Repórter
Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 12h22.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2025 às 16h17.
Belle Gibson era uma influenciadora de sucesso no início da década de 2010, quando despontou na internet afirmando que havia se curado de um câncer terminal por meio de alimentação e terapias naturais. Mas investigações jornalísticas revelaram que tudo não passava de uma farsa.
Gibson, então, protagonizou um dos mais emblemáticos casos de desinformação e mentiras nas redes sociais, quando sua história, que parecia inspiradora, desmoronou em 2015.
A influenciadora conquistou uma enorme base de seguidores ao compartilhar sua rotina de bem-estar e nutrição, propagando a ideia de que tratamentos alternativos poderiam substituir a medicina convencional.
Gibson ainda lançou um aplicativo de estilo de vida chamado "The Whole Pantry", além de publicar um livro de receitas que se tornou um best-seller. A influenciadora ainda alegou que parte dos lucros das vendas seria doada para instituições de caridade — outra mentira.
A história começou a ruir quando jornalistas investigativos descobriram que Gibson nunca teve câncer. Após ser confrontada, a influenciadora admitiu ter mentido sobre sua condição médica. Também descobriu-se que as supostas doações que ela dizia realizar para entidades beneficentes nunca foram feitas.
Essa descoberta gerou grande revolta entre seus seguidores e a comunidade médica. Pacientes reais que buscavam esperança em suas palavras se sentiram enganados, e o episódio levantou questões sobre os perigos da desinformação na saúde e o papel das redes sociais na propagação de falsas promessas de cura.
Em 2017, Belle Gibson foi condenada pela Justiça australiana a pagar 410.000 dólares australianos (aproximadamente R$ 1 milhão de reais) por práticas enganosas e fraudulentas.
No entanto, até o início de 2025, a dívida já ultrapassava meio milhão de dólares australianos devido a juros e taxas adicionais, e Gibson ainda não havia quitado o valor.
O governo australiano realizou buscas em sua residência em Melbourne em 2020 e 2021, com o objetivo de apreender bens para cobrir a multa pendente. A primeira operação ocorreu em janeiro de 2020, conduzida pelo Escritório do Xerife de Victoria, e a segunda, em maio de 2021. Ambas as investidas tiveram pouco sucesso na recuperação do valor devido.
Apesar de alegar dificuldades financeiras em tribunal em 2019, quando afirmou ser incapaz de pagar as multas, Gibson foi flagrada gastando mais de 90.000 dólares australianos entre 2017 e 2019 em itens como roupas, cosméticos e viagens.
Em 2020, em uma tentativa de afastar-se da polêmica, Gibson apareceu em um vídeo nas redes sociais afirmando ter sido "adotada" pela comunidade etíope Oromo em Melbourne. Usando um lenço na cabeça, ela se apresentou como "Sabontu", mas líderes da comunidade rapidamente desmentiram qualquer vínculo com ela.
Em sua vida pessoal, em novembro de 2023, foi divulgado que Gibson havia se separado de seu parceiro de longa data, Clive Rothwell. Por anos, Rothwell teria bancado o aluguel, as contas e as despesas legais da influenciadora após o escândalo.
Apesar da penalidade financeira, Gibson nunca enfrentou acusações criminais e permanece em liberdade, e evita aparições públicas, enquanto as autoridades continuam tentando recuperar a multa não paga.
Seu irmão, Nick Gibson, declarou em 2024 que acredita que ela deveria enfrentar punições mais severas, incluindo tempo na prisão.
A história da influenciadora foi recentemente adaptada na série da Netflix "Vinagre de Maçã", estrelada por Kaitlyn Dever.