Público em show da "The Eras Tour" no Allianz Parque em 2023. (Getty Images/Reprodução)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 18h40.
Com ingressos custando em média US$ 135,92 para as 100 maiores turnês de 2024 nos EUA, um aumento significativo em relação aos US$ 96,17 de 2019, os fãs de música começaram a criar uma nova expectativa: ver mais de um artista em um único show. As participações especiais, que já eram comuns em festivais como o Coachella, agora se espalharam para turnês individuais e se tornaram quase obrigatórias.
A expectativa é tanta que, nas redes sociais, seguidores compartilham listas de desejos sobre quais artistas gostariam de ver como convidados especiais em shows de seus ídolos. No Reddit, especulam sobre possíveis participações no show do Bad Bunny ou alertam uns aos outros para não criarem expectativas muito altas.
Olivia Rodrigo durante a GUTS Tour, marcada por participações especiais de astros do rock (Kevin Mazur/Getty Images/Getty Images)
Este ano, Olivia Rodrigo também viralizou com suas participações especiais nos shows dos veteranos do rock Weezer, no Lollapalooza de Chigago, e The Cure, no Glastonbury. Ela também chamou Chappell Roan para cantar "HOT TO GO!" em seu show da GUTS Tour em Los Angeles, garantindo outro momento que se tornou hit nas redes.
A estratégia mais comum é trazer colaboradores que já gravaram com o artista principal. A turnê de estádios da Shakira tem se beneficiado de uma sequência constante de convidados, incluindo Ozuna, cantor porto-riquenho conhecido por hits vibrantes, e Alejandro Sanz, estrela espanhola especialista em baladas emotivas. Como ambos já apareceram em canções da Shakira, fica claro para os fãs por que estão ali, e suas participações se encaixam facilmente no fluxo da apresentação.
Outra abordagem envolve trazer gigantes artísticos de gerações anteriores, como forma de prestar homenagem e conseguir maior credibilidade entre públicos de diferentes faixas etárias. Olivia Rodrigo faz uso frequente dessa estratégia, mas não é a única. O Earth, Wind & Fire apareceu durante o set de Sabrina Carpenter da última edição do Lollapalooza de Chicago. Juntos, eles para apresentaram "Let's Groove" e "September".
O fenômeno tem raízes claras no festival Coachella, criado em 1999, onde estrelas desenvolveram o hábito de orquestrar momentos impactantes que geram manchetes do tipo "você deveria ter estado lá". Rihanna se juntou a Calvin Harris no palco em 2012, Madonna apareceu com Drake em 2015, e o *NSYNC se reuniu com Ariana Grande em 2019.
Taylor Swift em turnê, uma das principais estrelas pop a trazer colaboradores ao palco (China News Service / Colaborador/Getty Images)
Outra precursora da febre de participações especiais foi Taylor Swift durante a The 1989 World Tour. Entre 2014 e 2015, os shows da turnê contavam com "pontinhas" em praticamente todas as edições. Charli XCX, Wiz Khalifa, Lorde, Hayley Williams e até mesmo Joan Baez integram a enorme lista de pessoas que Taylor levou ao palco. Hoje, há ainda mais incentivos para criar esses momentos, já que os shows ganham uma segunda vida nas plataformas de vídeos curtos.
A popularização das participações especiais reflete uma mudança mais ampla na indústria musical. Com os preços dos ingressos em uma crescente aparentemente imparável, a pressão sobre os artistas para oferecer experiências únicas e memoráveis nunca foi tão alta. Além disso, a receita das turnês se tornou mais importante para músicos do que das vendas de álbuns ou royalties de streaming. A soma desses fatores cria um ciclo onde a indústria de shows, sob influência do gigante Ticketmaster, se torna progressivamente mais expansiva e cara, tanto para os fãs, quanto para os artistas.