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Na Austrália, abraçar coalas pode ser proibido. Entenda por quê

Celebrações e turistas adoram abraçar coalas, mas a prática enfrenta crescente oposição de defensores dos direitos dos animais.

Pessoas abraçando coalas é uma das fotos mais populares de quem vai para a Austrália (DAVID GRAY/Getty Images)

Pessoas abraçando coalas é uma das fotos mais populares de quem vai para a Austrália (DAVID GRAY/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 4 de julho de 2024 às 09h41.

A ida para a Austrália tem na lista de itens fotos com animais, incluindo os coalas. Porém, o que antes era uma parada turística tem causado dor de cabeça para quem trabalha no Lone Pine Koala Sanctuary, em Brisbane, Queensland. O primeiro santuário de coalas do mundo, inaugurado em 1927, não permitirá mais fotos segurando os animais. As informações são do The Guardian.

A decisão do Lone Pine Koala Sanctuary foi motivada por preocupações com o bem-estar dos coalas. A World Animal Protection, organização de bem-estar animal com sede em Londres, argumenta que abraçar coalas é uma prática cruel e que os animais sofrem com o estresse causado pela interação constante com humanos.

Estudos demonstram que coalas são animais noturnos que dormem cerca de 20 horas por dia. O contato com visitantes os mantém acordados por mais tempo, causando estresse e prejudicando seu descanso. Além disso, a manipulação frequente pode levar a problemas de saúde, como doenças e lesões.

Regra muda por estado

A legalidade de abraçar coalas varia de estado para estado australiano. Apenas em Queensland e Austrália do Sul é permitido segurar e suportar fisicamente o peso de um coala, como se estivesse abraçando um bebê humano. Em Nova Gales do Sul, por exemplo, é permitido apenas acariciar ou abraçar superficialmente um coala enquanto ele permanece em um poleiro fixo.

Em Queensland, a situação é diferente. A "manipulação corpo a corpo" – transferir diretamente um coala do cuidador para o público – é permitida por lei estadual. No entanto, há regulamentações rigorosas, principalmente para os cuidadores humanos. Os coalas não podem ser usados para fotografia mais de três dias seguidos sem um dia de descanso, e só podem "trabalhar" 30 minutos por dia, totalizando 180 minutos por semana. Coalas fêmeas com filhotes não podem ser usadas para fins turísticos, e geralmente, os coalas não podem ser capturados da natureza, apenas de populações já existentes em cativeiro.

Estresse nos coalas

A World Animal Protection, uma organização de bem-estar animal com sede em Londres, afirma que abraçar coalas é uma prática cruel e está pedindo ao governo de Queensland uma proibição total. A organização argumenta que estudos mostram que os coalas são prejudicados pela presença de visitantes, pois são mantidos acordados por mais tempo do que estariam na natureza, onde costumam dormir cerca de 20 horas por dia. Em meia hora, um coala pode passar pelos braços de até 20 pessoas diferentes, o que causa estresse ao animal.

A organização defende regulamentações mais rígidas sobre o uso de animais em cativeiro para entretenimento, incluindo a proibição total da reprodução, exceto para fins genuínos de conservação. Eles querem que todos os locais acabem com ofertas que envolvem a manipulação de animais selvagens ou a proximidade humana de uma maneira que possa causar sofrimento aos animais.

Um porta-voz do premier de Queensland, Steven Miles, afirmou que não há intenção de mudar a lei. Ele brincou que, como ministro do meio ambiente, costumava dizer que os coalas tinham o melhor sindicato, pois ‘conseguiam tudo o que desejavam’.

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