Veja os erros históricos de Oppenheimer (Universal Studios/ Oppenheimer/Divulgação)
Repórter de POP
Publicado em 27 de julho de 2023 às 12h18.
O mais novo filme de Christopher Nolan, "Oppenheimer", marcou a indústria por apresentar uma nova forma de trabalhar uma biografia no cinema. O longa conta a história de J. Robert Oppenheimer, físico responsável pela direção do Projeto Manhattam e considerado o 'pai' da primeira bomba atômica.
A Exame já assistiu a "Oppenheimer", leia a crítica e saiba o que esperar da produção.
O filme está em cartaz nos cinemas desde a última semana e está enchendo as salas. Foram US$ 174 milhões arrecadados de bilheteria mundial no primeiro dia da estreia, sendo R$ 13 milhões só no Brasil.
Mas apesar de um elenco e direção impecáveis, aclamação da crítica e possíveis especulações de como o longa-metragem pode ser indicado a várias categorias do Oscar, nem mesmo um filme de Nolan conseguiu sair ileso dos famosos erros históricos.
Abaixo, listamos os erros e adaptações incoerentes com a história que aparecem no filme. Atenção: o texto abaixo contém spoilers do filme "Oppenheimer".
Reproduzir filmes de épocas antigas pode ser mais difícil do que o esperado, sobretudo porque as cenas exigem uma atenção especial e cuidadosa para figurinos, cenário e demais visuais.
Em "Oppenheimer", por exemplo, na cena que marca o discurso do físico após a explosão da bomba de Hiroshima e Nagazaki, há um erro nas bandeiras dos Estados Unidos presentes nas tomadas.
Por lá, aparece a bandeira tradicional dos EUA, composta por 50 estrelas — cada uma representando um estado. No entanto, em 1945, o país tinha somente 48 estados. Havaí e Alaska só foram integrados em 1959. Ou seja: a bandeira teria que ter somente 48 estrelas.
Uma coisa que precisa ser dita é que "Oppenheimer" é uma adaptação da biografia "American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer" (Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometheu americano), de Kai Bird e Martin Sherwin, publicada em 2006 e vencedora do Prêmio Pulitzer. Assim, é comum que alguns trechos do livro sejam deixados de lado no filme, ou levemente mudados.
Uma dessas mudanças está relacionada à relação entre Eintein e Oppenheimer, retratada no filme. Na primeira metade do longa, o personagem de Cilian Murphy recorre ao brilhante cientista para mostrar os cálculos de Robert Teller (Benny Safdie) sobre a possível reação em cadeia após a explosão da bomba atômica — teoria na qual haveria uma chance de que a explosão nunca cessasse e atingisse a atmosfera, causando a destruição do planeta.
A teoria e os cálculos de Teller são, sem dúvidas, verdadeiros. No entanto, a conversa com Einsten não aconteceu: na vida real, Oppenheimer buscou a opinião de Arthur Compton, responsável por checar cálculos com Hans Bethe e determinar a então chance “próxima de zero”, retratada no filme.
Outro ponto de atenção do filme está relacionado ao "julgamento" de Lewis Stauss (Robert Downey Jr.). Na última parte do filme, o cientista David Hill (Rami Malek) aparece na sala e testemunha contra Strauss, revelando que não somente a maioria da comunidade científica preferiria que ele ficasse inteiramente fora da administração pública dos EUA, como também relevando o plano de vingança de Strauss contra Oppenheimer.
Na vida real, Hill de fato declarou a insatisfação da comunidade científica da época contra Strauss. Mas foi David Inglis, na época chefe da Federação de Cientistas Americanos, quem testemunhou sobre a vingança contra Oppenheimer.
A biografia "American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer (Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometheu americano) de fato comenta a aspiração que o físico teve de prejudicar seu professor na Universidade de Cambrigde, Patrick Blackett, após tentar envenená-lo com alguma substância tóxica.
Mas a cena mostrada no filme, com cianureto (que pode matar), não foi bem assim. Na vida real, a substância que Oppenheimer colocou na maçã era mais leve e tinha intenção somente de causar um mal-estar. E sem dúvidas, o cientista Niels Bohr sequer esteve presente na sala naquele dia, e nunca correu risco de vida — ao menos não pelas mãos de Oppenheimer.
"Oppenheimer" recebeu classificação indicativa para maiores de 18 anos no Brasil.