o do cantor R. Kelly.
Segundo a Procuradoria, P. Diddy teria liderado uma rede criminosa que recrutava mulheres, muitas vezes jovens e menores de idade, usando sua influência na indústria musical para atraí-las com falsas promessas de oportunidades profissionais. Em vez disso, essas mulheres eram submetidas a abusos físicos e psicológicos, incluindo relações sexuais forçadas, uso compulsório de drogas, filmagens sem consentimento e ameaças, inclusive com armas de fogo.
O esquema teria sido sustentado por uma estrutura organizada, envolvendo assistentes pessoais, seguranças e parceiros de negócios, que ajudavam a silenciar as vítimas por meio de chantagens, violência e pagamentos.
O caso ganhou destaque especialmente por conta dos chamados “freak-offs” festas descritas pela acusação como “performances sexuais elaboradas”, nas quais as vítimas eram drogadas e forçadas a participar de atos sexuais, muitas vezes filmados sem seu consentimento. A promotoria descreve Combs como um “predador sexual violento” que usava drogas e álcool para subjugar suas vítimas e proteger sua reputação.
Além do processo criminal, Combs enfrenta mais de 60 ações civis movidas por vítimas que o acusam de agressão sexual e outras irregularidades.
O advogado Andrew Van Arsdale, que representa 37 dessas pessoas, afirmou à imprensa que há potencial para mais de 400 novas ações civis, que podem ser apresentadas após o julgamento criminal, principalmente porque as vítimas temem retaliações caso o rapper seja absolvido.
A seleção do júri tem sido um processo rigoroso, dada a intensa cobertura midiática e a notoriedade do acusado. Os jurados passam por questionários detalhados para garantir imparcialidade, incluindo perguntas sobre sua capacidade de ouvir depoimentos de artistas do hip-hop, trabalhadores sexuais e pessoas envolvidas com drogas, elementos centrais no caso.