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Criadores são as novas startups de Hollywood, diz CEO do YouTube sobre as inovações na plataforma

Em entrevista, Neal Mohan, CEO do YouTube, revela os próximos passos para a evolução da maior plataforma de vídeos do mundo

Publicado em 25 de abril de 2025 às 18h25.

Última atualização em 25 de abril de 2025 às 18h47.

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San Bruno, Califórnia*: O YouTube, que começou modestamente em 2005, tornou-se uma das plataformas mais influentes da internet em 20 anos de história. Hoje, com mais de 2 bilhões de usuários ativos, a plataforma criou um novo ecossistema de trabalho para criadores de todo o mundo.

Para o CEO do YouTube, Neal Mohan, os influenciadores da plataforma são "a nova Hollywood". Em sua visão, os criadores hoje são como pequenas empresas dentro de um setor que redefine o entretenimento e a produção de conteúdo.

De vídeos feitos em quartos com câmeras improvisadas, hoje vemos estúdios de grande porte e equipes profissionais trabalhando em projetos elaborados. "Os criadores no YouTube não são apenas criadores de conteúdo. Eles são empreendedores digitais, construindo seus próprios impérios, assim como as grandes estrelas de Hollywood", disse Mohan em entrevista coletiva da qual EXAME participou.

Quando chegou ao Google, após a aquisição do YouTube em 2006, Mohan já tinha um olhar atento ao potencial da plataforma. "Desde o início, ficou claro que o YouTube estava criando algo realmente especial", relembrou o executivo.

Confira a entrevista completa:

Quais foram suas primeiras impressões sobre o YouTube quando você começou na empresa?

Neal Mohan: Minha história com o YouTube remonta quase ao início. Entrei no Google quando vendemos a empresa DoubleClick ao Google, há muitos anos.

Trabalhei com o YouTube antes mesmo de eu ou o YouTube fazermos parte do Google. Lembro de visitar a sede deles, em San Mateo, localizada acima de uma pizzaria — um verdadeiro espírito de startup.

Mesmo naquela fase inicial, era claro que eles estavam criando algo especial. As pessoas têm essa necessidade ancestral de compartilhar histórias, e o YouTube tocava exatamente nisso. Foi quando percebi que aquilo seria algo único — há quase 20 anos.

E como você definiria o YouTube hoje?

Neal Mohan: O YouTube é uma plataforma que tem seu próprio caminho. Não somos uma rede social nem uma emissora tradicional.

Somos um serviço de streaming onde qualquer pessoa pode assistir, criar e compartilhar vídeos. Isso inclui desde shorts de 15 segundos até transmissões ao vivo de 15 horas. É isso que fazemos há 20 anos — e continuaremos fazendo.

Desde o começo da plataforma, como evoluiu a figura do criador na plataforma?

Neal Mohan: É incrível observar essa transformação. Os primeiros criadores faziam vídeos nas suas casas, com câmeras em tripés improvisados.

Hoje, muitos têm estúdios próprios. Estive em Burbank, no estúdio de Alan Chicken Child, que tem 10.000 pés quadrados e uma equipe fixa.

Os criadores são, hoje, como startups da nova Hollywood. O YouTube conecta talentos criativos aos seus fãs, independentemente de onde estejam, e isso é o que nos diferencia.

Além disso, somos a maior economia de criadores do mundo. Criamos um ecossistema onde é possível construir audiência e também um negócio.

Mesmo com tantas plataformas disponíveis, por que os criadores continuam voltando ao YouTube?

Neal Mohan: Sempre ouço isso: "O YouTube é minha casa".

Os criadores sentem aqui uma conexão mais profunda com o público. O relacionamento com os fãs é mais duradouro, não é uma tendência passageira como nas redes sociais. Cerca de 2 bilhões de pessoas vêm ao YouTube para se conectar com seus criadores favoritos.

Isso torna o YouTube uma base, não só para o conteúdo, mas para os negócios construídos ao redor. O MrBeast, por exemplo, organiza seu trabalho em torno de cinco pilares e o primeiro deles é "YouTube em primeiro lugar". Tudo o que ele construiu começou aqui, e ele reconhece isso.

Como a inteligência artificial está moldando o futuro do YouTube?

Neal Mohan: A IA é uma ferramenta para liberar a criatividade humana. Usamos IA há mais de uma década, inclusive no nosso sistema de recomendação e nas políticas de segurança.

Agora temos ferramentas novas, como o DreamScreen — baseado em IA do Google DeepMind — que permite aos criadores transformar ideias em vídeos em questão de horas, em vez de meses.

E há também o áudio multitrilha, que permitirá que criadores publiquem seus vídeos em diversos idiomas, ampliando suas audiências globalmente.

Quais tendências globais devem dominar a plataforma nos próximos anos?

Neal Mohan: Primeiro, o YouTube é hoje o centro da cultura global, especialmente entre os jovens.

Segundo, estamos crescendo muito nas telas grandes, como as TVs. O YouTube está se tornando a nova televisão. Terceiro, os criadores são o novo ecossistema de startups da indústria criativa.

E por fim, a IA será um alicerce de crescimento, tanto para criadores quanto para espectadores.

Para você, qual inovação mais transformou a criatividade online nos 20 anos do YouTube?

Neal Mohan: Nossa missão é dar voz a todos e mostrar o mundo. O princípio de abertura do YouTube é o que realmente fez a diferença.

Se você tem algo a dizer, o YouTube é o lugar para isso — independentemente de onde você veio ou como você soa. A liberdade de expressão é nossa base.

Como proteger culturas de idiomas menos falados, como o português, frente ao crescimento global e à IA?

Neal Mohan: Ainda é cedo, mas não vejo a IA como ameaça a culturas menores.

O que esperamos é justamente o contrário: que criadores brasileiros, por exemplo, possam alcançar mais pessoas fora do país.

O importante é garantir traduções de qualidade em todas as direções. Ainda há muito trabalho pela frente.

Quais são as principais mudanças no modelo de negócios que você antecipa para os próximos anos?

Neal Mohan: A publicidade ainda é o principal motor da nossa receita — e dos criadores também. Mas nossas assinaturas, como o YouTube Premium, cresceram muito e oferecem escolha ao consumidor.

Também vemos grande potencial no comércio via YouTube, com parcerias como a da Flipkart na Índia. São novas formas de monetização que beneficiam todas as partes: plataforma, criadores e usuários.

*A repórter viajou para os Estados Unidos a convite do Google

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