Tylenol: novo documentário explora assassinatos causados pelo remédio (Jim Preston / Colaborador/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 27 de maio de 2025 às 08h35.
Em setembro e outubro de 1982, a região metropolitana de Chicago, nos Estados Unidos, foi abalada por uma série de envenenamentos que causaram a morte de sete pessoas.
A tragédia ficou conhecida como os Assassinatos com Tylenol, nome derivado do medicamento adulterado que provocou as fatalidades. O caso marcou a história da indústria farmacêutica e do consumo no país, gerando mudanças profundas em protocolos de segurança e legislação.
Sete pessoas perderam a vida após ingerirem cápsulas de Tylenol Extra Forte contaminadas com cianeto de potássio, um veneno altamente tóxico.
Entre as vítimas estavam Mary Kellerman, uma criança de apenas 12 anos, e membros da família Janus — Adam, Stanley e Theresa. Também morreram Mary McFarland, Paula Prince e Mary Lynn Reiner. Todos consumiram o medicamento adquirido em farmácias e supermercados locais.
Investigações mostraram que o veneno não foi inserido durante a fabricação do produto, mas sim depois, quando as embalagens já estavam lacradas.
As cápsulas foram violadas, adulteradas com cianeto e recolocadas nas prateleiras, enganando os consumidores. O consumo de uma única cápsula contaminada era suficiente para causar a morte em poucos minutos.
O impacto do crime foi imediato e gerou pânico nacional. A Johnson & Johnson, fabricante do Tylenol, ordenou o recolhimento voluntário de aproximadamente 31 milhões de frascos em todo o país, causando um enorme prejuízo financeiro e uma crise de confiança no mercado de medicamentos vendidos sem receita.
O caso ganhou ampla cobertura da mídia, tornando-se um dos eventos mais midiáticos dos EUA desde o assassinato do presidente John F. Kennedy. Agora, virou série na Netflix, intitulada "Caso Arquivado: Os Assassinatos do Tylenol".
O principal suspeito foi James William Lewis, que enviou uma carta à Johnson & Johnson exigindo US$ 1 milhão para interromper o envenenamento. Lewis foi preso e condenado por extorsão, mas nunca foi formalmente acusado pelos assassinatos. Ele morreu em 2023 sem admitir envolvimento no caso.
Outro suspeito foi um funcionário de um depósito de Tylenol com conhecimento químico, mas a polícia não reuniu provas suficientes para responsabilizá-lo.
Até hoje, o mistério sobre quem foi o responsável e o motivo do crime permanece sem solução, mantendo o caso como um dos maiores enigmas criminais dos Estados Unidos.
Os Assassinatos com Tylenol tiveram um impacto duradouro na segurança dos medicamentos e na legislação de proteção ao consumidor. Entre as principais consequências estão:
A implementação obrigatória de embalagens lacradas e invioláveis para medicamentos vendidos sem prescrição;
A criação da Lei Federal Anti-Adulteração (Federal Anti-Tampering Act), que fortaleceu as normas de segurança para produtos de consumo;
A conscientização sobre a importância da proteção contra adulterações e a criação de protocolos para crises corporativas.