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Onde assistir a 'O Iluminado', com Shelley Duvall? Conheça a história sombria por trás do filme

O longa é baseado no livro de mesmo nome do autor Stephen King, reconhecido no mercado literário como "mestre do terror"

O Iluminado: conheça a história dos bastidores ( Warner Brothers/Getty Images)

O Iluminado: conheça a história dos bastidores ( Warner Brothers/Getty Images)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 11 de julho de 2024 às 17h06.

Última atualização em 11 de julho de 2024 às 17h15.

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Nesta quinta-feira, 11, o mundo perdeu a atriz Shelley Duvall que morreu nesta quarta-feira, 10, aos 75 anos, por complicações de diabetes. A artista é reconhecida sobretudo por seu trabalho em "O Iluminado" (1980), de Stanley Kubrick, considerado até hoje um dos maiores clássicos do cinema de terror de todos os tempos. 

Shelley Duvall, atriz de 'O Iluminado', morre aos 75 anos

O filme é baseado no livro de mesmo nome do autor Stephen King, reconhecido no mercado literário como "mestre do terror". Além de Shelley, que interpreta Wendy Torrance, o elenco conta com Jack Nicholson (Jack Torrance), Danny Lloyd (Danny Torrance) e Louise e Lisa Burns, as gêmeas. O filme está disponível hoje nas plataformas da Max, Prime Vídeo e Apple TV.

Mesmo reconhecido pelos estudiosos da área e crítica especializada, no entanto, o filme nunca recebeu nenhuma indicação Oscar. Mas é cercado de outras polêmicas de Hollywood, tanto na produção do roteiro quanto nos bastidores das gravações. A própria Duvall já deu declarações sobre o processo de gravação, que se tornou um verdadeiro tormento para parte dos atores.

Abaixo, a EXAME POP separou quatro polêmicas que envolvem "O Iluminado". Veja abaixo:

Stephen King não gosta do filme até hoje

Na época em que Kubrick pensou em fazer o filme, Stephen King — autor da obra original — tinha expectativas tão grandes com a ideia de ter um de seus livros adaptados para o cinema por um de seus diretores favoritos que chegou a escrever um roteiro para ele. Quando o longa finalmente estreou, no entanto, o resultado foi decepcionante para o "mestre do terror". 

Em entrevista a diversos portais internacionais na década de 1980, King disse que ficou desapontado com a escolha do roteiro porque, na visão dele, Kubric não havia capturado a essência da história. Além disso, ele foi bastante crítico quanto a atuação de Jack Nicholson. “O último grande papel de Nicholson foi em ‘Um Estranho no Ninho’", disse ele à Playboy, em 1983. "Quando o Jack iniciou o filme com seu ‘sorriso maníaco’, o público o identificou como um maluco automaticamente. Mas o livro é sobre uma descida gradual do personagem à loucura, através da influência maligna. Se a história já começa com um louco, toda a tragédia de sua queda é desperdiçada”.

O longa também tem diferenças bem grandes do material base, em especial no final do enredo, o que deixou o "mestre do terror" ainda mais decepcionado. Isso se soma ao fato de que, quando soube que teria seu livro adaptado para o cinema, King chegou a enviar um roteiro para Kubrick, que foi descartado por ter "texto fraco", nas palavras do diretor.

A principal inspiração para o roteiro de "O Iluminado", segundo Kubrick, foi a série de TV "Omnibus", um drama sobre jogadores de poker, que foi ao ar entre 1952 e 1961. A desorientação psicológica que aparece no seriado foi algo que o diretor usou ativamente para justificar o final do filme. Depois de recusar a texto de King, o cineasta chamou Diane Johnson para trabalhar no roteiro, que foi produzido ao longo de onze semanas.

Shelley Duvall e as cenas regravadas

A escolha do elenco dos filmes de Kubrick sempre foram muito bem justificadas pelo cineasta. Detalhista, ele é conhecido por colocar seus atores à prova na hora das gravações — e isso, por vezes, costuma passar dos limites.

No fim dos anos 1980, Shelley Duvall encarou o desafio de trabalhar com Kubric emk "O Iluminado", no papel da perturbada Wendy Torrance. Entre os outros atores escalados, Duvall foi uma das que mais regravou cenas durante a produção do filme, para que atingissem a "perfeição" que o cineasta esperava, além de ambientá-la em uma esfera de medo constante. À revista People, em 1981, ela afirmou que foi obrigada a gravar a famosa cena com o bastão de basebol 127 vezes — e entrou para o Guiness Book, na época, como a cena com maior quantidade de repetições.

"Ele queria que eu ficasse chorando diante da câmera por 12 horas todos os dias. Se você quer sentir dor e chamar isso de arte, vá em frente, mas comigo não", desabafou ela na entrevista. Em conversa com David Hughes, ela confirmou que as gravações a deixaram com a saúde debilitada. "De maio a outubro, eu estava realmente com problemas de saúde porque o estresse do papel era muito grande. Stanley me empurrou e me cutucou ainda mais do que nunca. É o papel mais difícil que já tive".

A famosa cena da porta foi gravada com o uso de armas reais, sem objetos cenográficos, ao longo de três dias. Kubrick teria orientado a equipe a não manter contato visual com a atriz, trocando o mínimo de palavras possíveis. O objetivo era fazer com que Duvall ficasse de fato aterrorizada e imprimisse seu medo na atuação. Claro, nada disso foi avisado a ela com antecedência.

Números dos bastidores

Outro fato curioso sobre a busca pela perfeição de Kubrick fica impresso nos números usados nos bastidores. Só para a cena do machado, feita por Jack Nichoelson, foram usadas mais de 60 portas. E o bordão de Jack, "Aqui está o Johnny!" também foi fruto de uma improvisação, inspirado em Ed MacMahon, do programa "The Tonight Show - Starring Johnny Carson".

Além do elevado número de portas, o filme também fez uso de mais de 900 toneladas de sal e farelos de isopor para a gravação da cena do labirinto na neve, no qual Jack persegue Danny. Membros da equipe de produção de cenário já revelaram, em entrevistas, que em alguns locais havia sal o suficiente para cobrir 30cm de profundidade.

O set pegou fogo — e Kubrick riu disso

Por fim, um fato bizarro sobre as gravações de "O Iluminado" é que, ao final das gravações, o set no qual o filme foi gravado, nos estúdios Elstree, em Borehamwood, na Inglaterra, pegou fogo. Nunca houve um motivo confirmado para o incêndio, mas os bombeiros tinham a teoria de que as luzes artificiais usadas para emular o Sol poderiam ter colocado fogo nos itens do cenário.

Quando soube do incêndio e foi visitar o local, Kubrick teve uma crise de risos. O motivo foi que o cineasta achou o acontecimento uma grande ironia, posto que, na obra de Stephen King, o hotel realmente explode. O prejuízo do acidente foi de U$ 2,5 milhões.

Em abril de 2024, por coincidência ou não, o Hotel Timberline Lodge, no qual o filme foi inspirado, também foi vítima de um incêndio. As chamas tomaram o telhado e o sótão, mas foram logo contidas pelos bombeiros. Nenhum ferido foi registrado.

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