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Oppenheimer: quem foi o cientista que criou a bomba atômica?

Oppenheimer ficou marcado na história por sua contribuição no Projeto Manhattan, precursor da bomba atômica detonada em Hiroshima e Nagazzaki no ano de 1945; conheça a personalidade que inspirou o filme

Oppenheimer: cientista foi conhecido como "pai da bomba atômica" (ullstein bild/Getty Images)

Oppenheimer: cientista foi conhecido como "pai da bomba atômica" (ullstein bild/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter da Home

Publicado em 20 de julho de 2023 às 15h13.

Última atualização em 20 de julho de 2023 às 15h24.

Julius Robert Oppenheimer é conhecido como um dos principais cientistas do século XX. Mesmo assim, seu nome tem despertado interesse pelo filme “Oppenheimer”, de Christopher Nolan. A história retrata o desenvolvimento do Projeto Manhattan, o berço da bomba atômica, que resultou na morte de mais de 110 mil pessoas em Hiroshima e Nagazaki no ano de 1945.

A Exame já assistiu ao "Oppenheimer", leia a crítica e saiba o que esperar da produção.

Diante da ameaça nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, o físico liderou uma equipe de cientistas para a produção de uma arma poderosa para mudar o curso do conflito. Após o teste da primeira bomba nuclear, em 16 de julho de 1945, o norte-americano se tornou mundialmente conhecido como o “pai da bomba atômica”.

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Quem foi Oppenheimer?

J. Robert Oppenheimer nasceu em 22 de abril de 1904, em uma abastada família de origem judia e alemã de Nova York, nos Estados Unidos.

Ele se formou em química na Universidade de Harvard, em 1925. Dois anos depois, concluiu seu doutorado em física pela Universidade de Göttingen, na Alemanha. Segundo relatos, Oppenheimer era tão apaixonado pelo assunto que fazia confusão nas aulas, por contestar frequentemente os professores e colegas.

Antes da Segunda Guerra, o norte-americano trabalhou na Universidade da Califórnia em Berkeley e no Instituto de Tecnologia da Califórnia. Ele passou a se dedicar aos campos da astronomia teórica, física nuclear e teoria quântica.

Oppenheimer também tinha grande interesse por política e demonstrava apoio a ideias progressistas, voltadas à esquerda, além de preocupações com avanços do fascismo e do antissemitismo no início do século. Sua companheira, Katherine Puening (“Kitty”), tinha proximidade com membros do Partido Comunista — e Oppenheimer foi marcado, por muitos anos, como simpatizante do comunismo por tais aproximações.

Oppenheimer na Guerra

Quando os Estados Unidos entraram oficialmente na Segunda Guerra Mundial, em 1941, Oppenheimer foi recrutado para trabalhar no Projeto Manhattan, em razão de seus conhecimentos sobre física quântica e mecânica para a criação de uma nova arma, capaz de dar fim ao conflito.

Em 1943, ele se tornou diretor do Laboratório Nacional de Los Alamos, uma cidade construída para o projeto no Novo México, e montou sua equipe de pesquisa a partir de especialistas e alguns de seus alunos. Com o passar do tempo, a ínfima equipe se transformou em um aglomerado de cerca de 6 mil profissionais, diante de um projeto que se mostrava cada vez mais complexo para a criação da primera armas atômica, feita com núcleo de urânio.

Em 16 de julho de 1945, foi realizado o primeiro teste nuclear, chamado Teste Trinity, que consistiu na detonação da primeira bomba atômica no deserto de Jornada del Muerto. O experimento foi bem sucedido, e o governo norte-americano satisfeito com os esforços e Oppenheimer, agora ainda mais respeitado no mundo científico.

Oppenheimer e sua equipe do Projeto Manhattan, em Los Alamos (EUA)

Oppenheimer e sua equipe do Projeto Manhattan, em Los Alamos (EUA) (Bettmann/Getty Images)

De acordo com dossiês e reportagens daquele período, Oppenheimer recordou o momento do teste e disse que “algumas pessoas riram, outras choraram, mas a maioria ficou em silêncio”. No entanto, o cientista afirmou que o mundo não seria mais o mesmo.

A princípio, o governo norte-americano considerou usar as bombas atômicas contra a Alemanha durante a guerra, no entanto, o então presidente Harry Truman decidiu usá-las contra o Japão, principal aliado de Hitler fora da Europa, que mostrava resistência para se render ao final da Guerra.

Arrependimento

Após o lançamento das bombas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945, Oppenheimer relatou aos seus colegas a sensação de “ter sangue nas mãos”. Ele confrontou autoridades, como o presidente Truman e o secretário de guerra, Henry Stimson, e exigiu o desuso das armas nucleares.

Em contrapartida, Truman menosprezou as declarações de Oppenheimer e o responsabilizou sobre as consequências das detonações, por ter atuado como comandante-chefe do projeto.

Oppenheimer passou, então, a apoiar movimentos que reivindicavam maior controle sobre a corrida armamentista nuclear, especialmente durante a Guerra Fria. Depois da Guerra, estabeleceu-se em Princeton, no estado de Nova Jersey (EUA), e voltou a se dedicar à área acadêmica, principalmente em estudos sobre a relação entre a ciência e a humanidade.

Em 1952, ele teve sua autorização de segurança suspensa, após protestos contra o primeiro teste da bomba de hidrogênio. Além disso, as investigações contra Oppenheimer expuseram suas relações com comunistas e resultaram na destruição de sua reputação.

O físico morreu em 1967, devido a um câncer na garganta, mas só foi inocentado de todas as acusações em dezembro de 2022.

Relacionamento com a esposa

Para além do campo político e científico, Oppenheimer foi casado com Katherine Puening (“Kitty”), bióloga e botânica, que já havia se casado três vezes. Eles se conheceram quando Kitty ainda estava em um relacionamento com o médico britânico Richard Harrison. Após se apaixonar pelo cientista, ela se divorciou e oficializou a união com Oppenheimer, em novembro de 1940.

Depois que Oppenheimer foi chamado para dirigir o Projeto Manhattan em Los Alamos, Kitty o acompanhou até o Novo México e trabalhou brevemente como técnica de laboratório, mas desistiu após um ano. Ela sentiu que sua vida profissional estava estagnada naquele local e voltou esforços para convivência na cidade. Costumava oferecer coquetéis para pequenos grupos de mulheres por lá, para fornecer uma distração do ambiente.

Kitty também foi apontada como confidente importante do marido, e teve um papel importante em seu julgamento, depois da explosão das duas bombas no Japão, para o comitê de segurança dos Estados Unidos.

O casal teve dois filhos, chamados Peter e Toni. Toni, a filha mais nova, nasceu em Los Alamos, em um hospital de sete quartos que foi apelidado de 'RFD', para 'parto rural gratuito', devido ao alto número de partos ocorridos nos primeiros anos do Projeto.

Após a guerra, ela e o marido foram julgados em uma audiência de segurança. No caso de Kitty, as autoridades a questionaram por ser simpatizante do comunismo. Em sua defesa, a bióloga ressaltou que sempre foi leal aos Estados Unidos.

Ela morreu em 1972, cinco anos após o marido, durante uma viagem de volta ao mundo, acompanhada de um amigo da família. Kitty havia sofrido de embolia pulmonar enquanto visitava a Cidade do Panamá.

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