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O mistério de Trump não responder às sátiras de South Park

Com audiência recorde e contratos milionários, South Park virou um alvo que Trump prefere não amplificar

South Park: estratégia política, audiência recorde e impacto comercial explicam por que o presidente evita responder às provocações da série (Divulgação)

South Park: estratégia política, audiência recorde e impacto comercial explicam por que o presidente evita responder às provocações da série (Divulgação)

Publicado em 28 de novembro de 2025 às 00h44.

Apesar de críticas recorrentes a adversários políticos, veículos de imprensa e programas de TV, o presidente Donald Trump mantém silêncio consistente diante das representações de seu governo em South Park. A nova temporada da série intensificou a abordagem satírica, com episódios que retratam o presidente em situações extremas, desde delírios no deserto até enredos envolvendo o nascimento do Anticristo. Mesmo assim, nenhuma reação pública foi registrada.

O comportamento contrasta com a postura habitual do presidente, que historicamente respondeu a artistas, marcas e programas com ataques diretos nas redes sociais. Durante o primeiro mandato, South Park chegou a usar o personagem Sr. Garrison como alter ego de Trump, sem provocar manifestações do presidente.

Audiência e estratégia

De acordo com informações do The Hollywood Reporter, uma das interpretações para o silêncio é apresentada pelo comediante Patton Oswalt, que sugeriu em entrevista ao podcast The Last Laugh que audiência e receita influenciam o cálculo político de Trump.

Segundo ele, South Park combina forte alcance, retorno financeiro significativo e um contrato de produção que garante aos criadores Trey Parker e Matt Stone pagamentos anuais de US$ 250 milhões, além de participação nos direitos de streaming. A magnitude comercial tornaria a série um alvo menos atrativo para ataques.

Os argumentos convergem com declarações prévias do próprio Trump, que considera índices de audiência um parâmetro central de relevância pública. Em campanhas e discursos, o presidente frequentemente citou dados de TV para dimensionar a força de aliados e rivais.

Programas como os de Jimmy Kimmel e Stephen Colbert foram alvos após queda de audiência ou cancelamentos, e a crítica sempre partiu da premissa de desempenho. South Park, no entanto, registrou recordes recentes: o episódio de estreia da 27ª temporada alcançou 5,9 milhões de espectadores em três dias no Comedy Central e no Paramount+, o melhor resultado desde 1999, e o segundo episódio aumentou ainda mais o alcance, superando 6,2 milhões de visualizações, de acordo com o site.

A avaliação estratégica também pesa. Um ataque presidencial tende a ampliar a circulação de conteúdos satíricos, impulsionando sua audiência e reforçando o impacto da crítica. Programas de comédia frequentemente transformam respostas presidenciais em reforço de relevância cultural.

Isso ocorreu com esquetes de Saturday Night Live, monólogos de Jimmy Kimmel, declarações de John Oliver e críticas musicais de Eminem. Para Trump, reagir a South Park poderia potencializar um conteúdo que ele não controla e cuja audiência já é elevada.

Ao mesmo tempo, Parker e Stone produzem a série com prazos curtos, o que permite reagir quase em tempo real a eventos políticos. Um confronto direto abriria espaço para novas sátiras em sequência, alimentando ciclos que poderiam se prolongar por semanas, segundo o Hollywood Reporter.

A equipe do presidente parece avaliar que a ausência de resposta limita o potencial de ressonância desses episódios.

Há precedentes que reforçam o padrão. Trump também evitou respostas públicas a críticas feitas por Os Simpsons, programa igualmente consolidado na cultura americana. A lógica seria a mesma: confrontar produções de grande audiência não gera ganhos políticos diretos e pode ampliar a visibilidade do conteúdo criticado.

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